Em época de Big Brother Brasil (BBB) não se fala em outra coisa nas filas de banco, supermercado, nas salinhas de espera ou pelas ruas do país, todos querem saber o que se passa pela cabeça daqueles candidatos a participantes que vão todos os dias “entrar” na casa de milhares de brasileiros, levando- os a gargalhar, odiar, chorar, torcer e vibrar por suas conquistas; candidatos anônimos, desesperados por dinheiro e atenção (não obrigatoriamente nessa ordem). O “legal” do BBB é isso: Vivenciar tristeza de outras pessoas ausentando- se da própria vida, mas observando- se no outro. Não se quer pensar, agir ou sentir, abdica- se da própria angústia existencial para que falsos atores vivam intensamente pelos espectadores.
A partir desse “Fenômeno” de audiência, podemos refletir sobre a banalização e valorização espetacular da vida íntima. Preservar a vida íntima já foi considerado, há alguns anos atrás, um valor, mas nos dias de hoje está cada vez mais na “moda” tornar a vida privada pública.
Quanto aos telespectadores, podemos perceber um consumo massivo de imagens por um público que fica extasiado diante do espetáculo criado pela indústria da televisão e pela ficção do “real”, afinal, o BBB é considerado uma novela da vida real, na qual o público curioso procura por imagens de vulgaridades, banalidades e passam a bisbilhotar sobre a vida daqueles, até então, anônimos que se tornam famosos e íntimos de uma hora pra outra. A diferença dessa novela, é que os atores que desempenham tais papéis são pessoas comuns e agem como se estivessem vivenciando momentos espontâneos da vida privada.
Para que possamos entender melhor a respeito do crescente público fiel do BBB recorreremos à Debord, que diz: “o espetáculo é uma forma de sociedade em que a vida real é pobre e fragmentária, e os indivíduos são obrigados a contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real, (...), a realidade torna- se uma imagem, e as imagens, tornam- se realidade; a unidade que falta à vida, recupera- se no plano da imagem.”
Enfim, o BBB trata- se de acontecimentos do dia-a-dia, mais ou menos próximos daqueles que assistem ao programa (pessoas comuns em sua maioria), que são representados por uma série de padrões de beleza e conta com uma ajuda de uma poderosa equipe de edição que transforma qualquer acontecimento comum em algo extraordinário, além de estereotipar seus participantes, assim como se faz em novelas, identificando- os como: mocinho, vilão, louco, vovó, netinha, casal e etc.
Como disse Debord: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediadas por imagens.” (“Sociedade do espetáculo”, 1967)
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