sábado, 18 de dezembro de 2010

A Crítica e o Entretenimento do Rappa por Bárbara Cova

"Mais de uma década depois de ter sido eleito vocalista
do conjunto O Rappa, Falcão é hoje uma voz marcante do
pop-rock nacional, talvez a principal delas. A banda
junta multidões em seus shows e acredita que é possível
vender muito sem descuidar da qualidade. O segredo está nas
letras vigorosas - a maioria de cunho social -, na batida
energética e, principalmente, na performance do cantor no palco.
A garotada, agora, segue O Rappa quase como uma religião,
encampando os projetos sociais do grupo e vendo Falcão como
uma espécie de guru."
(Revista Época - Marcelo Falcão é o cara)

O Rappa, como sendo produto musical, pode representar uma forma de consumo e entretenimento dentro do universo das idéias de Gabler. Como informa o artigo a respeito do sucesso da banda, o Rappa devido a sua popularidade, também poderia servir como um objeto da nossa cultura de massa. Quando sua música é divulgada através das mídias, o impacto pode ao mesmo tempo representar valores que a sociedade já agrega a sua cultura, como também de outra forma, influenciar na escolha ou criação de novos valores para que sejam incorporados na cultura. Como o público alvo do Rappa neste artigo são os jovens, esse entretenimento é mais consumido entre eles, logo os seus valores também serão.

Ao aplicar os conceitos de Gabler sobre o filme-vida na sociedade
americana do século XX na produção musical do Rappa,
poderiam representar os acessórios cênicos dessa indústria, os valores declamados nas composições. Assim como a música do Rappa não vende apenas uma melodia, como também vende uma letra que agrega valores ligados a pessoas comuns, ela permite que o consumo das obras do Rappa pelos jovens como forma de entretenimento, trate dessas críticas.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A agulha hipodérmica e a Rosa Púrpura do Cairo por Thaís Rodrigues

O filme que se passa no inicio do século XX, conta a história de uma mulher casada e alvo frequente de humilhações do marido. Todos os dias, várias vazes por dia, ela ia ao cinema. O filme mostra a influencia da comunicação massiva e nos remete a teoria de Lasswell e Adorno.

Lasswell defendia a ideia de que o receptor da mensagem é passivo, ele não envia a mensagem de volta ao reprodutor (teoria da agulha hipodérmica). No filme a protagonista começa a interagir com o filme e chega acreditar que uma das personagens está apaixonada por ela. Nesse ponto o filme se aproxima com Adorno e sua teoria de que os meios de comunicação de massa (TV e cinema, por exemplo) nos distanciam da realidade, nos apresentando uma realidade alienante. Para ele a cultura de massa torna nossa percepção mais superficial, nos afastando de nossas capacidades reflexivas e de pensamento analítico.

O filme ilustra bem a relação sociedade x meios de comunicação, e como o comportamento social muda depois de estarmos submergidos na cultura de massa.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O show dos sites de relacionamentos por Tauan Salgado

Dificilmente alguém não está ligado de alguma forma à web no séc XXI. Mesmo sendo uma mídia recente, a internet encontra-se em um processo avassalador de aceleração de sua própria evolução, já se tornando, de longe, o meio de comunicação mais eficiente, do ponto de vista de velocidade e tecnologia, de todos os tempos.

Navegando na rede, não há limites. A infinidade de produtos esperando para serem consumidos nos levam a adotar um comportamento mais direcionado, ainda que a perda do foco seja bastante recorrente. A partir do momento em que sentamos, deitamos, ou nos coloquemos à frente do computador, nossa cabeça já começa a trabalhar. Há nela um processo seletivo que, inconscientemente, já nos faz acessar o que o momento pede. E o momento quase sempre é de lazer, relaxamento, fuga da rotina.

Levando em conta o desejo de entreter e a capacidade de criação cibernética e combinando as duas com um jogo de proveito sobre as fragilidades do ser humano e sua necessidade de estar sempre cultivando uma imagem positiva, deu-se o surgimento dos sites de relacionamentos, uma febre contemporânea. Mas o que explica esse fenômeno?

É o Show do Eu aflorando dentro de cada um de nós. O anseio pela conquista da aceitação e, guardadas as devidas exceções, ninguém está imune. Com apenas alguns cliques podemos, em segundos, criar um eu muitas vezes longe do eu verdadeiro. Os sites de relacionamentos nos permitem inventar, mentir, enganar. E na grande maioria dos perfis é o que realmente acontece.

Em um mundo onde a principal forma de ação é a competição, o lado mais humano do ser não poderia ficar pra trás. A emoção fala mais alto e, uma vez inseridos em uma sociedade espetacular, não há como não aderir. Pro ego, o que importa é o reflexo, a imagem. E a imagem que se passa é a que se constrói, e não a de sua natureza. É a que passa despercebida pelos mais próximos, mas aos olhos dos demais é uma verdade que não se contesta.

A internet e os sites de relacionamentos vêm se tornando algo tão ‘’essencial’’, que corremos o risco de estarmos fazendo parte da versão moderna do velho conto da mentira que de tantas vezes contada se torna verdade. Daqui a pouco não saberemos o que realmente é e o que não é. Apesar de alguns acreditarem que toda fantasia tem um limite. O que não deixa de ser verdade. A capacidade de manipular vem se sofisticando cada vez mais, mas há sempre o gesto que trai.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Wikileaks e a sociedade de controle por Viviane Laprovita

Desde 2006, ano em que foi criado, o site WikiLeaks já publicou mais de 1 milhão de documentos confidenciais enviados por fontes anônimas. Mas foi em 2010 que ganhou fama mundial, com o vazamento de um vídeo mostrando um ataque norte-americano contra funcionários da Reuters e outros civis em Bagdá. Neste ano, o site ainda revelou dezenas de milhares de arquivos da inteligência norte-americana sobre as ações no Afeganistão e Iraque. E agora, com a divulgação de cerca de 250 mil telegramas diplomáticos secretos do Departamento de Estado dos EUA, a coisa pegou fogo mesmo.

O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, está preso desde o dia 7 de dezembro por acusações de agressão sexual. Seus defensores dizem que o verdadeiro motivo está relacionado ao site e até o presidente Lula manifestou apoio a ele.
Dentre os documentos revelados, muitos tratam da relação entre os EUA e o Brasil. Listamos 13 informações vazadas que revelam um pouco da visão que os americanos têm de nós.

Vídeo que mostra o ataque norte-americano contra funcionários da Reuters:


Fonte: Revista Superinteressante – dezebro 2010

MeuReality.com: um verdadeiro "show do eu" por Viviane Laprovita

Meureality.com é um Blog no qual são publicados vídeos de um brasileiro que decidiu filmar seu próprio reality show e disponibilizar na internet durante 365 dias, mostrando seu dia a dia e a convivência com sua namorada. Os vídeos já totalizam cerca de 34 mil exibições e gradualmente pessoas acompanham os capítulos da história desse indivíduo.

Podemos observar que esse caso se explica pela busca incessante de exibição da própria imagem, o mesmo que ocorre no conceito de sociedade do espetáculo referido por Guy Debord em seu texto. Em trechos como: “ No espetáculo, tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação”, “ O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.” e “ o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda vida humana”, Debord retifica esse caráter tautológico da sociedade do espetáculo onde ‘o desenrolar é tudo’ e nada mais importa ao espetáculo a não ser ele mesmo.

Ao disponibilizar não só informações da sua vida, mas também cenas de seu dia a dia, o indivíduo passa a quebrar com a idéia do que é publico e privado, tornando sua própria vida uma vitrine onde todos podem acompanhar seus momentos mais íntimos.

Keymi é o brasileiro que protagoniza esse reality show pessoal, onde mostra seu convívio com a namorada Carol e sua filha, demonstrando coisas aleatórias do seu dia.

Tal fato também pode ser explicado pelos conceitos citados no texto de Paula Sibilia “O show do eu”, pois trata-se de uma exibição megalômana e excêntrica da própria imagem, resultando em uma superexposição do eu para que o mundo possa ver: “gerou-se assim um verdadeiro festival de “vidas privadas”, que se oferecem
despudoradamente aos olhares do mundo inteiro.”.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

The Office e o Espetáculo por Noemi Trindade Pimentel Simões Alcantara



The Office é uma premiada série humorística de televisão criada por Ricky Gervais e Stephen Merchant para o canal britânico BBC Two, e que rendeu quatro versões novas em outros países. Nos Estados Unidos o canal NBC foi responsável pela versão americana da série, que estreou em 24 de março de 2005.

A série simula um documentário, a mostra o dia-a-dia do escritório da empresa de papel Dunder Mifflin. "The Office" traz Steve Carell no papel de Michael Scott, um chefe conhecido por suas piadas sem-graça e seu incrível dom de criar situações inconvenientes e extremamente constrangedoras entre seus funcionários.

A série faz uso de pequenos depoimentos dos funcionários. Michael Scott, o chefe, em seus depoimentos sempre tenta fazer uma auto promoção de sua imagem, faz afirmações sobre seu caráter e dá vários conselhos do que ele acha ser correto. Michael Scott é um exemplo claro de um ser humano tentando se moldar para se enquadrar num padrão da sociedade do espetáculo. Ele cria um personagem, se reformula perante as câmeras. “Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação”. – DebordA sociedade do espetáculo é a principal produção da contemporaneidade, as pessoas se reproduzem como cópias e mais cópias de um padrão que é imposto pela sociedade do consumo, do capitalismo.

Michael Scott é mais um ser humano em conflito com o ser e aparecer ser. “O espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda vida humana como simples aparência”. - Debord

A Fotografia e o Espetáculo por Noemi Trindade Pimentel Simões Alcantara

Nunca foi tão fácil capturar uma imagem. As novas tecnologias demonstram o poder que o homem tem de exceder seus limites e superá-los.

A fotografia digital, proveniente da segunda metade do século XX, agregou a fotografia um peso de proporções geométricas que vem ganhando espaço de difusão maciça e modificando a forma de troca de informações que o mundo atual disponibiliza.

A relação de homem/imagem é cada vez mais estreita. Extremamente apegado a questão da aparência, o homem atual, ”prefere a imagem à coisa, a copia ao original, a representação a realidade, a aparência ao ser.” – Feuerbach. (Citado no texto de Debord- A Sociedade do Espetáculo).

Cria-se um personagem e a fotografia “perde” uma de suas características mais marcantes: a verossimilhança com a realidade.

Trata-se de uma sociedade na qual a aparência vem a ser algo de suma importância, mais até do que o próprio ser que, por sua vez, vem a se formar cada vez mais pelo parecer ser. Como Debord diz: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.”

A fotografia assume um papel criador do ser!

Novo quadro do Fantástico "Turma 1901" por Alessandra França da Silva

O programa dominical Fantástico criou a série Turma 1901 onde aulas de uma turma do nono ano de uma escola publica são filmadas e através dessas filmagens mostra-se não só as aulas, como a vida de alguns alunos(estes viram os protagonistas desse reality show).

