sábado, 4 de dezembro de 2010

Posts Íntimos por Mayara Caetano

Minha fonte de criação para essa postagem foi o último texto que debatemos em aula, que era de autoria de nossa própria professora. A temática que antes foi uma tese e depois tornou-se um livro, deve ter atraído a atenção de muitos já que estamos no meio desse turbilhão, intitulado O Show do Eu.

A parte que mais me tocou do texto foi sobre a criação de blogs e exposição de sua intimidade em rede, acessível a todos os que possuem conexão com a web. Nos tempos que já passaram escrever sobre o que pensava, sentia era feito um ritual, feito em uma redoma de exclusividade onde poderíamos considerar quase uma suspenção do tempo para fazer uma viagem ao mais íntimo que a pessoa que escrevia possuía. Dos livros que li, que retratavam séculos anteriores ao atual, me transparece tal visão, que pode até ser equivocada, pois não estava presente naquele momento para poder
comprovar nada.

Atualmente, seja por má administração ou fato, a temporalidade parece engolir todas as nossas forças, temos obrigações e necessidades para ontem, tudo parece passar muito rápido, muitos quando tem um pouco de tempo para relaxar, pensam nossa já é o fim do ano, ou como fulana cresceu tão rápido, as coisas passam aos nossos olhos, talvez viciados, com uma velocidade que nos espanta.

Poderíamos ter ainda tempo para ter pequenos rituais sejam eles quais fossem, e incluo nisso escrever seu próprio diário íntimo, mas damos preferência a outras atividades, ou temos medo de pensar sobre nós mesmos, fazer a tal viagem interna.
Faz algum tempo que eu mesma escrevo meus próprios pensamentos, não defino data, horário, escrevo quando acho apropriado. Devo confessar que essa urgência de pôr no papel meus pensamentos normalmente surge nos momentos em que me sinto mais vulnerável, mas acredito ser normal parar para repensar as coisas quando algo nos afeta. Bom, acabei por abandonar parcialmente o hábito por não ter privacidade em minhas coisas, enfim problemas mais pessoais, que não veem ao caso me prolongar. Minha dúvida seguinte foi onde poderia escrever com certa privacidade aquilo que me atingia?

Conheci pessoas com blogs, comecei a ler e ver que poderia ser uma boa maneira de extravasar o que precisava. Fiz um e apesar de ser público tenho pouquíssimos leitores, mas esses já são amigos e que pela distância geográfica atual podem me seguir para saber como estou, já que nem sempre podemos nos encontrar pessoalmente.

No começo do blog, pensei em não escrever nada sobre mim, ser mais um campo de exposição do que encontrava por aí e com alguns questionamentos. Mas os dedos são fracos e logo comecei a alternar as coisas. Um dos comentário do meu amigo, foi a indicação de um livro chamado Diário Íntimo, que foi escrito por Henry Frederic Amiel, um filósofo francês de anos passados. Na sua época, já não existia tanto “o ritual” e ele passou a escrever com mais assiduidade, por assim dizer quando tinha seus 28 anos. Depois da dica fui atrás do livro, queria saber o por que da indicação e infelizmente esse é um livro que pouco foi comercializado no Brasil, que poucos conhecem e que só encontrei em um sebo, mas ainda não comprei por ter discordado do preço um pouco salgado para uma edição de 1964, mas tenho esperança de que ele ainda esteja lá esperando por mim e dessa vez levo sem pensar muito.

Bom voltando ao que falava, pessoalmente o blog não expõe minha intimidade como foi exposto. Nele tento colocar aquilo que passo, mas sem me aprofundar em detalhes, não conto tudo que me passa. Esses também nem tenho anotado, por medo que alguém o leia, guardo na minha memória e ali fica o quanto for relevante. Meus próprios amigos não entendem por vezes o que escrevo, e eles são meus amigo. Acho que tenho camuflado bem minha intimidade e criei esse post para colocar uma outra possibilidade, de que não o fiz para ter notoriedade ou para que todos saibam tudo sobre mim. Fiz para escapar da curiosidade alheia que permeia minha casa, pois eles não sabem que tenho um blog, nem ao menos o que é um, assim me encontro no meio de uma rede de interconexões, acessível a outros, mas camuflada. Um tanto estranho confesso, mas minha mente agradece, assim como minhas paredes e gatos cansados de tanto me escutar falar.

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