quinta-feira, 8 de julho de 2010

Big Brother Brasil e a Sociedade do Espetáculo por Jhessica Atalla

Vamos dar uma espiadinha?!



Em época de Big Brother Brasil (BBB) não se fala em outra coisa nas filas de banco, supermercado, nas salinhas de espera ou pelas ruas do país, todos querem saber o que se passa pela cabeça daqueles candidatos a participantes que vão todos os dias “entrar” na casa de milhares de brasileiros, levando- os a gargalhar, odiar, chorar, torcer e vibrar por suas conquistas; candidatos anônimos, desesperados por dinheiro e atenção (não obrigatoriamente nessa ordem). O “legal” do BBB é isso: Vivenciar tristeza de outras pessoas ausentando- se da própria vida, mas observando- se no outro. Não se quer pensar, agir ou sentir, abdica- se da própria angústia existencial para que falsos atores vivam intensamente pelos espectadores.

A partir desse “Fenômeno” de audiência, podemos refletir sobre a banalização e valorização espetacular da vida íntima. Preservar a vida íntima já foi considerado, há alguns anos atrás, um valor, mas nos dias de hoje está cada vez mais na “moda” tornar a vida privada pública.



Quanto aos telespectadores, podemos perceber um consumo massivo de imagens por um público que fica extasiado diante do espetáculo criado pela indústria da televisão e pela ficção do “real”, afinal, o BBB é considerado uma novela da vida real, na qual o público curioso procura por imagens de vulgaridades, banalidades e passam a bisbilhotar sobre a vida daqueles, até então, anônimos que se tornam famosos e íntimos de uma hora pra outra. A diferença dessa novela, é que os atores que desempenham tais papéis são pessoas comuns e agem como se estivessem vivenciando momentos espontâneos da vida privada.

Para que possamos entender melhor a respeito do crescente público fiel do BBB recorreremos à Debord, que diz: “o espetáculo é uma forma de sociedade em que a vida real é pobre e fragmentária, e os indivíduos são obrigados a contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real, (...), a realidade torna- se uma imagem, e as imagens, tornam- se realidade; a unidade que falta à vida, recupera- se no plano da imagem.”



Enfim, o BBB trata- se de acontecimentos do dia-a-dia, mais ou menos próximos daqueles que assistem ao programa (pessoas comuns em sua maioria), que são representados por uma série de padrões de beleza e conta com uma ajuda de uma poderosa equipe de edição que transforma qualquer acontecimento comum em algo extraordinário, além de estereotipar seus participantes, assim como se faz em novelas, identificando- os como: mocinho, vilão, louco, vovó, netinha, casal e etc.
Como disse Debord: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediadas por imagens.” (“Sociedade do espetáculo”, 1967)

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