Logo, varias atividades cotidianas desses alunos, não só a vida escolar, são exploradas, filmadas e transmitidas para um grande número de pessoas, isso nos lembra a teoria de Gabler sobre sociedade do espetáculo,onde criam –se personas que servem de modelo para outras.

Além de espetacularizar as relações dos adolescentes no dia- a-dia no colégio,criam-se estereótipos , há a boa aluna representante de turma, o bagunceiro protagonista e por ai em diante, ou seja, manipula-se a situação real ao máximo para virar espetáculo, como uma novela por exemplo.

Outro teoria que podemos perceber na análise do programa é a da “sociedade disciplinar” de Foucault, na questão da divisão do tempo escolar e na critica de certa forma a essa divisão e ao método de ensino arcaico da maioria dos colégios brasileiros.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A espetacularização do meio ambiente por Emanuela Nóbrega

Diante de previsões catastróficas sobre os rumos do planeta, a conscientização da humanidade sobre seus hábitos em relação ao meio ambiente se tornou uma prioridade em prol da própria sobrevivência. Sendo assim, o meio ambiente se tornou interessante para a mídia, que passou a ter papel constrangedor (ao mostrar conseqüências do mal tratamento do meio ambiente) e informativo, levando a conscientização da sociedade.

Tendo se tornado uma questão de sobrevivência, o meio ambiente veio a ser tema de muitas produções de mídia. O filme “Uma verdade inconveniente” é, sem dúvidas, uma das principais formas de se entender todo o contexto da mídia em relação ao meio ambiente. Dessa forma, temos um formador de opinião, Al Gore, candidato à presidência dos EUA, em um filme, exibindo cada indício da realidade que nos espera. No entanto, seguindo o pensamento de Lazarsfeld de que o contato cara-a-cara é mais impactante do que a simples informação, temos nesse filme um ponto forte que é o tom de palestra e, com o maior alcance do cinema, a discussão gerada após a exibição.



O medo se tornou real e as pessoas começaram a prezar cada vez mais o que era “eco friendly” e quem podia se dispôs a pagar mais para “fazer a sua parte”. Consumir sustentabilidade, hoje, é um status assim como apoiá-la. O meio ambiente se tornou um mercado. Como exemplo disso, temos a atriz Emma Watson (Hermione de Harry Potter) que vai lançar agora sua própria linha de roupas sustentáveis depois de já ter feito diversas campanhas para marcas da mesma linha.


Emma Watson vai lançar nova linha de roupas sustentáveis com a designer Alberta Ferretti

Podemos, portanto, perceber que como base da sobrevivência social, o respeito ao meio ambiente é cada vez mais explorado por aqueles que tem possibilidade de formar opinião. Dessa forma, a única crítica que podemos fazer de fato a essa tendência é a conscientização que atinge a todos, mas que não é possível para todos pois ter uma vida sustentável é muito mais caro. Sendo assim, fica mascarado um marketing pessoal, ou de empresas que se dizem sustentáveis, que acabam lucrando muito mais com a postura “eco friendly” do que de fato mudando algo por não terem um posicionamento popular na venda dos produtos.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Análise da matéria "Coca-Cola Zero transforma vida de jovem em game na internet" por Ioná Ricobello

A Coca-Cola Zero transformou a vida real de um jovem em game, em uma espécie de reality show digital. É o jogo “O impossível é possível”, que estreou nesta quarta-feira (1º), no site da marca. O publicitário Lucas Dias do Nascimento foi recrutado em um concurso, promovido pela empresa em parceria com o blog Jovem Nerd, em que os candidatos deveriam sugerir um roteiro inspirados em suas próprias histórias pessoais, determinando o desafio, as personagens principais e o desenrolar da
trama.

Sufocado por um rotina em que o trabalho absorve todo o seu dia, o protagonista tem como desafio principal conseguir mais horas para poder se dedicar aos amigos e à namorada. Para isso, terá que encontrar o Mestre Relojoeiro, capaz de lhe garantir o tempo extra. Pelo caminho, encontrará obstáculos: nas ruas da cidade grande, por exemplo, terá que driblar entregadores de panfletos. Já no escritório, terá de enfrentar um gerente chato e uma pilha de relatórios. Em cadasituação, a namorada e os amigos surgirão como aliados para superar os desafios. Para controlar os movimentos de Lucas, basta o jogador utilizar teclado e mouse.

Criado pela agência Gringo, o game “O impossível é possível” é inspirado no filme publicitário homônimo de Coca-Cola Zero, veiculado na TV. No vídeo, um jovem protagoniza uma fugaespetacular, com direito a helicópteros e explosões, para fugir do furioso pai da namorada.

Para que a animação reproduzisse as características de Lucas, ele foi fotografado e filmado. Suas imagens foram projetadas em um scanner 3D. O making of do processo de criação e desenvolvimento do game também poderá ser acessado no site de Coca-Cola Zero.

Vídeos relacionados à notícia:

Minha Vida de Game Coca-Cola Zero | Concepção

Minha Vida de Game Coca-Cola Zero | Design
Minha Vida de Game Coca-Cola Zero | O Recrutado
Minha Vida de Game Coca-Cola Zero | Interação

Escrito por: Ricardo de Paula
Retirado do site www.midiassociais.net

Comentário sobre a matéria:

Na matéria apresentada há a incidência de três das teorias estudadas em sala. Ocorre a espetacularização da vida de um jovem, Lucas Dias do Nascimento, ao ponto de ele participar de um concurso, ser escolhido e enfim ter sua vida reproduzida em um game, na internet. Como se não bastasse transpor a rotina do jovem ao jogo, ainda foram copiados seus traços físicos. Esses fatos se associam às teorias de Guy Debord, sobre a "sociedade do espetáculo". Ao transformar a vida de Lucas em um jogo, há a criação de uma "vida filme", como nas teorias de Gabler. Porém, mesmo querendo passar a ideia de que o que está sendo representado ali é realmente a vida de Lucas, é impossível reproduzí-la fielmente. E, mesmo que isso fosse possível, há inúmeras situações que não seriam interessantes colocar ali, não pareceriam atrativas aos jogadores. Logo, é criada uma persona de Lucas, uma espécie de perfil para o jogo, fato que pode ser associado às teorias do "Show do Eu", onde o usuário da internet se molda de uma forma que pareça interessante aos outros indivíduos.

sábado, 4 de dezembro de 2010

A vida 2.0 por Felipe Neves

Embora seja um assunto muito recente, podemos analisar as redes sociais a partir da perspectiva de Fernanda Bruno em seu artigo “Tecnologias de informação e subjetividade contemporânea” e de Neal Gabler .em seu livro “Vida, O Filme – Como o Entretenimento Conquistou a Realidade”.

As redes sociais como o Facebook, o Orkut, o Last.fm e etc. são ambientes online onde os usuários fornecem informações sobre sua formação acadêmica e seus interesses.

Porém, atualmente, há uma grande valorização e espetacularização da vida privada, como discorre Neal Gabler em “Vida, O Filme...”, assim as redes sociais contribuem para a formação de personas (A psicologia utiliza o termo para descrever a função psíquica relacional voltada ao mundo externo, na busca de adaptação social, e no teatro como um papel social vivido pelo ator). Na realidade, a maior parte dos usuários tenta construir seus perfis baseados no que se espera que eles sejam.

O perfil faria parte de uma mascara social onde aquilo que é exposto pelos indivíduos é apenas a parte que a sociedade quer ver: fotos felizes, gostos musicais, conquistas profissionais, sucesso.

Fernanda Bruno em seu artigo fala do uso desses perfis pelo marketing. Eles contribuem para a classificação de cada consumidor em categorias, visando direcionar tipos de publicidade que se possuem mais características em comum com o consumidor em específico. Mas a questão reside no fato de que estes perfis são performáticos e podem induzir o usuário da redes a consumir, sem o próprio ter nem idéia do que está a fazer.

Nesse sentido as redes são mais uma peça do quebra-cabeça que compõe a espetacularização do eu.

Análise do clipe “Talk Shows On Mute” por Isadora Mann

Apesar do fato de que toda e qualquer banda que exista faz parte de uma indústria cultural, há bandas que possuem uma opinião não muito agradável sobre isso. E às vezes elas expõem esse ponto de vista, como é o caso da banda americana Incubus. No clipe e até mesmo na letra da música, há uma crítica em relação à essa indústria e à sociedade do espetáculo, abordada por Guy Debord em sua teoria. O vocalista teve a idéia para a letra enquanto assistia a um talk show no avião. O nome da música é bem apropriado, pois se chama “Talk Shows On Mute”.

Talk Shows On Mute

Take a bow
Pack on powder
Wash 'em out with buzzing lights
Pay an audience to care
“Impress me” personality
Still and transfixed
The electric sheep are dreaming of your face
Enjoy you from the chemical
Comfort all America

Come one, come all
Into nineteen eighty-four
Yeah, three, two, one...
Lights! Camera! Transaction!

Quick, your time is almost up
Make 'em forget that they're the moth
Edging in towards the flame
Burn into obscurity
Still and transfixed
The electric sheep but dreaming up your fate
We judge you from the card castle
Comfort all America

Come one, come all
Into nineteen eighty-four
Yeah, three, two, one...
Lights! Camera! Yeah
(Chorus 2x)

Your foundation is canyoning
Fault lines should be worn with pride
I hate to say it
But you're so much more
You're so much more endearing with the sound turned off

Há algumas passagens da letra que são bem claras. “Impress me personality”, ou seja, impressionar para fazer sucesso, para ser reconhecido na mídia. É quase como se “se não impressiona os outros, não vale a pena”. Cada vez mais a personalidade das pessoas se transforma na personalidade “me impressione”. O comum não tem mais graça.

Já no refrão, a banda faz alusão a um livro chamado “Nineteen Eighty-four” escrito por George Orwell em 1948. Orwell também escreveu “Animal Farm”, “A Revolução dos Bichos” em português. Esse livro narra uma história de corrupção e traição e recorre a figuras de animais para representar fraquezas humanas. Nesse caso a fraqueza é a alienação abordada por Theodor W. Adorno, pois como o clipe mostra, os animais (representando as pessoas bestializadas pela mídia, principalmente a televisão) assistem ao talk show no qual a banda toca. Até uma assistente de palco vestida de coelha carrega uma placa escrita “be a animal”.

A principal atração desse talk-show é o “stupid human trix”, que na verdade é um jogo de linguagem com “stupid human tricks”, já que têm a mesma pronúncia. Stupid human tricks são pessoas e fatos fora do normal, que são considerados bizarros. Certos recordes que aparecem no Guinness Book são exemplos perfeitos disso. Coisas fora do normal que são exibidas como atração divertida na sociedade do espetáculo, a espetacularização da vida. O clipe mostra pessoas fazendo coisas estranhas para aparecer e no final o vencedor é recompensado. O que se mostra é que na verdade as pessoas não querem fugir dessa sociedade do espetáculo mas sim conquistar seu espaço e fazer parte do entretenimento. E quando conseguem, ganham alguma coisa boa com isso.



