Na edição de 4 de julho de 2010, o jornal O Globo, publicou reportagem no caderno Boa Chance intitulada “Antenado e Centrado” onde aborda a procura por profissionais para gerenciamento de perfis ou conteúdos de empresas e marcas nas redes de relacionamento ( Orkut, Facebook, MySpace) e blogs e microblogs (Twitter). Segundo o texto, apesar da consolidação dos departamentos de mídias sociais no interior das grandes e médias empresas, ainda há espaço para o crescimento do número de vagas nesta área. Por se tratar de um caderno só de empregos, a principal pauta é a empregabilidade e as oportunidades de crescimento profissional nesta área.
As redes sociais e outros adventos da Web 2.0 ampliam a radicalização da necessidade exposição da aparência, mesmo que diferente da realidade, gerada nos Estados Unidos da América decorrer do século XX. Segundo Neal Gabler, a performance tem por objetivo atrair a atenção dos outros mostrando o que se deseja ser. O padrão de exposição é o artista dos meios de comunicação de massa, permanentemente exposto, bem avaliado pelo público e com uma ampla gama de contatos na sociedade. A mesma formula existe na seleção dos possíveis profissionais na área de gerência de Web 2.0. Um importante pré-requisito é ter não só familiaridade com as ferramentas, mas, também, uma avaliação positiva e uma extensa redes de contatos, demonstrativos uma boa gestão de imagem.
Por outro lado, as redes sociais são encaradas pela ampla maioria do público como uma forma de entretenimento. No entanto, os vultuosos investimentos das empresas na área de internet em especial na área de redes sociais justificam a avaliação de Gabler que diz que a fronteira entre o entretenimento (diversão, atividades lúdicas, etc) e o consumo está cada vez menor. Os filmes, músicas e outros produtos culturais modernos são acompanhados de enorme merchandising (George Lucas abriu mão de parte dos direitos autorias sobre Guerra nas Estrelas – Episódio IV – Uma Nova Esperança para controlar os direitos de imagem dos personagens e faturar U$ 20 bilhões). Da mesma forma acontece com as redes sociais. Para assistir um videoclipe com Jorge Ben Jor e Mano Brown regravando o clássico “Ponta de Lança de Africano” (Umbabarauma), o usuário do Facebook deveria curtir o link e, então assistir. Ao curtir, os seus contatos sociais na rede ficam sabendo e o mesmo anúncio lhes é mostrado.
Por fim, apesar das empresas promoverem ações no campo das redes sociais, a maioria delas ainda restringem parcialmente ou proíbem completamente o acesso de seus funcionários às redes sociais no trabalho. Tal fato contraditório pode ser explicado através das teses de Michael Foucalt. Para o autor, a sociedade moderna controla e, através de vária instituições sociais (exército, escola e outros) adestra e molda os corpos humanos de acordo com as necessidades da sociedade moderna. A busca pelos altos lucro e pela produtividade máxima é a tônica. Mesmo que nessa sociedade seja fundamental a participação nas redes sociais, o temor de perda de produtividade da base para a proibição. A disciplina é usada para mantê-la alta.
terça-feira, 13 de julho de 2010
Tentativas de oposição à indústria cultural por Felipe Patrocinio
Levando em consideração a teoria de Debord sobre o funcionamento da sociedade do espetáculo e de sua não visão de como fugir dessa sociedade, de como criar uma ruptura com a indústria cultural, pode-se observar diversas tentativas de oposição a essa indústria.
Focando principalmente no aspecto musical, existiram diferentes movimentos que tentaram romper suas ligações com essa indústria. Alguns a rejeitando completamente enquanto outros tem essa noção de que fazem parte desta máquina. Independente de que o poder de absorção da indústria cultural seja forte o suficiente para ter com aquilo que fala mal dela.
Pain of Salvation é um exemplo de banda na qual podemos encontrar críticas a essa sociedade e a este tipo de indústria, já que a indústria cultural não pode ser separada da sociedade do espetáculo. A letra que segue abaixo e na qual o link pode mostrar o vídeo, foi retirada do álbum One Hour By The Concrete Lake, lançado em 1998e tem como título The Big Machine
The Big Machine
Welcome inside the machine
It hurts!
Go numb, go blind...
One's drilling out a pipe
One adjusts the aim
One makes trigger parts
Weapons as a game!
All trapped in killing routine
Washed clean...
...by this machine
On these grey walls
Lovely pictures of the weapons we produce
But not their actions...
All are part of the big Machine
We do our job
"Guilty!"
But what if we save?
And what if we solve?
And what if we build?
