quarta-feira, 7 de julho de 2010

Malvados por Layanna Azevedo

O objetivo desta postagem não é apenas aliar os conhecimentos teóricos adquiridos durante o curso de teorias da comunicação a um produto midiático, como também apresentar aos leitores do blog o jovem quadrinista André Dahmer e seu “Malvados”. A geração 2000 de quadrinistas é pioneira no território virtual, publicando amplamente seus trabalhos na internet. A forma mais dinâmica de apresentá-lo aqui é discutindo algumas das teorias da comunicação e ilustrando-as através dos quadrinhos.

O site do “Malvados” divide-se em diversas séries produzidas por Dahmer. Aqui, será utilizada primordialmente a série “Quadrinhos dos anos 10”, onde o quadrinista retrata a primeira década do século XXI, onde é possível visualizar o que Guy Debord chama de “sociedade do espetáculo”.



Segundo Paula Sibilia em seu livro “O show do eu”, há uma grande exibição da intimidade na internet no século XXI. Qualquer pessoa pode produzir conteúdo – inclusive expondo sua vida. “Tanto na internet quanto fora dela, hoje a capacidade de criação é sistematicamente capturada pelos tentáculos do mercado, que atiçam como nunca essas forças vitais e, ao mesmo tempo, não cessam de transformá-las em mercadorias”. Dahmer sintetiza tal característica da sociedade contemporânea de forma crítica e ilustrativa:



Aliada a esta questão da exibição da intimidade tem-se o espetáculo constituído como o modelo de vida dominante na sociedade, segundo Guy Debord, onde a aparência é afirmada como simples aparência. Para Neal Gabler, nossa cultura do consumo é orientada para a personalidade, fazendo com que interpretar algo seja tão bom quanto ser algo. Nossa cultura deixou de ser uma cultura das “necessidades” para de tornar uma cultura dos “desejos”, onde inclusive pessoas tornam-se mercadoria:



Guy Debord, já na década de 1960, coloca que o atual momento da sociedade capitalista “leva a um deslizamento generalizado do TER para o PARECER”. O importante no espetáculo é fazer ver, ser visto pelos outros. Neal Gabler igualmente trabalha com tal questão, apontando o fato de a imagem projetada ao outro de que se tem algo ser mais importante do que de fato possuir este algo. Nas palavras do autor, “a interpretação sobrepujara a substância”. Uma experiência pessoal recente, que serve de exemplo para tal questão: duas amigas viajaram à Paris; ambas tiraram fotos na entrada do Louvre. Quando perguntei como era o Louvre, se conseguiram ver tudo, quais seções mais gostaram, a resposta que obtive foi : - “Ah, não entrei não... só tirei foto na entrada”! E as belas fotos, com seus rostos estampados ao lado da pirâmide do Louvre, estão estampadas em todas as redes sociais. Como coloca André Dahmer, “mais do que viver o momento, o importante era registrá-lo”:



Para conhecer mais da obra de André Dahmer, siga o @malvados no Twitter ou acessem http://www.malvados.com.br

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