Outra passagem importante da letra aparece já no final, onde ele diz “you're so much more endearing with the sound turned off”. É uma posição clara da banda a respeito de tudo isto. Ao contrário da maioria das pessoas, a banda prefere ver o “real”, não uma atuação, um espetáculo humano. A pessoa que não está se exibindo para quem quiser ver é mais interessante, pois é mais real, mais verdadeiro.

Clipe: Incubus - Talk Shows On Mute

No final do talk show, o apresentador perde sua “máscara”, entra em desespero (your foundation is canyoning), as pessoas que estavam assistindo ao programa destroem a TV e finalmente o programa acaba. Sem a máscara da espetacularização não é tão interessante de se ver.

Da Realidade ao Reality Vestida a Rigor por Bruno Rocha de Oliveira

Ao ler o capítulo do livro “O Show do Eu”, não pude deixar deixar de identificar semelhanças com uma específica “saga” da sociedade contemporânea que pessoalmente me irrita bastante.

Me refiro à ex-estudante de turismo da Uniban, agora empresária e modelo de nu fotográfico para aprendizes de photoshop Geisy Arruda. Há um ano atrás Geisy era apenas uma estudante comum com formas arredondadas e uma boa dose de exibicionismo.

Certo dia, Geisy resolve ir à aula com um vestido bem curto, subindo as escadas da faculdade de forma insinuante. O espetáculo se deu quando Geisy passou a ser hostilizada por outros estudantes a ponto de ser necessária a presença da polícia para que Geisy pudesse voltar para casa. O vídeo da confusão foi divulgado na internet ( celeiro constante de novas ferramentas pra exposição da intimidade) e acabou por catalisar o interesse pela história.

Um fato complicado de ser analisado, mas que de qualquer forma foi bastante prejudicial à Geisy. Acontece que, Geisy, ao invés de se preservar e curtir seu momento vítima, resolveu tirar proveito da situação, indo à programas de televisão, dando entrevistas,etc. ; ou seja, oferecendo detalhes de sua vida íntima à qualquer um.

O objetivo de se tornar famosa fica evidente, sendo mais evidente a busca da fama pela fama, já que Geisy não se trata de nenhum talento ou beleza incomparável. Para fechar com chave de ouro nada melhor do que participar de um reality-show para esgotar qualquer chance de resquício de privacidade. Geisy foi uma das primeiras eliminadas, talvez assim ela possa elaborar alguma outra história para continuar sendo vista, já que no show do eu só quem é visto é lembrado.

Análise da matéria "E-mail perde espaço para sites de relacionamento" por Carla Silveira

Escolhi esta matéria baseada no texto 'O show do eu' da professora Paula Sibilia, com ênfase na 'revolução da Web 2.0', pois as novidades da internet, segundo o próprio texto, "transformaram a tela de qualquer computador em uma janela sempre aberta e 'ligada' a dezenas de pessoas ao mesmo tempo".

Foi notícia do fantástico: E-mail perde espaço para sites de relacionamento.
Uma matéria sobre sites de relacionamentos, redes sociais e outros diversos. O mundo da internet, além de ser um lugar para fantasias, se tornou o espaço mais usado para a troca de informações reais. A “ferramenta” internet se modifica rapidamente e pode ser usada para disseminação de notícias, falar com amigos, arrumar emprego, campanha (contra ou a favor) de um produto, dentre outros fatores. A troca de informações em redes sociais mudou a noção de distância, facilitou a vida e o entretenimento.

E-mail perde espaço para sites de relacionamento

Por que essas redes virtuais fazem sucesso?
Uma estatística surpreendente: você sabia que existe na internet uma ferramenta de comunicação que já é mais usada do que o e-mail? São as redes sociais, aqueles sites de relacionamento que fazem o maior sucesso no Brasil.

ACOMPANHE O FANTÁSTICO NO TWITTER - http://twitter.com/showdavida

De cada cinco brasileiros com acesso à internet, quatro já fazem parte de algum grupo de amigos virtuais. Amigos esses que estão cada vez mais conectados.

Uma galera nem sabia que ia se encontrar a menos de 24 horas. Aí o Fernando mandou uma mensagem. “Mandei uma mensagem, o pessoal normalmente é a mesma galera que vem, e está aí”, explicou.

Dois terços dos internautas do mundo, cerca de um bilhão de pessoas, estão nas redes sociais. Mais da metade deles tem mais de 35 anos de idade.

Otália Durval tem 64 anos. Às vezes menos. O que define a idade de dona Otália são os namorados na internet. “Eu tenho dois. Um com a minha idade real e outro com a minha idade virtual: 18, 25, depende do namorado”, comentou.

A internet ainda é um lugar para a fantasia. A novidade é que ela se tornou, também, o espaço mais usado para a troca de informações reais, como trânsito, por exemplo.

“Começou a chover em um lugar, a pessoa fala que está chovendo. Então você, se consegue saber se em tal lugar está chovendo, você fala: ‘vou passar por ali?’ Ou vou fazer outro caminho, ou vou esperar um pouquinho. E o pessoal vai se ajudando”, explicou Mário Eduardo.

Muitos se comunicam direto com o Twitter, um novo tipo de rede social, que funciona como um miniblog: textos curtos, aberto para que quiser seguir essas mensagens.

“A ferramenta se modifica com uma facilidade enorme. Ela pode ser pra cobertura de evento, pra notícia, falar com os amigos, ou pra organizar eventos”, diz Fernando Souza.

Você arrumou um emprego com o Twitter?

“Meu emprego atual, eu estou lá há uns dois meses. Foi assim: eu vi que tinha uma vaga anunciada, o pessoal anunciou no Twiter. No momento eu estava empregado, mas depois quando fiquei desempregado, eu lembrei. Voltei lá, entrei em contato. E eles falaram, está aberto, traz o currículo. E eu estou lá até agora”, conta Adriano Trotta.

E a internet virou até um tipo de defesa do consumidor. É possível fazer uma campanha contra um produto?

“Pessoas falando para pessoas sobre as suas opiniões têm muito mais valor do que um comercial ou uma página na revista ou alguma coisa do tipo”, explicou Alê.

“Já tem empresa que está antenada no que está acontecendo e segue a palavra-chave da empresa e se alguém fala mal a empresa entra em contato”, contou Fernando.

Patrícia Moura, analista de mídias digitais, passa dez horas por dia em redes sociais, a trabalho. “Eu preciso mesmo pesquisar dentro dessas redes e os usos que a gente pode fazer como marca para poder interagir com os usuários”, conta.

A analista de mídias digitais traz para empresas as tendências de consumo encontradas em conversas na internet. Mas essa passagem do virtual para o real pode trazer surpresas. O cantor Léo Jaime chegou a ter nove mil amigos em um site que ele já abandonou.

“A internet ajuda muito as pessoas a se aproximarem, mas também dá oportunidade aos chatos e às aproximações indesejáveis”, comenta o cantor.

“Já aconteceu comigo e com ela da gente twittar que a gente ia num lugar X e alguma pessoa que a gente não faz idéia de quem era aparecer lá sozinha, ficar cercando a gente pelo lugar”, contou Ale Ferreira.

Ana conheceu Marina, que conhecia André, que apresentou Marcelle Correia. A quadrilha se fez em um site de relacionamento e continua a se espalhar.

“A gente pode virar bem amigo de alguém que se conheceu pela internet, como minha melhor amiga, que mora do outro lado do país, em Rondônia. Mantemos contato e ela é tudo pra mim, assim, de amiga. Porque tem gente que a gente vê, fala todo dia e não tem tanta intimidade que nem eu tenho com ela”, explicou Marcelle.

A troca de informações em redes sociais mudou a noção de distância. Estar perto, agora, é se parecer com o outro.

“Há o aumento da possibilidade de escolha por afinidade. Isso é uma coisa bastante interessante e de fato, na internet, se você é amante de calhambeques, pode entrar em uma comunidade de calhambeques e conversar com pessoas que são amantes dessa comunidade de calhambeques. Você está procurando amizade de acordo com uma afinidade, e isso realmente a internet ampliou de uma maneira nunca antes vista”, observa a antropóloga Vanessa Pereira.


FONTE:
http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1091174-15605,00-EMAIL+PERDE+ESPACO+PARA+SITES+DE+RELACIONAMENTO.html

Clandestinos – A vida-filme de Neal Gabler por Pilar Diniz



"Clandestinos - o sonho começou" é uma peça, que foi adaptada pra Tv e trasmitida na Rede Globo. A peça foi moldada a partir das histórias da luta dos jovens artistas, relatadas durante seu teste. Nesse espetáculo, ficção e vida real se confundem, os personagens têm o nome dos atores que os interpretam, por exemplo. Segundo Falcão, autor e diretor-geral, “A ficção é sobre os sentimentos dessas pessoas. Apresentá-los em um teste de elenco foi a forma que encontrei para contar aquelas histórias”.

Dessa forma, depois dos testes, criou-se o espetáculo a partir da história de vida dos próprios atores/personagens. Percebemos, então, o que aponta Neal Gabler em seu livro "VIDA, O FILME - Como o entretenimento conquistou a realidade", como a vida se tornou um filme, como na atualidade as pessoas trasformam todos os rituais da vida em entretenimento, em espetáculo.

De acordo com o autor, a performance serve para mostrar para os outors como a pessoa gostaria de ser vista, de ser. Conceituando esse fato como "cultura da personalidade", onde interpretar uma coisa é tão bom quanto ser esta coisa. Para ele, a mudança cultural do século XX nos Estados Unidos (e nos países influenciados por ele) foi a influenciadora dessa mudança onde nós todos nos tornamos ao mesmo tempo protagonistas e espectadores de um espetáculo que nunca sai do ar.

Programas desse tipo, realistas, agradam o público em geral que está acostumado a programas televisivos de reallity show, onde a ficção se mescla a realidade. Isso se deve ao fato das produções cinematográficas e televisivas, através de apelo realista, criarem ficções não ficcionais. Se apropriando da vida real para construir uma ficção mais convincente, afinal na nossa dinâmica, o real é cada vez mais questionado.

"A análise da guerra no Rio" por Alex Vieira

Quem aguardava cenas de tiros na ocupação do Morro do Alemão pela polícia carioca e pelas forças armadas ficou frustrado com o resultado final.Apesar de todo aparato montado pelas mídias em volta do caso. O que se viu foi o que o autor Guy Debord em seu livro "A sociedade do espetáculo" já havia teorizado no fim da década de 60.
A cobertura jornalística feita entre o sensacionalismo e espetacularização nos é explicitada no trecho do livro destacado a seguir.

"Nós vivemos em uma sociedade do espetáculo, istó é, toda a nossa vida é envolta por uma imensa acumulação de espetáculos. As coisas que eram vivenciadas diretamente agora são vivenciadas através de um intermediário. A partir do momento que uma experiência é tirada do mundo real ela se torna um produto comercial , o "espetacular" é desenvolvido em detrimento do real. Ele se torna um substituto da experiência".