And what...
...what if we lose control?
What if we lose control?
What if we lose control?
What if we lose control?
(I am just a wheel!)
...and what if we ...stop?
A letra mostra uma consciência de funcionamento da sociedade e de como ela cega as pessoas, e de como todos fazemos parte dela. “We do our job / “Guilty!””. Sobre as diversas possibilidades de contestação da indústria cultural, considero que existem tentativas de desconstrução de dentro da própria indústria.
A condição de alienação dentro da cultura de massa não é algo natural, mas sim algo que lhe foi atribuído durante sua história, já que lhe foi atribuída por um capitalismo industrial e de consumo. E já que isso é algo construído, pode ser desconstruído também.
Focando principalmente no aspecto musical, existiram diferentes movimentos que tentaram romper suas ligações com essa indústria. Alguns a rejeitando completamente enquanto outros tem essa noção de que fazem parte desta máquina. Independente de que o poder de absorção da indústria cultural seja forte o suficiente para ter com aquilo que fala mal dela.
Pain of Salvation é um exemplo de banda na qual podemos encontrar críticas a essa sociedade e a este tipo de indústria, já que a indústria cultural não pode ser separada da sociedade do espetáculo. A letra que segue abaixo e na qual o link pode mostrar o vídeo, foi retirada do álbum One Hour By The Concrete Lake, lançado em 1998e tem como título The Big Machine
The Big Machine
Welcome inside the machine
It hurts!
Go numb, go blind...
One's drilling out a pipe
One adjusts the aim
One makes trigger parts
Weapons as a game!
All trapped in killing routine
Washed clean...
...by this machine
On these grey walls
Lovely pictures of the weapons we produce
But not their actions...
All are part of the big Machine
We do our job
"Guilty!"
But what if we save?
And what if we solve?
And what if we build?
And what...
...what if we lose control?
What if we lose control?
What if we lose control?
What if we lose control?
(I am just a wheel!)
...and what if we ...stop?
A letra mostra uma consciência de funcionamento da sociedade e de como ela cega as pessoas, e de como todos fazemos parte dela. “We do our job / “Guilty!””. Sobre as diversas possibilidades de contestação da indústria cultural, considero que existem tentativas de desconstrução de dentro da própria indústria.
A condição de alienação dentro da cultura de massa não é algo natural, mas sim algo que lhe foi atribuído durante sua história, já que lhe foi atribuída por um capitalismo industrial e de consumo. E já que isso é algo construído, pode ser desconstruído também.
domingo, 11 de julho de 2010
Análise do filme "A Rosa Púrpura do Cairo" por Thais Candido
O filme que se passa no inicio do século XX, conta a história de uma mulher casada e alvo frequente de humilhações do marido. Todos os dias, várias vazes por dia, ela ia ao cinema. O filme mostra a influencia da comunicação massiva e nos remete a teoria de Lasswell e Adorno.
Lasswell defendia a ideia de que o receptor da mensagem é passivo, ele não envia a mensagem de volta ao reprodutor (teoria da agulha hipodérmica). No filme a protagonista começa a interagir com o filme e chega acreditar que uma das personagens está apaixonada por ela.
Nesse ponto o filme se aproxima com Adorno e sua teoria de que os meios de comunicação de massa (TV e cinema, por exemplo) nos distanciam da realidade, nos apresentando uma realidade alienante. Para ele a cultura de massa torna nossa percepção mais superficial, nos afastando de nossas capacidades reflexivas e de pensamento analítico.
O filme ilustra bem a relação sociedade x meios de comunicação, e como o comportamento social muda depois de estarmos submergidos na cultura de massa.
Lasswell defendia a ideia de que o receptor da mensagem é passivo, ele não envia a mensagem de volta ao reprodutor (teoria da agulha hipodérmica). No filme a protagonista começa a interagir com o filme e chega acreditar que uma das personagens está apaixonada por ela.
Nesse ponto o filme se aproxima com Adorno e sua teoria de que os meios de comunicação de massa (TV e cinema, por exemplo) nos distanciam da realidade, nos apresentando uma realidade alienante. Para ele a cultura de massa torna nossa percepção mais superficial, nos afastando de nossas capacidades reflexivas e de pensamento analítico.
