quinta-feira, 1 de julho de 2010

Covers: A exposição do eu na sociedade do espetáculo por Andressa Franceschett

Cover é uma palavra da língua inglesa que significa cobertura, tampa, proteção, entre outros. No entanto, também é usada com outro sentido: diz-se do indivíduo que é ou se faz sósia de alguém, geralmente para alguma atividade profissional.



Atualmente, com a “democratização” dos canais midiáticos (“Show do eu”, páginas 10/11), há uma imensa exposição do “eu” na Internet, principalmente nas redes sociais. “Em uma atmosfera como a contemporânea, que estimula a hipertrofia do eu até o paroxismo, que enaltece e premia o desejo de “ser diferente” e “querer sempre mais”, são outros os desvarios que nos assombram.” (“Show do eu”, página 8).

O Youtube, um conhecido de todos nós, é uma das redes mais usadas para a exposição acima citada, sobretudo por anônimos buscando a fama. Um exemplo? Covers. Na ferramenta de busca do site, como teste, escrevi “cover”. Não foi surpresa, porém, a quantidade absurda de resultados dessa pesquisa. Em apenas alguns segundos, 20 milhões de páginas apareceram. Deixando de lado aqueles que realmente alcançaram o sucesso por meio dessa rede, os anônimos – não tão anônimos depois de seus vídeos – aproveitam seus 5 minutos de fama.

Apesar dos milhões de acessos em cada um dos vídeos, são poucos que realmente se tornaram famosos. No entanto, na sociedade do espetáculo em que vivemos, o importante é aparecer, se expor, representar. “Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação.” (“A sociedade do espetáculo”, página 13).

Como escreveu Debord: “O espetáculo se apresenta como uma enorme positividade, indiscutível e inacessível. Não diz nada além de “o que aparece é bom, o que é bom aparece”. A atitude que por princípio ele exige é a da aceitação passiva que, de fato, ele já obteve por seu modo de aparecer sem réplica, por seu monopólio da aparência.” (“A sociedade do espetáculo”, páginas 16/17).

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