Por isso a análise feita sobre a retomada do Morro do Alemão nos mostras a excessiva dramatização na cobertura jornalistica nos seus mais diferentes meios. E se ainda há dúvidas, esta foram desfeitas com as imagens dos bandidos presos, sendo exibidos como troféus.

O que Debord nos mostra no caso acima citado é que a realidade ganhou contornos de filme. E isso ocorre pelo interesse da população em fatos que hoje são vistos como entretenimento baseado na vida real.

Espetáculo Verde por Gabriel Brown

Na sociedade do espetáculo o ser se equivale a aparecer e a forma de se mostrar é o que definirá o seu grau de importância dentro dessa sociedade. Esse tipo de sociedade é indubitavelmente inerente ao estilo de vida do capitalismo, produzindo e reproduzindo esse modo de comportamento. Em um mundo onde “modos de ser” são vendidos, surgem a cada momento seres ávidos por consumir e por se tornarem imagens.

A mesma estratégia espetacular percebida no sistema capitalista pode também servir de uso para organizações que combatem esse estilo de vida. É o caso do GREENPEACE ao fazer usos de forte imagens de animais mortos, intervenções inusitadas em grandes cidades, e por vez ou outra ir até a grande mídia na intenção de ter uma maior visibilidade maior.

Não é apenas uma questão de criticar esse sistema, é uma forma de lutar contra ele utilizando a sua maior arma.

Lady Kate x Neal Gabler por Jacqueline Ester da Silva

O programa Zorra Total é considerado por muitos como o programa humorístico mais chato na atualidade da televisão brasileira. Para Dercy Gonçalves “(...) é um programa de amadores.”, porém o que faremos aqui não será criticar e julgar o programa e sim uma personagem de um quadro específico: Lady Kate.

Lady Kate é uma ex-profissional do sexo que trabalhava no prostíbulo de Madame Sufia. Nesse mesmo local ela conheceu um senador, com quem se casou e de quem herdou toda a sua fortuna milionária. Desde então, Lady Kate tem como seu fiel escudeiro Glauber que lhe dá dicas de como se comportar e comunicar para alcançar seu principal objetivo: a High Society.

Mesmo sendo milionária, usando roupas e acessórios caros, Lady Kate não consegue entrar para a High Society por não adequar o seu comportamento, sua comunicação e suas vestimentas com os quais seriam exigidos por aquele grupo. Simples, sempre defende seu amigo Salsichão com escândalos exatamente nos locais onde gostaria de ser aceita.



Neal Gabler em Vida, O Filme afirma que o indivíduo vive perante um filme-vida, no qual ele escolhe o grupo que lhe é mais aspirante para poder agir da mesma forma para finalmente ser aceito, tornando-se “real” naquele meio, porém isso não significa que o caminho de transformação do “eu” será tranquilo. A identidade já é real antes do desejo de querer entrar naquele ou no outro grupo, portanto a questão é torná-la adaptável na performance da vida.

No caso de Lady Kate, o grupo mais aspirante é a High Society, porém seu objetivo é sempre frustrado por não conseguir adaptar a sua identidade na interpretação convencional do enredo da vida. Por mais caros que sejam suas vestimentas e acessórios, eles não são aceitos naquele meio por não condizer com a sofisticação exigida. Seu comportamento não é adequado por ser explosivo e por não saber se expressar de acordo com as regras gramaticais. Dessa forma seu dinheiro torna-se praticamente em vão acerca de tantos fatores negativos, que impossibilitam-a de ser aceita naquele determinado grupo social.

Gabler diz que é preciso adequar-se aparentemente – no sentido de aparência mesmo - no grupo social aspirante, mas também é preciso adequar-se de acordo com os seus costumes - e vamos dizer também cultura - do novo enredo no qual deseja inserir em sua vida.

Visto pelo estudo de Gabler, Lady Kate só será aceita na High Society quando sua comunicação e seu comportamento forem adaptados e interpretados de acordo com o que o meio anseia. Enquanto esses fatores não forem levados em consideração a teoria de Gabler se confirmará e seu destino continuará sendo a Fall Society.

TROPA DE ELITE III- A espetacularização da Guerra civil no Rio de Janeiro por Mauricio Monteiro de Menezes

Da realidade para o cinema, e do cinema para a realidade. Pode até a parecer coincidência, mas realmente aconteceu e acontece. Logo após o filme do diretor José Padilha ter esgotado as bilheterias de todo Brasil com os sucessos Tropa de Elite I/ Tropa de Elite II, a guerra civil que sempre esteve presente nas últimas décadas do Rio de Janeiro, alcança um novo estágio. Bastou o confronto entre o aparelho repressivo do Estado e o tráfico de drogas ultrapassar um pouco as fronteiras do território de guerrilha, que o resultado veio de imediato: as pessoas que antes nao presenciavam a guerra em sua realidade, agora se sentem presenciando a partir de uma ótica assentada nas representações construídas pelo filmes do Tropa de Elite.

O espetáculo que inverte o real é produzido de forma que a realidade vivida acaba materialmente invadida pela contemplação do espetáculo, refazendo em si mesma a ordem espetacular

Outrossim, as grandes mídias tradicionais ( televisão, rádio e impresso), também colaboram para a espetacularização da guerra. Entretanto, elas cumprem um papel diferente uma vez que se responsabilizam por uma cobertura jornalística diária da realidade. Dessa maneira, o produto jornalístico não se afirma explicitamente para a população como um produto de espetáculo, embora o seu conteúdo possua esse viés. De fato, a mídia tradicional atua como um dos mais importantes equipamentos sociais das sociedades de controle, na medida em que produz e fortalece subjetividades que formam e orientam nossos valores, opiniões e conceitos a partir de um formato que nos cria a idéia de verdade. Afinal, se for adequadamente analisada, é claramente perceptível a valorização do excepcional e do dramático, o que acaba se tornando uma ferramenta de persuasão fundamental no discurso de uma reportagem, por mais que ela se fantasie de imparcialidade.

O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens.

Voltando ao fenômeno “Tropa de elite”, é importante observar uma divergência do segundo filme em relação ao primeiro. Aliás, o filme Tropa de Elite II acaba se tornando uma espécie de antítese em relação ao Tropa de Elite I, o que de certa forma provoca conseqüências bastante interessantes. Bem veja , quando o primeiro filme dialoga com a guerra civil a partir da perspectiva de um comandante do Bope ( construção heróica de um anti herói, Capitão Nascimento), ele acaba desenvolvendo seu discurso sob um percepção maniqueísta. Existem basicamente as seguintes representações: O policial do bem x o (sistema) policial corrupto, o policial do bem x viciado e o policial do bem x o traficante.
Isso tudo fica bem posto em uma narrativa focada na ilustração do lado humano e emocional do Capitão nascimento. Por outro lado, o Tropa de Elite II dialoga de uma maneira completamente inversa, embora a narrativa continue centrada no anti herói Capitão Nascimento. Entretanto, agora o próprio personagem vai desconstruir sua percepção maniqueísta, problematizando a guerra civil de um ponto de vista estrutural e não mais gerencial. Alem disso, o segundo filme também utiliza de personagens coadjuvantes que desempenham o papel de contra-argumentar o anti herói, pontuando questões societárias como os direitos humanos.

Entendido essa divergência entre os dois filmes, fica mais fácil de observar suas conseqüências, que se evidenciam cada vez mais nas redes sociais Facebook e Twitter. Assim, durante os últimos acontecimentos dessa guerra, as pessoas manifestavam em suas redes( shows do eu) seus posicionamentos, reproduzindo argumentos e falas apresentadas nos filmes de José Padilha. É como se o espetáculo tivesse se naturalizando nas opiniões, fazendo um mapeamento ideológico das pessoas a partir das representações construídas nos dois filmes: as que pensam como o Tropa de elite I x as que pensam como o Tropa de Elite II . De maneira quase sem querer, inventou-se o Tropa de Elite III.

Marketing, redes sociais e a influencia direta no consumo: o ínicio da web 3.0 por Viviane Laprovita

É notório que estamos situados na era “multicolorida do marketing global”, como citado por Paula sibília em seu livro “o show do eu”. As atuais redes sociais da web 2.0 que estão cotidianamente em nossa vida, por serem ferramentas de exposição, de forma megalômana e excêntrica da nossa imagem, acabam sendo fontes espelho de nossas informações pessoais, interesses, gostos e desejos. Essa gama de informações sobre nós mesmos é uma arma para a publicidade e o marketing que associado as redes sociais fornecem um serviço de profunda pesquisa sobre os interesses do consumidor em potencial.

Um exemplo disso é o facebook (rede social) e o groupon ou peixe urbano (sites de descontos em produtos). É algo quase místico, acordo com vontade de comer comida japonesa, abro meu perfil do facebook e lá está uma oferta de 60% de desconto justamente em comida japonesa. Coincidência? Ou será uma associação dos meus interesses relatados em minhas redes sociais e uma inserção oportuna de marketing do produto?



Além dessa abordagem objetiva do marketing oferecendo exatamente o que queremos, há também a sutil influencia através dessas redes sociais aliadas ao marketing, esses sites de desconto nos influenciam a nos comportar de maneira a sermos consumidores em potencial de qualquer produto, seja ele qual for. Por exemplo, Utilizando nossas redes sociais nos deparamos diariamente com um anuncio de 75% de desconto em uma viagem que é irresistível e provavelmente, imaginamos, não encontraremos tal oportunidade de compra dessa oferta novamente. Então compramos, mesmo sem termos tempo ou interesse pra um dia utilizar o produto que compramos, mesmo sem precisarmos.

Esse consumismo de produtos deliberadamente sem motivo acaba nos dominando também através do conceito de auto-colaboração utilizado por algumas redes e empresas no qual é oferecido ao usuário uma recompensa financeira por divulgação do produto, assim divulgamos as ofertas aos amigos e conhecidos na intenção de ganhar créditos no site para comprarmos mais itens desnecessários e alimentar esse ciclo vicioso do consumismo.

Diante disso podemos observar que essa junção de marketing e redes sociais está criando um novo campo de trabalho na publicidade no qual se visa a criação de um novo cargo que já está sendo inserido nas agências. Além das áreas de publicidade já existentes (atendimento, mídia, planejamento, criação e produção) pensa-se em criar uma área especificamente para realizar esse serviço de pesquisa e relações de perfis digitais, a produção online, que visa atender a crescente demanda dos clientes por uma comunicação digital.

Desse modo, podemos analisar que todos os relatos de novos mecanismos de ação do marketing descritos nesse texto refletem um pouco a inserção da própria web 3.0 que consiste na idéia de oferecer um serviço de inteligência traçando perfis de usuários, direcionando conteúdos a partir desses perfis e organizando a infinidade de informações na internet. Dessa maneira, em meio a todas essas idéias, cada vez mais teremos uma influência direta e um controle maior em relação ao que consumiremos futuramente, tornando possível que um dia cheguemos a confundir e não ter mais a noção de diferenciação de nossas verdadeiras demandas e vontades das influencias da mídia.