O filme ilustra bem a relação sociedade x meios de comunicação, e como o comportamento social muda depois de estarmos submergidos na cultura de massa.
sábado, 10 de julho de 2010
Os Musicais e a Espetaculização por Daniela Mazur
A grande maioria das pessoas que não gostam e não aceitam os filmes (os peças teatrais) musicais têm uma mesma opinião: "Como uma pessoa normal no seu cotidiano, de uma hora para a outra, resolve começar a cantar e dançar?" Eles acreditam que não é natural algo como isso acontecer, não é natural ver pessoas cantando pelas ruas com meia dúzia de bailarinos vindo atrás. Sem dúvidas nesse ponto eu concordo, não é normal ver uma cena de um musical acontecendo de repente no meio da rua. Porém em não ser natural do ser humano fazer da vida um espetáculo, disso eu discordo.
Neal Gabler, no seu texto “Vida, o filme – Como o entretenimento conquistou a realidade”, cita logo no início que “as pessoas se deram conta do poder e do prazer da apresentação pessoal” e também cita Evreinoff quando diz que “toda sua vida é uma sucessão de 'espetáculos'”. Com essas citações percebemos que a espetaculização da vida e do cotidiano fazem parte das pessoas, então atuar, cantar, dançar são sim naturais, fazem parte do ser humano. Quem nunca começou a cantar uma música que demonstrasse o que estava sentindo na hora? Quem nunca quis sair dançando pela rua quando recebeu uma notícia ótima? Quem não reclama que a vida deveria ter trilha sonora? É, isso é instintivo. Nós dizemos que musical não é natural porque a maioria dos ambientes não são propícios para isso, mas AH se fosse!, quem iria achar melhor se expressar de maneira diferente? As pessoas têm essa vontade natural de se parecerem com artistas famosos, têm gosto pelo espetáculo, querem ser vistas, querem fugir do anonimato, olham para situações da vida como se fossem um palco no qual pudessem mostrar o que elas são e têm, para esse todo não seria nada anormal viver a vida como um musical. E quando digo “todo” não peco, cada ser humano têm a tendência e a vontade de ser parte do show. Desde a garota querendo mostrar seus dotes mentais em frente a família até o garoto que aprende a tocar violão para atrair garotas; desde a menina que pega as roupas e maquiagem da mãe para se parecer com as mulheres dos filmes até a adolescente que vomita toda a janta, porque tem medo de engordar e não conseguir encaixar no padrão de corpo que as modelos têm, todos esses querem ser charmosos, querem ser amados. Todos querem ser vistos. Faz parte da vida. Todos querem entreter, todos querem ser entretidos, todos querem ser dignos ser arte.
“Todo mundo quer uma chance para brilhar”, essa é uma das frases tema do seriado de comédia mais bem sucedido no ano de 2009 e continua um grande sucesso, que é o “Glee”. Seu grande diferencial, que o levou a ter tantos fãs em várias partes do mundo e ter sido indicado e recebido tantos prêmios, é o musical. Se trata de um grupo de Coral que se utiliza do seu canto e dança para serem melhor vistos pelo resto das pessoas e para externarem seus sentimentos. O espetáculo os unia, os igualava, os livravam das restrições impostas. O palco é de todos e para todos. Eles querem o espetáculo. E isso é musical, é falar através da arte. O sucesso dessa série e a ligação que os telespectadores desta se sentem remetidos, só comprova o quanto o ser-show é interessante para as pessoas. Todos querem o prazer de fazer parte disso.
Então como dizer que filmes musicais são mentirosos se eles demonstram o que queremos? O palco, as luzes, a fama, ser amado, ser aclamado, ser conhecido, ser grande. Não é mentira; é espetáculo, é grandeza e ainda é o primitivo, por demonstrar o que todos realmente querem: o show. O show de ser alguém. O show de mostrar o mundo quem você é. É o show do ser eu.
Neal Gabler, no seu texto “Vida, o filme – Como o entretenimento conquistou a realidade”, cita logo no início que “as pessoas se deram conta do poder e do prazer da apresentação pessoal” e também cita Evreinoff quando diz que “toda sua vida é uma sucessão de 'espetáculos'”. Com essas citações percebemos que a espetaculização da vida e do cotidiano fazem parte das pessoas, então atuar, cantar, dançar são sim naturais, fazem parte do ser humano. Quem nunca começou a cantar uma música que demonstrasse o que estava sentindo na hora? Quem nunca quis sair dançando pela rua quando recebeu uma notícia ótima? Quem não reclama que a vida deveria ter trilha sonora? É, isso é instintivo. Nós dizemos que musical não é natural porque a maioria dos ambientes não são propícios para isso, mas AH se fosse!, quem iria achar melhor se expressar de maneira diferente? As pessoas têm essa vontade natural de se parecerem com artistas famosos, têm gosto pelo espetáculo, querem ser vistas, querem fugir do anonimato, olham para situações da vida como se fossem um palco no qual pudessem mostrar o que elas são e têm, para esse todo não seria nada anormal viver a vida como um musical. E quando digo “todo” não peco, cada ser humano têm a tendência e a vontade de ser parte do show. Desde a garota querendo mostrar seus dotes mentais em frente a família até o garoto que aprende a tocar violão para atrair garotas; desde a menina que pega as roupas e maquiagem da mãe para se parecer com as mulheres dos filmes até a adolescente que vomita toda a janta, porque tem medo de engordar e não conseguir encaixar no padrão de corpo que as modelos têm, todos esses querem ser charmosos, querem ser amados. Todos querem ser vistos. Faz parte da vida. Todos querem entreter, todos querem ser entretidos, todos querem ser dignos ser arte.
