sábado, 10 de julho de 2010

A busca constante para protagonizar o espetáculo por Alessandra Madureira

“[...] o espetáculo é a principal produção da sociedade atual.” Guy Debord, “A sociedade do espetáculo”.

Em uma sociedade onde o espetáculo baseia-se em “o que aparece é bom, o que é bom aparece”, a visibilidade e a importância de uma boa aparência são levadas ao extremo. “O caráter fundamentalmente tautológico do espetáculo decorre do simples fato de seus meios serem, ao mesmo tempo, seu fim” disse Debord. Por essa afirmação, é possível perceber que esse caráter é um reforço da visibilidade, do “é porque é”.

A fotografia e o cinema passaram a exercer uma influência muito grande sobre as pessoas, servindo-as modelos de beleza, de indumentária e, até mesmo, de comportamento. Com esse valor das aparências, os filmes não só refletiram no comportamento, mas também em uma mudança cultural direcionada a um ideal social totalmente novo.

A nova cultura orienta-se para o consumo, e exige uma personalidade que se projeta para os outros. “A nova cultura da personalidade enfatizava o charme, o fascínio e a capacidade de se fazer amado.”, em “Vida, o Filme” de Neal Gabler.

A estética do corpo é enfatizada no “filme-vida”, em que, com a consciência da importância da encenação para a vida, a cirurgia plástica virou em enobrecimento pessoal, onde as pessoas usam para se redefinir e “expandir a escolha de papéis”, procurando assim manterem-se sempre visíveis.

Um exemplo disso é a modelo Mirella Santos que levou um paparazzi para a sala de cirurgia para registrar a sua troca de próteses de silicone, e divulgar nos meios de comunicação:



Mirella Santos não é uma exceção, já que muitos artistas e pessoas “comuns” procuram muitos meios para que sua marca e/ou imagem como personalidade continuem aparecendo ou não deixem de sair da mídia.

A importância do ser foi substituída pela do ter, tão logo substituída pela do parecer. Representar e aparecer são características dessa sociedade do espetáculo, e levantará sempre dúvidas de se e/ou quando uma pessoa está “atuando”.

Como escreveu Debord: “[...] o espetáculo é a afirmação da aparência de toda vida humana – isto é, social – como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo o descobre como a negação visível da vida; como negação da vida que se tornou visível.”

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