A espetacularização das ações policias no RJ por David Barenco

Durante a últimas semanas o Rio de Janeiro vem sofrendo com uma “guerra civil”, como assim chama a mídia. Bandidos, neste mês de novembro, atearam fogo a ônibus como forma de protesto às UPPs (Unidade de Policia Pacificadora), e logo a policia reagiu. Com ajuda da marinha e depois do exército, começaram as invasões à Vila Cruzeiro e ao Complexo do Alemão. O vídeo abaixo mostra como foi a fuga dos traficantes da Vila Cruzeiro ao Complexo do Alemão:



As grandes mídias vem transmitindo tudo o que está acontecendo, mostrando de forma teatral uma policia heroica. Transformando em espetáculo, assim como diz Guy Debord em seu livro “A Sociedade do Espetáculo”. Tido como a solução, esses policiais invadem as casas dos morados locais e não respeitam as leis dos direitos humanos. Atiram sem pensar duas vezes e usam da força para conseguir o que querem.

Isso fica muito evidente quando vemos os morados reclamando em seus twitters, ou mesmo nos jornais, mas não fazemos nada, pois apoiamos esse massacre que ocorre nas favelas. Enquanto não nos afetar estamos apoiando essa policia tão espetacularizada que de uma semana para outra passaram de corruptos para heróis do Rio de Janeiro.

Essas operações não são a solução para o tráfico de drogas, pois operações assim já foram feitas antes, é apenas mais uma massacre a população mais pobre, massacre esse que ganhou a aprovação do povo do Rio de Janeiro.

“A rosa púrpura do Cairo” – Woody Allen, uma crítica pela perspectiva de Noel Gabler. Por Luana Calazans.

“A rosa púrpura do Cairo” é um filme escrito e dirigido por Woody Allen que foi lançado em 1985. O filme trata da história de Cecilia, uma garçonete que, durante o período da grande depressão, busca no cinema uma válvula de escape de sua vida complicada por problemas conjugais, como o marido bêbado que ela sustenta e problemas financeiros. Cecilia se vê aficionada pelo filme “Rosa púrpura do Cairo” e na quinta vez que está assistindo o filme, o protagonista da história começa a interagir com ela através da tela e depois salta da tela para o mundo real para declarar sua paixão por Cecilia e oferecer à moça uma nova vida(que seriam as ideologias e filosofias dos personagens).

Em seu texto, Gabler afirma que a sociedade tem cada vez mais tentado transformar sua vida em um filme. Que seriam os “lifies” que ele menciona no começo de seu texto. Muitas pessoas desejam (ou já desejaram alguma vez) que o roteiro deste filme pudesse ser verdade, pois vêem os filmes como “realidades” lindas e perfeitas. O próprio diretor do filme (Woody Allen) uma vez falou: “Para mim, a fantasia é que é boa. A realidade não é nem um pouco atraente”.

Para Gabler nossas vidas são como filmes porque somos atores e os acontecimentos acontecem à nossa volta. Com os “lifies” geralmente o conceito de “real” e “fictício” se perdem e temos a dificuldade de diferenciá-los, em um momento do filme o ‘herói’ chega questionar Cecilia de o mundo dela não é ficcional e o mundo dele o real. Em uma das suas falas Cecilia afirma que não liga que ele seja ficcional: "Eu conheci um homem maravilhoso, ele é ficcional mas você não pode ter tudo”. Woody Allen com esse filme talvez quisesse defender que os dois mundos poderiam coexistir, pois o que é produzido na ficção muitas vezes é absorvido pela massa. Ele usa talvez do conceito da “agulha hipodérmica”. Mesmo com tudo isso, o casal acaba se separando, mas o final do filme dá a entender que a história possa se repetir, finalizando o filme com uma cena da moçinha no cinema assistindo a outro filme de amor.

O jornalismo “sério” de uma sociedade espetacularizada por Luana Calazans.



“A verdade é um momento do que é falso”, “a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo é real”, “o que parece é bom, o que é bom aparece”. Estas são algumas das frases usadas por Guy Debord para descrever a nossa sociedade do espetáculo, onde o que importa não é o que é real e sim o que aparenta ser.

Os indivíduos nessa sociedade aceitam o que parece real, mas muitas vezes é somente uma ilusão, isso se dá pela mediação das imagens e mensagens dos meios de comunicação de massa, que são a manifestação superficial mais esmagadora da sociedade do espetáculo. E esse tipo de sociedade em junção à sociedade de consumo tirou um pouco do papel central do jornalismo que é informar e o transformou em um tipo de espetáculo.

Através deste jornalismo que temos contato todos os dias, por meio de várias mídias diferentes, a sociedade pode transmitir aos indivíduos novos critérios de julgamento e de justiça. Podemos observar isto nos recentes conflitos que ocorreram no Rio de Janeiro, em que a polícia da noite pro dia, através da mídia passou de “um bando de corruptos” para “salvadores de nosso estado”. Também podemos citar os casos de Isabella Nardoni e do caso Eloá que tiveram uma grande repercussão na mídia, tendo os apresentadores de programas como “A Tarde é sua!” e “Brasil urgente” como negociadores no caso de seqüestro de Eloá.

A bandeira que estes jornalistas (ex: Sonia Abrão, Datena, Wagner montes) defendem é a de um jornalismo diferente, mas em busca de audiência e “furos de reportagens” eles esquecem da ética jornalística e muitas vezes chega a se aproximar de uma ficção. Utilizando de fontes sensacionalistas ou falsas ( como a entrevista do Gugu ao PCC, que foi uma armação).Tudo em busca de uma afirmação da sua presença na espetacularização de nossa sociedade.

Posts Íntimos por Mayara Caetano

Minha fonte de criação para essa postagem foi o último texto que debatemos em aula, que era de autoria de nossa própria professora. A temática que antes foi uma tese e depois tornou-se um livro, deve ter atraído a atenção de muitos já que estamos no meio desse turbilhão, intitulado O Show do Eu.

A parte que mais me tocou do texto foi sobre a criação de blogs e exposição de sua intimidade em rede, acessível a todos os que possuem conexão com a web. Nos tempos que já passaram escrever sobre o que pensava, sentia era feito um ritual, feito em uma redoma de exclusividade onde poderíamos considerar quase uma suspenção do tempo para fazer uma viagem ao mais íntimo que a pessoa que escrevia possuía. Dos livros que li, que retratavam séculos anteriores ao atual, me transparece tal visão, que pode até ser equivocada, pois não estava presente naquele momento para poder
comprovar nada.

Atualmente, seja por má administração ou fato, a temporalidade parece engolir todas as nossas forças, temos obrigações e necessidades para ontem, tudo parece passar muito rápido, muitos quando tem um pouco de tempo para relaxar, pensam nossa já é o fim do ano, ou como fulana cresceu tão rápido, as coisas passam aos nossos olhos, talvez viciados, com uma velocidade que nos espanta.

Poderíamos ter ainda tempo para ter pequenos rituais sejam eles quais fossem, e incluo nisso escrever seu próprio diário íntimo, mas damos preferência a outras atividades, ou temos medo de pensar sobre nós mesmos, fazer a tal viagem interna.
Faz algum tempo que eu mesma escrevo meus próprios pensamentos, não defino data, horário, escrevo quando acho apropriado. Devo confessar que essa urgência de pôr no papel meus pensamentos normalmente surge nos momentos em que me sinto mais vulnerável, mas acredito ser normal parar para repensar as coisas quando algo nos afeta. Bom, acabei por abandonar parcialmente o hábito por não ter privacidade em minhas coisas, enfim problemas mais pessoais, que não veem ao caso me prolongar. Minha dúvida seguinte foi onde poderia escrever com certa privacidade aquilo que me atingia?

Conheci pessoas com blogs, comecei a ler e ver que poderia ser uma boa maneira de extravasar o que precisava. Fiz um e apesar de ser público tenho pouquíssimos leitores, mas esses já são amigos e que pela distância geográfica atual podem me seguir para saber como estou, já que nem sempre podemos nos encontrar pessoalmente.

No começo do blog, pensei em não escrever nada sobre mim, ser mais um campo de exposição do que encontrava por aí e com alguns questionamentos. Mas os dedos são fracos e logo comecei a alternar as coisas. Um dos comentário do meu amigo, foi a indicação de um livro chamado Diário Íntimo, que foi escrito por Henry Frederic Amiel, um filósofo francês de anos passados. Na sua época, já não existia tanto “o ritual” e ele passou a escrever com mais assiduidade, por assim dizer quando tinha seus 28 anos. Depois da dica fui atrás do livro, queria saber o por que da indicação e infelizmente esse é um livro que pouco foi comercializado no Brasil, que poucos conhecem e que só encontrei em um sebo, mas ainda não comprei por ter discordado do preço um pouco salgado para uma edição de 1964, mas tenho esperança de que ele ainda esteja lá esperando por mim e dessa vez levo sem pensar muito.

Bom voltando ao que falava, pessoalmente o blog não expõe minha intimidade como foi exposto. Nele tento colocar aquilo que passo, mas sem me aprofundar em detalhes, não conto tudo que me passa. Esses também nem tenho anotado, por medo que alguém o leia, guardo na minha memória e ali fica o quanto for relevante. Meus próprios amigos não entendem por vezes o que escrevo, e eles são meus amigo. Acho que tenho camuflado bem minha intimidade e criei esse post para colocar uma outra possibilidade, de que não o fiz para ter notoriedade ou para que todos saibam tudo sobre mim. Fiz para escapar da curiosidade alheia que permeia minha casa, pois eles não sabem que tenho um blog, nem ao menos o que é um, assim me encontro no meio de uma rede de interconexões, acessível a outros, mas camuflada. Um tanto estranho confesso, mas minha mente agradece, assim como minhas paredes e gatos cansados de tanto me escutar falar.

O Sol que nunca se põe por Raquel Ramos

Senhoras e senhores, bem vindos ao século XXI! A geração fake. Onde melhor que ser/ter é parecer ser/ter.

Para quem preserva as aparências e abre mão da essência, essa é a época certa de sua vivência.

O consumo exacerbado e o anseio pelos 15 minutos de fama, confirmam o que Debord chamava de: Sociedade Espetáculo!

Debord era um francês, cineasta, militante político e também artista. Ele escreveu que a sociedade espetáculo era modo de
vida estabelecido a partir da segunda metade do século XX. E por ter acompanhado esse processo de espetacularização, foi
considerado um visionário.

O orkut, famoso site de relacionamento, com suas simples modificações quase que cotidianas nos ajuda a acompanhar como o "famoso" deixou de ser adjetivo e passou a ser substantivo. Assim que surgiu, a moda era ter muitos amigos, muitas comunidades, no máximo 12 fotos.