“Todo mundo quer uma chance para brilhar”, essa é uma das frases tema do seriado de comédia mais bem sucedido no ano de 2009 e continua um grande sucesso, que é o “Glee”. Seu grande diferencial, que o levou a ter tantos fãs em várias partes do mundo e ter sido indicado e recebido tantos prêmios, é o musical. Se trata de um grupo de Coral que se utiliza do seu canto e dança para serem melhor vistos pelo resto das pessoas e para externarem seus sentimentos. O espetáculo os unia, os igualava, os livravam das restrições impostas. O palco é de todos e para todos. Eles querem o espetáculo. E isso é musical, é falar através da arte. O sucesso dessa série e a ligação que os telespectadores desta se sentem remetidos, só comprova o quanto o ser-show é interessante para as pessoas. Todos querem o prazer de fazer parte disso.
Então como dizer que filmes musicais são mentirosos se eles demonstram o que queremos? O palco, as luzes, a fama, ser amado, ser aclamado, ser conhecido, ser grande. Não é mentira; é espetáculo, é grandeza e ainda é o primitivo, por demonstrar o que todos realmente querem: o show. O show de ser alguém. O show de mostrar o mundo quem você é. É o show do ser eu.
Shoptime: consumo como entretenimento por Gabriel Dutra
Em sua obra “Vida, o filme”, Neal Gabler aborda a forte relação presente entre o consumo e o entretenimento, de maneira a tornar difícil reconhecer qual das duas seria a causa primeira. Independente da ordem em que se trate estes fatores, é evidente sua associação: consome-se entretenimento ao mesmo tempo que entretêm-se consumindo. Basta observarmos um dos maiores e mais universais núcleos de entretenimento da atualidade para perceber que esta relação vem se fortalecendo: os shopping centers, símbolo do consumo. O próprio ato de vender torna-se cada vez mais um ato de entreter; entreter os clientes e possíveis compradores que, em diferentes níveis, vão às lojas já com esta atividade em mente. E o que acontece quando este entretenimento-consumo (ou consumo-entretenimento) ultrapassa suas barreiras físicas de venda para nos ser entregue no conforto de nossas casas com grande facilidade?
Surgem os canais de compra; utilizando a televisão como meio de divulgação de seus produtos no decorrer de toda a programação, amplia-se de forma impressionante o incentivo ao consumo: sempre haverá um novo produto pronto para ser comprado e sempre haverá um telespectador entediado desejando-o. Isto vale para inúmeros canais de compra, mas tomo o Shoptime como exemplo devido a algumas peculiaridades. Sua programação busca, mais do que informar sobre as qualidades dos produtos, entreter o telespectador em meio deles. Vende-se um modo de vida. Seus programas se organizam de maneira a aproximar quem o assiste, como numa relação casual e descompromissada, enquanto divulgam uma maneira de ser, desejada e dependente de seus produtos. Seus carismáticos apresentadores estão sempre apresentando o produto de forma divertida; um grande exemplo seria o principal deles, Ciro Bottini, que se vale de imitações, piadas e bordões como “Compre, compre, compre!”.
O próprio desejo do espectador de “estar do outro lado da tela” se concretiza, não apenas parcialmente, com a posse do produto, mas com a participação efetiva no programa, caso sua ligação de compra seja sorteada para interagir com os apresentadores. Associa-se a felicidade e conforto dos apresentadores ao consumo; a representação e o entretenimento criam uma forma única de consumir. Enquanto o público se entretém com as lambanças na cozinha e apresentadores jogando videogame, o produto está presente com suas breves e tímidas informações técnicas e preço no canto da tela. O foco deixa de ser o consumo propriamente dito, para que este se dê através do entretenimento; a programação do Shoptime é como uma constante novela onde todo o cenário e itens dos personagens estão à venda: basta ligar ou acessar o site.
Surgem os canais de compra; utilizando a televisão como meio de divulgação de seus produtos no decorrer de toda a programação, amplia-se de forma impressionante o incentivo ao consumo: sempre haverá um novo produto pronto para ser comprado e sempre haverá um telespectador entediado desejando-o. Isto vale para inúmeros canais de compra, mas tomo o Shoptime como exemplo devido a algumas peculiaridades. Sua programação busca, mais do que informar sobre as qualidades dos produtos, entreter o telespectador em meio deles. Vende-se um modo de vida. Seus programas se organizam de maneira a aproximar quem o assiste, como numa relação casual e descompromissada, enquanto divulgam uma maneira de ser, desejada e dependente de seus produtos. Seus carismáticos apresentadores estão sempre apresentando o produto de forma divertida; um grande exemplo seria o principal deles, Ciro Bottini, que se vale de imitações, piadas e bordões como “Compre, compre, compre!”.
O próprio desejo do espectador de “estar do outro lado da tela” se concretiza, não apenas parcialmente, com a posse do produto, mas com a participação efetiva no programa, caso sua ligação de compra seja sorteada para interagir com os apresentadores. Associa-se a felicidade e conforto dos apresentadores ao consumo; a representação e o entretenimento criam uma forma única de consumir. Enquanto o público se entretém com as lambanças na cozinha e apresentadores jogando videogame, o produto está presente com suas breves e tímidas informações técnicas e preço no canto da tela. O foco deixa de ser o consumo propriamente dito, para que este se dê através do entretenimento; a programação do Shoptime é como uma constante novela onde todo o cenário e itens dos personagens estão à venda: basta ligar ou acessar o site.
One Million Man por Manuela Araújo
Em nossa sociedade atual, tida como extremamente consumista, anúncios publicitários elaborados e estratégias certeiras de marketing têm presença constante em nosso cotidiano. Propagandas criativas e produtos experimentados fazem parte de nossas conversas informais. Hoje em dia consumimos e conhecemos uma marca através da publicidade organizada para promovê-la, e antes mesmo de experimentá-lo, somos cativados pelos produtos anunciados, tendo a impressão que os escolhemos devido, apenas, às nossas necessidades. Com a quantidade massiva de produtos propagandeados, os anunciantes buscam o diferencial que conquistaria os consumidores.
O anúncio do perfume 1 Million, assinado pela grife Paco Rabanne, e divulgado no ano de 2008 é um exemplo claro da técnica de vender não só o produto em si, mas a atmosfera que este “transmite”. Em seu slogan dizia o perfume era próprio para homens de “Ego alto e personalidade forte”.
“A nova cultura orientada para o consumo (...) exigia e honrava o que chamava de personalidade, que era uma função daquilo que se projetava para os outros. (...) A nova cultura da personalidade enfatizava o charme, o fascínio e a capacidade de se fazer amado” *
Com fortes referências à personagens cinematográficos famosos, dos quais suas “personalidades” se tornaram, de certa forma, ícones de estilo entre os expectadores (seja por sua extravagância, sua elegância, ou perspectiva de sucesso). O anúncio do perfume reconstrói o que um estereotipado milionário, um “1 Million Dolar Man”, teria a sua disposição, despertando o fascínio por uma “vida fácil”, onde tudo o que se quer aparece com um simples estalar de dedos.
Considerando o representado pela propaganda, das referências que os filmes nos transmitem, além das celebridades mostrando à todos suas extravagâncias, quem não gostaria de ser um milionário?
“Já no século XIX, as pessoas comprava coisas na esperança de ser transformadas por elas”* “Desejo de uma transfiguração mágica do eu. (...) E essa transfiguração não se limitava à aparência; era também uma questão de mudar a maneira como a pessoa se sentia em respeito a si mesma.”*
A magia não ficou somente restrita a imagem de prosperidade e de uma vida luxuosa e glamourosa projetada na publicidade. O formato do frasco, em barra de ouro; o simbolismo gravado no frasco, em estilo “velho oeste”; a descrição da fragrância e o slogan empregado, também fazem parte disto.
E a publicização promovida não parou por aí. Foi criado um microsite de busca, com a mesma interface do Google (porém personalizado), destinado a “abrir as portas à celebridade virtual” dos consumidores do perfume. Ao digitar o nome e sobrenome no espaço “search”, uma série de links relacionados à “celebridade/consumidor” serão indicados, levando a hotsites do tipo: blog do “seu” fã club; uma canal de notícias onde o “seu” nome está nas principais manchetes, e até um falso site de relacionamentos onde lindas mulheres estão disponíveis ao “ 1 Million Man”.