Depois de um tempo, 24 fotos era o limite e perdia-se horas escolhendo qual deveria ser postada, afinal de contas em algum lugar deve se transparecer perfeição.
Como já era de se esperar, o espaço reservado para fotos aumentou e dessa vez exageradamente!

Confesso nem saber se existe um limite. De fato, com tanta informação disponibilizada, muitos passaram a colocar frases de grandes filósofos, poetas, estudiosos nos respectivos "quem sou eu". Mas será que possuem
tanta cultura assim? Tudo agora é [i]fake[/i]! Você pode ser quem quiser se clicar em 'editar perfil' e quem o lê acredita.. Ou finge! Entretanto, isso não é problema, tudo fingimento é.

Por que o espaço para fotografias é ilimitado? Será por mera coincidência? Em sua 12ª tese do livro A sociedade do Espetáculo, Debord explica.
"O espetáculo se apresenta como uma enorme positividade, indiscutível e inacessível. Não diz nada além de "o que aparece é bom, o que é bom aparece."
O que adianta dizer que é, se não aparece? Se você é, então se mostre! O que Debord escreveu em sua teoria está na prática em nosso cotidiano
mas já se fundiu de tal maneira ao nosso dia-a-dia que nem nos tocamos mais. Não conseguimos distinguir o real da fantasia.

Abaixo segue um diálogo, escrito por mim, onde, de maneira simples, tento mostrar a nossa função e os nossos papéis sociais no cotidiano.

A audição

- De onde vem essa sua vontade de atuar? - Questionou-me o rapaz responsável pelo teste
- Antes de responder a sua pergunta, você saberia me dizer quem é você? - Perguntei sentando à beira do tablado.
- Como assim? Que pergunta é essa? - Seu tom era áspero
- Você não entendeu a pergunta ou não sabe a resposta?
- Quem sou eu? Eu sou um estudante de mídia de 20 anos. Faço uns bicos, ajudo em casa.. Mas por que você quer saber disso? Isso é relevante?
- Então pra você o ser é secundário? - Encolhi as pernas e as abracei
- Não sei, nunca pensei nisso. E você? Quem é?
- Vou te dizer quem sou. Eu sou os pedaços de tudo. Faço-me e refaço-me a cada segundo. Posso ser uma em sua frente mas acredite que sou mais de um milhão.
Quando você me perguntou de onde vem a minha vontade de atuar, cheguei a conclusão de que atuo o tempo todo. - Sorri abaixando a cabeça. - Não sou essa que está
aqui mas também não sei se sou a que está lá fora. Nesse momento sou uma entrevistada e quando chegar em casa serei a filha, a irmã, a namorada, a amiga.
Não existe um eixo central pra isso. O ser me absorveu. Estou perdida em suas inúmeras facetas e ciladas. Isso não é mais uma questão de vontade. É mais que
necessidade. Isso sou eu.
- Essa é a sua resposta?
- Não. - Levantei enquanto pegava minhas coisas - Essa sou eu.
- Como posso confiar nessa resposta depois de tudo o que me disse? Ele segurou meu braço
- Se não entrar no meu roteiro, você não pode. - Bati a porta e segui.

Geisy Arruda: Um produto no mercado por Izabelle de Araújo

No dia 22 de outubro de 2009, a estudante do curso de Turismo da Uniban (Universidade Bandeirante), Geisy Arruda, sofreu assédio coletivo por ir ao campus de São Bernardo do Campo com um vestido curto. O episódio ganhou repercussão na internet, após vídeos do tumulto serem postados no 'YouTube', e conquistou notoriedade na imprensa nacional.

A partir deste fato, Geisy Arruda tornou-se a mais nova celebridade e consequentemente a mais nova mercadoria. A estudante recebeu convite do famoso cabeleireiro Julinho do Carmo para realizar tratamento de beleza e, ao fim do tratamento, mostrar sua transformação. Sua imagem – a de uma estudante humilde e vaidosa – foi usada para mostrar o potencial das novas técnicas de beleza para transformar mulheres comuns em verdadeiras celebridades.

No seu livro “Vida, O Filme: Como o entretenimento conquistou a realidade”, Gabler chama atenção para a tática da publicidade na qual “as mercadorias se tornam personalidades, assim como as personalidades se tornam mercadorias” – o que ocorreu com a estudante de turismo. Ainda segundo o autor, a publicidade, utilizando um ator ou personagem, sugere que a aura da celebridade penetra no consumidor que usa o produto indicado. Ou seja, qualquer mulher pode tornar-se uma bela mulher basta fazer uso do mesmo tratamento de beleza.

Para Gabler, “não é o valor que cria a celebridade, a celebridade que cria o valor”. Aproveitando a fama, a estudante lança grife com coleção “Rosa Divino” baseada no famoso vestido que protagonizou toda a situação que a tornou famosa: modelos curtos, apertados e cor-de-rosa – modelo antes considerado imoral.

Os personagens do mundo real e o voyerismo por Taciana Farias

GPS, google maps com seu 'mostre-me aqui', 'sorria - você está sendo filmado', perfis de orkut, facebook, flickr, youtube, tumblr etc.

Em parte nos preocupamos, talvez, com a velocidade com que tais tecnologias tomam conta da nossa vida, mas por outro lado não conseguimos nos ver sem ao menos um deles, seja para contar sobre nosso dia em nosso blog ou para fazer comercio, criando uma loja on-line.

Num momento em que o privado se torna público, projetamos nossas particularidades para qualquer outra pessoa e a transparência se torna um ideal. Criamos um personagem, um ego ideal, para ser admirado ou seguido pelas contas virtuais da vida. O voyeurismo é praticado quando todos os dias diferentes pessoas são 'stalkeadas' por curiosidade/prazer.

Nos autocriamos a cada click, a cada pagina exibida ou a cada vídeo acessado. Lemos posts sobre a vida alheia e tomamos partido daquilo que nos inquieta deixando nossos rastros nas caixas de comments.

Busca-se admiradores, pois na época 'big brother' é o interessante. A TV estimula nosso voyeurismo e temos a ilusão de controlar a vida/destino de outras pessoas em programas que 'brincam' de vida real, seja com temática amorosa, profissional, moda etc.

Cria-se polemica, pois é o que a mídia incentiva.
Ter fama, os 15 minutos tão sonhados podem estar representados na quantidade de comentários, no número de visitantes em determinado dia em seu site ou na porcentagem de votos que se recebe quando se participa de algum reality show.

Ao acessar o perfil de alguém numa rede social buscando similaridades e aceitação dentro de certo grupo, desenvolvemos mais um pouco de nossa personalidade ou da personalidade que gostaríamos de expor em nosso dia-a-dia no trabalho, na escola ou na universidade.

Praticamos o fetish da persona que na maioria das vezes não podemos assumir na vida real. Acontece uma conversa entre quem se expõe e quem quer espiar, daí o surto de webcams, álbuns online etc.

Num momento em que até o dinheiro é virtual e os meios sociais convencionais diminuem pouco a pouco pode-se assumir várias identidades ao mesmo tempo, como num grande jogo de RPG em que fabricamos nossos mundos fantásticos/ideais via web nas redes acessíveis ao coletivo, seja ele conhecido e desconhecido.

Vale pensar em como ficarão os relacionamentos e todas as questões sociais com todas as facilidades virtuais que cada vez mais aumentam de número.

A mobilidade que tanto nos favorece em dias corridos, pode nos afastar de costumes antigos como um simples bater papo na praça.

Hoje pode-se namorar online, conversar online, ver filmes e programas em tempo real e até o sexo virtual passa a não ser mais novidade. A tendencia será entregar nossas vidas a tal mobilidade por completo?

Quanto mais pensamos dominar o mundo a nossa volta com ferramentas inovadoras, na verdade nos prendemos cada vez mais em cada uma destas nos tornando produtos de uma maquinaria que nós mesmos criamos.

A influência dos líderes de opinião na venda de livros por Thaís Brito

Assim como observado por Lazarsfeld em seu tempo, os líderes de opinião ainda nos dias de hoje exercem grande influência sobre aqueles com os quais se relacionam. Tal influência é difundida por eles de diversas maneiras e a respeito dos mais variados tópicos. A partir daí é interessante tentar descobrir até que ponto os componentes de uma sociedade deixam que suas próprias opiniões sejam sobrepostas por aquelas apresentadas pelos considerados líderes ou formadores das mesmas.

Até mesmo na venda de livros é possível perceber uma forte participação dos líderes de opinião que, direta ou indiretamente, contribuem de forma notável para o bom ou mau desempenho de um livro. Isso acontece devido a um fluxo contínuo de informações, trocas sucessivas de pontos de vista que acabam por reafirmar, interferir ou mesmo modificar o pensamento “original” de um indivíduo.

Tomando como exemplo as listas de best sellers divulgadas atualmente é cabível que se pense a fórmula necessária para que esses livros atinjam um nível tão alto de reconhecimento por parte do público. Deixando de lado a publicidade profissional nesse momento, é importante destacar a propaganda boca-a-boca que se dá muitas vezes em contextos informais e despropositais, como simples conversas de amigos.


Será que se não houvesse esse determinado tipo de propaganda, os livros prosperariam de forma tão grandiosa em um período relativamente curto de tempo? Certamente, sem essa comunicação mais próxima e despreocupada, os livros teriam uma certa dificuldade em atingir o público de maneira tão intensa já que é dado muito crédito ao julgamento daqueles que fazem parte do nosso próprio círculo social, mais até do que ao conceito jogado na mídia.


A lista dos best sellers além de conter os livros mais bem elaborados, contém aqueles que foram mais bem divulgados pelos líderes de opinião e pela mídia, independente de seu conteúdo ou qualidade. Fenômenos como Harry Potter, os livros de Dan Brown, a saga Crepúsculo fazem com que o leitor se torne a própria divulgação e induza uma maior aderência por parte de seus conhecidos, formando um elemento poderoso quando se trata de difusão de propaganda.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A crítica de Andrew Keen a Web 2.0 por Evelin Silva

Mesmo com o seu enorme poder, o uso da Web 2.0, possui opositores bem fortes. O escritor norte-americano Andrew Keen é um deles e ficou conhecido por suas críticas ao fenômeno, no livro do qual foi o autor: The Cult of the Amateur(2007).

De maneira geral, o capítulo 1 do livro ‘‘ O culto do Amador’’ (lançado no Brasil em 2009), enfatiza o pessimismo de Andrew Keen quanto ao uso da Web 2.0, comparando os usuários a macacos digitais, de forma que, considera as criações dos internautas como ‘‘uma interminável floresta de mediocridade’’ (p. 8).

O objetivo do autor é mostrar aos leitores o impacto destrutivo que a revolução digital está provocando em nossas vidas. Como exemplos, Andrew Keen cita as redes sociais (MySpace, Orkut, Facebook) como: ‘‘ as formas mais narcisistas de fazer propagandas de nós mesmos’’. Além disso, o autor dá bastante ênfase ao poder da Wikipédia, em que, a qualquer momento, qualquer pessoa, pode fazer alterações em seu conteúdo, questionando assim, o poder de confiabilidade do mesmo.