O sucesso do perfume (e da campanha promovida) foi tamanho, que, neste ano de 2010, a grife Paco Rabanne lançará a versão feminina, chamada “Lady Million”. Disponível a partir do dia 16 de julho, em lojas da Europa e Estados Unidos, a campanha que ainda está sendo realizada tende a seguir o mesmo modelo promovido para fragrância masculina.
(*Fragmentos extraídos de Neal Gabler, IN: “Vida, O Flime”)
O anúncio do perfume 1 Million, assinado pela grife Paco Rabanne, e divulgado no ano de 2008 é um exemplo claro da técnica de vender não só o produto em si, mas a atmosfera que este “transmite”. Em seu slogan dizia o perfume era próprio para homens de “Ego alto e personalidade forte”.
“A nova cultura orientada para o consumo (...) exigia e honrava o que chamava de personalidade, que era uma função daquilo que se projetava para os outros. (...) A nova cultura da personalidade enfatizava o charme, o fascínio e a capacidade de se fazer amado” *
Com fortes referências à personagens cinematográficos famosos, dos quais suas “personalidades” se tornaram, de certa forma, ícones de estilo entre os expectadores (seja por sua extravagância, sua elegância, ou perspectiva de sucesso). O anúncio do perfume reconstrói o que um estereotipado milionário, um “1 Million Dolar Man”, teria a sua disposição, despertando o fascínio por uma “vida fácil”, onde tudo o que se quer aparece com um simples estalar de dedos.
Considerando o representado pela propaganda, das referências que os filmes nos transmitem, além das celebridades mostrando à todos suas extravagâncias, quem não gostaria de ser um milionário?
“Já no século XIX, as pessoas comprava coisas na esperança de ser transformadas por elas”* “Desejo de uma transfiguração mágica do eu. (...) E essa transfiguração não se limitava à aparência; era também uma questão de mudar a maneira como a pessoa se sentia em respeito a si mesma.”*
A magia não ficou somente restrita a imagem de prosperidade e de uma vida luxuosa e glamourosa projetada na publicidade. O formato do frasco, em barra de ouro; o simbolismo gravado no frasco, em estilo “velho oeste”; a descrição da fragrância e o slogan empregado, também fazem parte disto.
E a publicização promovida não parou por aí. Foi criado um microsite de busca, com a mesma interface do Google (porém personalizado), destinado a “abrir as portas à celebridade virtual” dos consumidores do perfume. Ao digitar o nome e sobrenome no espaço “search”, uma série de links relacionados à “celebridade/consumidor” serão indicados, levando a hotsites do tipo: blog do “seu” fã club; uma canal de notícias onde o “seu” nome está nas principais manchetes, e até um falso site de relacionamentos onde lindas mulheres estão disponíveis ao “ 1 Million Man”.
O sucesso do perfume (e da campanha promovida) foi tamanho, que, neste ano de 2010, a grife Paco Rabanne lançará a versão feminina, chamada “Lady Million”. Disponível a partir do dia 16 de julho, em lojas da Europa e Estados Unidos, a campanha que ainda está sendo realizada tende a seguir o mesmo modelo promovido para fragrância masculina.
(*Fragmentos extraídos de Neal Gabler, IN: “Vida, O Flime”)
Editoras e parcerias por Josué de Oliveira Mello
A Web 2.0 marcou o início de uma nova fase no mundo da internet, balizada não mais pelo modelo da “venda de coisas”, mas no pressuposto de que a participação do usuário deveria ser mais ativa nos processos desenvolvidos on-line. Nesse post falarei brevemente sobre a relação que certas editoras vem mantendo com os leitores de seus livros através da internet, dando enfoque a diversas ações que cujo palco são os blogs e as redes sociais.
Nota-se hoje uma facilidade quase absurda de se criar conteúdo, desde que se tenha acesso e se domine certos dispositivos. A noção de conteúdo, nesse sentido, deve ser compreendida como extremamente ampla: qualquer veiculação de dados, informações, opiniões, enfim, objetos que teoricamente despertariam o interesse de outros pode ser abarcada pelo termo. A explosão dos blogs fluiu em direções que se referem a grupos de interesses, como cinema, televisão, literatura, quadrinhos, etc., de modo que o conteúdo criado pelos blogueiros tivesse como destinatários usuários da Web que compartilhassem desses interesses. Os “blogs literários” que se proliferaram no Brasil nos últimos dois anos seguem essa lógica, e não tardou para que chamassem a atenção das grandes editoras.