Outra questão levantada pelo texto é o poder do anonimato que a web gera aos seus usuários. Daí então, ele destaca o crescimento exponencial dos blogs na rede mundial de computadores, de forma que considera essa explosão de ‘‘blogueiros’’, na maior parte das vezes, como pessoas que querem falar somente sobre suas vidas pessoais.

Dessa forma, e com vários exemplos, Andrew Keen, reforça a idéia de que a informação que nos é passada diariamente pelo meio virtual está passível a declínio de qualidade e confiabilidade. Pois, segundo ele, o que existe hoje, é um culto ao amador ao invés do especialista.

Por fim, o trecho seguinte reforça a opinião do autor:‘‘ Chegou a hora do amador, e agora é a platéia quem está dirigindo o espetáculo.’’ (p. 36)

Abaixo, segue o link do blog de Andrew Keen em que além de informações sobre o autor, pode-se encontrar uma entrevista do mesmo a Globo News, em que ele argumenta a sua opinião quanto ao uso da Web 2.0. Vale a pena conferir!

Fontes: KEEN, Andrew. O culto ao amador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar., 2009. (páginas 7 a 36)

Site: Andrew Keen

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Espetacularização Dos Programas De Televisão por Marcela Miranda

Em sua obra “A Sociedade Do Espetáculo” Guy Debord aborda que na sociedade a realidade se mistura com a ficção e o individuo passa a viver uma representação, baseada nas aparências e no consumo tendo no final sempre um espetáculo. Basta observar nos últimos tempos alguns programas como “Casos de Família” apresentado pela jornalista Christina Rocha que é baseado nos conflitos interpessoais que acontecem entre membros da mesma família, vizinhos e até no ambiente de trabalho. Tornando esses problemas pessoais que teoricamente deveriam ser resolvidos particularmente em grandes espetáculos.



Pela necessidade de garantir o nível de audiência a apresentação desses tipos de programação deixa clara a principal estratégia: chamar a atenção do telespectador mostrando histórias de vida utilizando sempre a dramatização, o jogo, explorando os desentendimentos.

Outro exemplo é Programa da Márcia apresentado pela Márcia Goldschimidt vinculado pela TV Bandeirantes com o mesmo princípio de entrevistas, convidam profissionais como psicólogos e advogados para ajudar no desfecho de cada caso - paixões, traições, desencontros. Outro quadro de seu programa é “Espelho, Espelho Meu” que transforma o visual de pessoas descontentes com a aparência, vendendo a idéia de que apenas um corte de cabelo e um tratamento dentário dão uma nova vida a pessoas, exemplificando o que Neal Gabler enuncia que as pessoas acreditam que são transformadas pelas mercadorias que são induzidas a consumirem “ E essas transfiguração não se limitava à aparência;era também uma questão de mudar a maneira como a pessoa se sentia a respeito de si mesma.”( Vida, O Filme, pagina 195).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mineiros chilenos: Sob a terra e os holofotes – Uma possível análise do caso pela perspectiva de Debord e a Sociedade do Espetáculo por Milena Pereira

Dia 5 de agosto de 2010; um dia aparentemente como outro qualquer não fosse um acidente que viria a marcar a história.

No Chile, 33 mineiros ficam presos após serem soterrados em decorrência de um acidente numa mina de cobre onde trabalhavam.

Tal acidente ganhou notoriedade na mídia que por sua vez acompanhou os 69 dias de intensa angústia tanto para os presos quanto para os telespectadores.

O resgate, por sua vez, aconteceu no dia 13 de outubro, e fora visto e comentado por todo o planeta em tempo real graças à uma cobertura feita por satélite.

Após terem sido resgatados, os mineiros ficaram ainda mais sob os holofotes mundiais. Suas histórias particulares tornaram-se tema de jornais e revistas; empresas premiaram os vitimados com seus produtos ( como a Apple que ofereceu Ipods para todos); ídolos do futebol mandaram camisas, ofereceram visitas do grupo aos maiores e mais importantes estádios; empresas de turismo ofertaram viagens ( incluindo um cruzeiro pelas Ilhas Gregas); além de os mineiros chilenos terem caído nas graças dos programas de TV.

Com tudo isso, os tais chilenos tornaram-se celebridades, famosos aos olhos do mundo, e suas vidas foram maciçamente espetacularizadas.

Guy Debord sugere em seu livro “A sociedade do Espetáculo”, que seja difícil identificar de onde provém a espetacularização. É difícil definir até que ponto a espetacularização do eu é desejada ou é a resposta a um estímulo social; trata-se de uma difícil tarefa identificar onde começa e onde termina o desejo pessoal e a pressão social.

Para Debord, a sociedade Ocidental estaria se convertendo em um novo estágio do capitalismo, que seria justamente a dita sociedade do espetáculo. Nesta idéia de sociedade o real e a ficção seriam imbricados de forma tal que não saberíamos mais distinguí-las; nossa vida passa a ser encarada como um espetáculo em geral, onde não se identifica os fios tênues que definem o que seria verdade ou mentira, realidade ou invenção... o espetáculo é o todo geral.

Debord afirma que a sociedade do espetáculo é a sociedade da aparência, do parecer e do aparecer. No caso dos mineiros, o fato de aparecerem na mídia como sobreviventes de um dito “milagre” os fez parecerem de fato um milagre, um indício de que o que parece impossível pode de fato acontecer.

Percebido esta idéia, Hollywood se interessou pela história dos mineiros chilenos que, ao que tudo indica, terão seu fatídico episódio de vida representado nas telonas de cinema sob orientação da produtora do super astro Brad Pitt.

Como pôde notar-se, ao que parece, o caso dos mineiros chilenos ainda permanecerá um tempo sob os holofotes desta sociedade do espetáculo em que vivemos.

REALITY SHOWS - Do exibicionismo à gladiatura psicológica

Por Regiane Santos em 23/6/2009

Gladiatura psicológica mesclada ao exibicionismo e voyeurismo de potenciais candidatos à fama ou pseudo-famosos integram os principais ingredientes da bem-sucedida fórmula que garante altos índices de audiência aos reality shows produzidos no Brasil.

Formato explorado à exaustão pelas emissoras de televisão comerciais, visto o considerável número de edições, os shows de realidade expõem a intimidade de seus participantes, rendendo, assim, a todas as partes envolvidas, elevadas cifras que engordam suas contas bancárias.

Embora tenham surgido programas no formato de reality shows ainda na década de 1940, os espetáculos da pós-modernidade emergem ao grande público somente no final dos anos 90 com a criação do Big Brother por John de Mol, proprietário e executivo da emissora de televisão holandesa Endemol.

"Competitividade semeia discórdias"

Inspirado no livro 1984, de George Orwell, no qual um governante déspota manipula seu reino através de câmeras de vídeo, o Big Brother, assim como o político na obra de ficção, vigia seus discípulos por intermédio da tecnologia.

Diante dos atentos olhos eletrônicos espalhados por uma confortável e bem decorada casa, nada passaria despercebido. Baseado nesta premissa, George Orwell apimenta ainda mais sua idéia ao conceber um novo produto midiático que pretende reunir pessoas que, anteriormente, nunca haviam compartilhado sua rotina em um mesmo ambiente.

Mesmo sem gostos e hábitos semelhantes, os participantes dos reality shows iniciam sua estada nas mansões de luxo projetadas para o game contagiados pela disposição de estabelecer elos de cumplicidade com seus companheiros de confinamento.

Mas bastam alguns dias para que a crua realidade bata à porta destes shows, adentrando, avassaladoramente, naquele recinto, transmutando o "mar de rosas" ali existente em um oceano de ressentimento, mágoa e raiva, sentimentos que, combinados, culminam em ferrenhas brigas que beiram a agressão física.

"Em um primeiro momento, tudo era um todo perfeito. Os sonhos pareciam ter teto, assoalho e paredes de real. Os sujeitos foram convidados – compunham um seleto grupo de privilegiados, vocacionados a vencer.

A Casa, em sua fisionomia de concreto, era olhada com encômios. Era bela. Tudo parecia estimular o otimismo, que, por sua vez, tinha pose do pretenso êxtase. O paraíso existia, através da ribalta televisiva, embalado pelas cantigas do pensamento mágico.

Os sujeitos se encontravam envoltos no halo da solidariedade. Uns amavam os outros desde a primeira infância. Todos tinham poder-libido dominante. Aos poucos, algumas cáries emocionais começam a vir à tona. O desejo de ficar na Casa, convivendo com a possibilidade de ser eliminado. Foi a antítese da votação, que começa a roubar a cena com conseqüências específicas. A competitividade faz a semeadura das discórdias" (RAMOS, Roberto).

Lucros exorbitantes

As emissoras transmitem aos telespectadores um "belo" espetáculo de gladiatura psicológica inspirado no massacre que integrava o entretenimento na antiga Roma, capital da Itália.

Ao invés de assistir a brutais agressões regadas à sangue, fruto de lutas em arenas entre gladiadores, o público acompanha, confortavelmente, através de seus aparelhos de TV, participantes que criam intrigas, vomitam palavrões durante agressivas discussões e formam complôs.

"Aparentemente, estão apenas conversando, namorando, fazendo ginástica, indo a festas. Mas nós (e eles) sabemos que estão se digladiando para eliminar os outros e vencer" (MINERBO, Marion).

Escolhidos pela produção destes reality shows, os gladiadores, ou melhor, os participantes, devem, além de se enquadrarem aos estereótipos apreciados pelo público, ser polêmicos, para render, através de suas personalidades dicotômicas e explosivas, ferozes confrontos que irão garantir audiência aos canais de televisão e, conseqüentemente, exorbitantes lucros, uma vez que haverá um considerável demanda por merchandising motivada pelo grande número de pessoas que permanecem, naquele horário, grudadas em frente à tela da TV.

"Como os participantes do BBB, os gladiadores também lutavam entre si até o fim. A luta entre gladiadores era totalmente realista e isso empolgava as platéias de Roma" (MINERBO, Marion).

Espetáculos da pós-modernidade

Além da gladiatura psicológica que eleva os índices de audiência das emissoras de televisão brasileiras, e, conseqüentemente, proporciona altas cifras à suas contas bancárias, os corpos dos participantes são expostos à exaustão para desencadear, também objetivando elevar as receitas dos canais de tevê, o voyeurismo entre os telespectadores que observam, obsessivamente, o físico daquelas cobaias aprisionadas em um zoológico humano como fonte de prazer.

"Os homens bonitos e com corpos atléticos, as mulheres histéricas e siliconadas: tudo isso cria um viveiro sintético que, exerce certo fascínio sobre o público.

A natureza perversa dessa espécie de espetáculo reside precisamente nisso: os sujeitos tendem a se reduzir a corpos mais ou menos erógenos, objetos de prazer (até onde é possível para o público)" (RÜDIGER, Francisco).