A título de exemplo, cito aqui alguns: Romances Policiais, Alelasorciere, Livros & Bate Papo (in memorian), Menina da Bahia. O número regular e alto de acessos diários conferiu a esses blogs a oportunidade de realizar diversos sorteios em parceria com grupos editoriais consolidados, que perceberam o potencial dessa nova mídia.
Nessa nova abordagem – que se encontra mais do que em voga –, não está mais somente nas mãos de empresas especializadas fazer a divulgação do produto: os sorteios já funcionam nesse sentido; mas não só eles, como também outra espécie de conteúdo que se tornou bastante comum nessa “blogosfera literária”, as resenhas. Muitos desses blogs surgiram com esse simples intuito, expor opiniões sobre determinadas obras; como o público passou a dar mostras de aprovar o conteúdo – e mais, de ser influenciada por ele –, certas editoras passaram a enviar exemplares gratuitamente para serem resenhados por blogueiros específicos. Havendo ou não intenção, tais resenhas funcionam como propaganda – positiva ou negativa, dependendo da resenha.
O que se nota nesse circuito é um jogo de interesses em comum. O das editoras é extremamente claro: como empresas, desejam vender seus produtos e obter lucro; o dos blogs (unindo-se aqui tanto desenvolvedores quanto usuários dos mesmos) é ter acesso a um (ou mais) tipo(s) particular(es) de obra(s) literária(s). O que se tem no fim das contas é a geração de mais e mais conteúdo, baseado numa troca constante entre empresa e consumidores.
As redes sociais também são uma arena interessante nesse contexto. No ano passado, como parte da campanha de divulgação do último volume da bem sucedida Trilogia Millennium, de autoria do sueco Stieg Larsson, a editora Cia. das Letras criou no Orkut e no Twitter um perfil que pertenceria a uma das protagonistas da série, a hacker Lisbeth Salander. Através dele, os fãs da série poderiam se comunicar com a heroína, e mais: alguns tiveram o privilégio de receber, antes do lançamento, o terceiro volume da série, “A Rainha dos Castelos do Ar”. Não é nenhuma surpresa que boa parte desses felizardos sejam donos de blogs literários com volume alto de acessos...
De todo modo, a estratégia parece ter funcionado, pois continua em uso. O General Garber, personagem de romances do inglês Lee Child, lançados pela Bertrand Brasil, também tem contas no Orkut, Twitter e Facebook, o que fez com que diversos fãs dos livros se tornassem “amigos” do personagem e participassem das promoções promovidas por ele.
O Twitter de forma especial merece certo destaque, pois há nele a possibilidade de respostas quase instantâneas, seja na divulgação de capas de livros, promoções em livrarias virtuais, lançamentos e mesmo eventos fora do mundo virtual; as editoras podem obter um num espaço curto de tempo um retorno razoável quanto a seus produtos. Novamente se tem um horizonte de troca, pois também os leitores têm um acesso mais direto àqueles que podem lhes informar sobre lançamentos que são de seu interesse.
Apesar das vantagens para todos os lados, ainda ocorrem falhas nesse processo. Não é raro que certos pedidos de informação sejam sumariamente ignorados pelos grupos editoriais, seja através das mídias sociais ou a tradicional ferramenta de correio eletrônico, definitivamente ou pelo período que lhes interessa. Motivos para isso são pouco claros. Novamente, cito o exemplo do Romances Policiais, cujo dono, Thiago Carvalho, a quem conheço, ainda enfrenta dificuldades para conseguir contato com certas editoras, que não lhe retornam as mensagens. O que é de se espantar, porque seu blog tem cerca de 200 acessos diários, funcionando como uma boa vitrine de lançamentos.
Esse enorme volume de parcerias e promoções entre editoras e blogs não tem somente um lado bom, como já era de se esperar. Nota-se que o foco inicial de muitos dos blogs literários mudou com o passar do tempo e com a constatação de que poderia se converter em funcionais ferramentas de divulgação. Assim, vários dos que ainda postam resenhas já demonstraram um cuidado menor para com elas do que com a organização de sorteios e promoções. O que deveria ser um “conteúdo a mais” acabou se transformando, em muitos casos, no carro chefe. Alguns diriam que houve um rebaixamento, uma inversão da lógica que seria inerente aos blogs literários. O fato é: em sua maioria maciça, o público aprova.