Mas se tal exibicionismo não agradou ao público que ceifou o participante da corrida pelo tão almejado prêmio em dinheiro prometido ao vencedor do game, a maioria, especialmente o sexo feminino, perpetua a exploração do voyeurismo na tentativa de compensar a perda financeira provocada pela eliminação do reality show.

"Big Brother e Casa dos Artistas são uma mistura de participação dirigida, encenação realista e promoção mercadológica, representado por elencos cuja formação é feita sobretudo por artistas fracassados, cantores obscuros, atores marginais, promotores de eventos, modelos estereotipados etc. As pessoas foram recrutadas por critérios de representação mercadológica, em vez de sociológica.

Conseguir contratos para fazer publicidade, participar de convenções empresariais, animar grupos de auto-ajuda e posar sem roupas, de pernas abertas, em revistas eróticas, são alguns dos benefícios proporcionados pela meteórica aparição nestes espetáculos da pós-modernidade" (RÜDIGER, Francisco).

Proliferação vertiginosa

Em constante decadência desde a popularização da internet no país, as emissoras de televisão procuram, desesperadamente, alternativas para alavancar suas receitas.

Os reality shows geram consideráveis lucros aos conglomerados de comunicação. "As empresas não escondem que os programas são vistos como um negócio: é sobretudo nessa linha que ‘todos’ os tipos de exibicionismo são muito bem explorados" (RÜDIGER, Francisco). De acordo com notícias divulgadas pela mídia nacional, a última edição do BBB gerou à Rede Globo de Televisão receita superior a R$ 100 milhões.

Estes são falsos shows de realidade – uma vez que "no reality show faz-se do defeito, virtude. A graça toda consiste em não sabermos ao certo quanto de representação consiste e quanto de realidade há naquilo tudo. O reality show é um espetáculo e, ao mesmo tempo, é `de verdade´. Os participantes do BBB são pessoas comuns lutando por ascensão social e, nesse sentido, são `de verdade´. Mas há uma dimensão de representação, já que se trata de um jogo que eles representam pessoas comuns lutando por ascensão social" (MINERBO, Marion) – proliferam vertiginosamente pelos lares brasileiros em função, especialmente, da ausência de fiscalização de governantes, opinião pública e população que, mesmo diante deste "circo de horrores", curvam-se perante os conglomerados midiáticos como súditos curvam-se diante do rei, mesmo sendo públicas as concessões destas emissoras.

"O principal objetivo da televisão comercial é vender audiência, reduzindo o papel do telespectador ao de um mero consumidor" (CARVALHO, Cristiane Mafacioli).

Banalização completa

Sem propor debates sobre o conteúdo dos programas a serem exibidos por tal meio de comunicação, a população, especialmente a classe econômica com menor poder aquisitivo, cuja principal fonte de informação e lazer restringe-se à televisão, parece fadada a permanecer refém da gladiatura psicológica, exibicionismo e voyeurismo para atender aos interesses financeiros da grande mídia.

Frente a esta apatia, a televisão afasta-se do ideal de exibir programas que aliem entretenimento à informações de qualidade, uma vez que a televisão tem a capacidade de "criar, contar e compartilhar histórias e, conseqüentemente, programas que sejam úteis e que estimulem não somente uma democratização da sociedade, mas também uma mudança no foco desta completa banalização que assolou a comunicação social" (BORGES, Gabriela).

Fonte: Observatório da Imprensa

Dica da Taci

domingo, 21 de novembro de 2010

Análise da reportagem "Onde fica a privacidade?" por Liana Vasconcellos

ONDE FICA A privacidade?

Adriana Barsotti

Vinte e um anos depois de ter escrito “A sociedade do espetáculo” (Contraponto), o filósofo francês Guy Debord afirmou, em 1988, comentando sua própria obra: “Posso me gabar de ser um raro exemplo contemporâneo de alguém que escreveu sem ser imediatamente desmentido pelos acontecimentos”. Se estivesse vivo, teria mais motivos ainda para se gabar. O livro, escrito numa época em que não havia YouTube, blogs, fotologs e redes sociais, afirmava que o espetáculo era a principal produção de uma sociedade que privilegiava a visão. O que diria ele agora das redes sociais com georreferenciamento, o mais recente fenômeno digital, onde todos não apenas querem ser vistos, mas localizáveis? Com algumas diferenças, elas funcionam assim: ao chegar a determinado local, o usuário, através de seu celular, recebe uma lista de restaurantes, supermercados, parques, academias, farmácias, shoppings ou qualquer outro tipo de estabelecimento perto de onde se encontra. A partir daí, ele pode encontrar na lista o local onde está e fazer um check-in. Se ele ainda não estiver cadastrado, ele mesmo pode fazê-lo. Ao fazer seu check-in, ele pode optar comunicá-lo aos seus amigos da rede social móvel que está utilizando e também à sua rede no Facebook e no Twitter. Além de revelar sua localização, ainda pode acrescentar alguma mensagem do tipo: “afogando as mágoas num milk-shake de chocolate”. Também pode não comunicar a ninguém, opção que parece bem menos atraente aos usuários.

Com o limite cada vez mais frágil entre o público e o privado e as possibilidades de superexposição multiplicando-se, o que estaria motivando essa ditadura da intimidade, que agora pode ser literalmente mapeada? Um novo conceito de privacidade estaria surgindo? As redes sociais que usam o GPS trazem várias discussões à tona: o uso mercadológico, pois na Europa e nos EUA muitas já oferecem vantagens a seus usuários, a da falta de segurança — se você está em algum lugar é porque não está em casa — e a da falta de privacidade, foco deste debate.

— A intimidade hoje não é a mesma do século passado. Vivemos numa sociedade
confessional — analisa o psicanalista Chaim Samuel Katz.

Comentários

Adriana Barsotti tem toda razão ao afirmar que a ideologia de Guy Debord está mais do que atual. Estamos vivendo em uma sociedade que privilegia a visão, o exibicionismo e a super exposição do ego.

Na continuação da reportagem, nossa professora Paula Sibília( autora de “ O Show do Eu: a intimidade como espetáculo”) afirma que hoje todos nós somos localizáveis e disponíveis o tempo todo e como é paradoxal que a retórica desses dispositivos midiáticos jogue com a liberdade, pois estamos cada vez mais presos.

Entretando, Vinícius Pereira(diretor do Pan-Media Lab), acredita que o exibicionismo é apenas um dos motivos para o uso das redes sociais e afirma que estas podem ser poderosas fontes de informação: um condutor ao postar as condições do trânsito em uma dessas redes, está enviando informações de interesse público aos outros motoristas e assim por diante.

Vale ressaltar também que não foi só o conceito de privacidade que mudou, o de vigilância também. A sociedade disciplinar descrita por Foucault, onde o vigiar estava diretamente relacionado à punição, em instituições de confinamento como prisões, escolas, fábricas e hospícios, deu lugar a uma sociedade com sistema de recompensa, onde é possível ganhar desconto, vantagens e prêmios e ter seus cinco munitos de fama de maneira fácil e rápida.

O psicanalista Chaim Samuel Katz, autor de “Complexo de Édipo”, afirma que vivemos hoje numa sociedade confessional, onde existe uma multiplicidade de “eus” e onde é possível ter várias identidades dependendo das circunstâncias. A cada segundo milhões de internautas postam nas redes sociais( Facebook, Orkut, Twitter….) onde estão, o que estão fazendo, aonde vão e muitas outras informações pessoais, que põem em risco a questão da segurança. É literalmente uma sociedade confessional, que “confessa”todos os detalhes e ações do seu cotidiano.

Daqui a alguns anos veremos até que ponto essa super exibição e esse espetáculo perene da vida social foi benéfico ou não para nós. Por enquanto, o que nos resta fazer é: postar…postar e…… postar.

Escolhi este texto para o blog porque achei ele muito interessante, além de abordar vários tópicos que vimos em sala de aula. Espero que vocês apreciem!! Se alguém tiver interesse em ler a reportagem completa é só me mandar um e-mail: liana-vasconcelos@uol.com.br.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

YouTube recebe mais de 50 mil horas de vídeo por dia

Volume é equivalente a 176 mil filmes de duas horas.
Google atribui aumento à facilidade de envio por celular.


O YouTube divulgou na quarta-feira (10) que o site recebe, a cada minuto, 35 horas de vídeo, 11 horas a mais do que em março deste ano.

Segundo o blog oficial do YouTube, o site recebe cerca de 50,4 mil horas de uploads por dia, o equivalente a 176 mil filmes de duas horas de duração por semana.

Conforme o post, se o volume de vídeos mensais fosse transmitido por uma rede de televisão, poderia encher sua programação durante os próximos 60 anos.

O Google atribui esse aumento ao crescimento em 50% da duração dos vídeos – de 10 a 15 minutos –, ao tamanho das gravações (que subiu para até 2GB), e ao fato de que, atualmente, é mais fácil enviar conteúdo por meio de aparelhos celulares.

Fonte: G1

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Transcultura: Projeto on-line do cineasta David Lynch chega ao fim com 121 depoimentos de pessoas 'normais'

Chegou ao seu fim programado o The Interview Project, uma iniciativa exclusivamente on-line, idealizada por David Lynch. Ao longo de dez semanas, Austin, filho do diretor, percorreu mais de 30 mil quilômetros pelos Estados Unidos com sua equipe, em busca de pessoas que foram escolhidas e entrevistadas aleatoriamente.


No total foram 121 entrevistados, encontrados em bares, nas portas de suas casas ou até mesmo à beira das grandes rodovias americanas. A primeira entrevista foi publicada no primeiro dia de junho do ano passado, e desde então, a cada três dias, uma nova entrevista era postada no site.

No projeto, é traçado um panorama da classe trabalhadora, através do qual é possível mergulhar profundamente na riqueza das histórias de pessoas "normais". Os vídeos têm entre três e cinco minutos de duração, sempre com uma introdução do próprio Lynch. Eles se resumem ao testemunho espontâneo dos entrevistados sobre suas vidas, em que respondem a questões como "Quais eram seus sonhos de criança?" ou "Como foi seu primeiro encontro com a morte?".

É muito comum entre os entrevistados a idade avançada (por volta dos 60 anos), e também o fato de serem trabalhadores informais ou empregados mal remunerados. A atmosfera das entrevistas nos lembra muito o filme "História real" (1999), no qual Alvin (Richard Farnsworth), de 73 anos, dirige um pequeno trator de cortar grama por quase 500 quilômetros para se reconciliar com seu irmão e no caminho conhece várias pessoas à margem da estrada.

Não é de hoje que David Lynch se revela um grande fã da internet. Antes da era YouTube, ele já publicava vídeos em seu site, como curtas e vídeos experimentais que não poderiam ser exibidos em salas de cinema por conta do altíssimo custo. Em 2002, ele lançou a série de curtas chamada "Rabbits", que depois veio a ser reaproveitada no filme "Império dos sonhos" (2006). Graças à internet ele aprendeu sobre After Effects, animação em Flash, além de ter descoberto e se apaixonado pelo vídeo digital.

Fonte: Jornal O Globo