Nota-se hoje uma facilidade quase absurda de se criar conteúdo, desde que se tenha acesso e se domine certos dispositivos. A noção de conteúdo, nesse sentido, deve ser compreendida como extremamente ampla: qualquer veiculação de dados, informações, opiniões, enfim, objetos que teoricamente despertariam o interesse de outros pode ser abarcada pelo termo. A explosão dos blogs fluiu em direções que se referem a grupos de interesses, como cinema, televisão, literatura, quadrinhos, etc., de modo que o conteúdo criado pelos blogueiros tivesse como destinatários usuários da Web que compartilhassem desses interesses. Os “blogs literários” que se proliferaram no Brasil nos últimos dois anos seguem essa lógica, e não tardou para que chamassem a atenção das grandes editoras.
A título de exemplo, cito aqui alguns: Romances Policiais, Alelasorciere, Livros & Bate Papo (in memorian), Menina da Bahia. O número regular e alto de acessos diários conferiu a esses blogs a oportunidade de realizar diversos sorteios em parceria com grupos editoriais consolidados, que perceberam o potencial dessa nova mídia.
Nessa nova abordagem – que se encontra mais do que em voga –, não está mais somente nas mãos de empresas especializadas fazer a divulgação do produto: os sorteios já funcionam nesse sentido; mas não só eles, como também outra espécie de conteúdo que se tornou bastante comum nessa “blogosfera literária”, as resenhas. Muitos desses blogs surgiram com esse simples intuito, expor opiniões sobre determinadas obras; como o público passou a dar mostras de aprovar o conteúdo – e mais, de ser influenciada por ele –, certas editoras passaram a enviar exemplares gratuitamente para serem resenhados por blogueiros específicos. Havendo ou não intenção, tais resenhas funcionam como propaganda – positiva ou negativa, dependendo da resenha.
O que se nota nesse circuito é um jogo de interesses em comum. O das editoras é extremamente claro: como empresas, desejam vender seus produtos e obter lucro; o dos blogs (unindo-se aqui tanto desenvolvedores quanto usuários dos mesmos) é ter acesso a um (ou mais) tipo(s) particular(es) de obra(s) literária(s). O que se tem no fim das contas é a geração de mais e mais conteúdo, baseado numa troca constante entre empresa e consumidores.
As redes sociais também são uma arena interessante nesse contexto. No ano passado, como parte da campanha de divulgação do último volume da bem sucedida Trilogia Millennium, de autoria do sueco Stieg Larsson, a editora Cia. das Letras criou no Orkut e no Twitter um perfil que pertenceria a uma das protagonistas da série, a hacker Lisbeth Salander. Através dele, os fãs da série poderiam se comunicar com a heroína, e mais: alguns tiveram o privilégio de receber, antes do lançamento, o terceiro volume da série, “A Rainha dos Castelos do Ar”. Não é nenhuma surpresa que boa parte desses felizardos sejam donos de blogs literários com volume alto de acessos...
De todo modo, a estratégia parece ter funcionado, pois continua em uso. O General Garber, personagem de romances do inglês Lee Child, lançados pela Bertrand Brasil, também tem contas no Orkut, Twitter e Facebook, o que fez com que diversos fãs dos livros se tornassem “amigos” do personagem e participassem das promoções promovidas por ele.
O Twitter de forma especial merece certo destaque, pois há nele a possibilidade de respostas quase instantâneas, seja na divulgação de capas de livros, promoções em livrarias virtuais, lançamentos e mesmo eventos fora do mundo virtual; as editoras podem obter um num espaço curto de tempo um retorno razoável quanto a seus produtos. Novamente se tem um horizonte de troca, pois também os leitores têm um acesso mais direto àqueles que podem lhes informar sobre lançamentos que são de seu interesse.
Apesar das vantagens para todos os lados, ainda ocorrem falhas nesse processo. Não é raro que certos pedidos de informação sejam sumariamente ignorados pelos grupos editoriais, seja através das mídias sociais ou a tradicional ferramenta de correio eletrônico, definitivamente ou pelo período que lhes interessa. Motivos para isso são pouco claros. Novamente, cito o exemplo do Romances Policiais, cujo dono, Thiago Carvalho, a quem conheço, ainda enfrenta dificuldades para conseguir contato com certas editoras, que não lhe retornam as mensagens. O que é de se espantar, porque seu blog tem cerca de 200 acessos diários, funcionando como uma boa vitrine de lançamentos.
Esse enorme volume de parcerias e promoções entre editoras e blogs não tem somente um lado bom, como já era de se esperar. Nota-se que o foco inicial de muitos dos blogs literários mudou com o passar do tempo e com a constatação de que poderia se converter em funcionais ferramentas de divulgação. Assim, vários dos que ainda postam resenhas já demonstraram um cuidado menor para com elas do que com a organização de sorteios e promoções. O que deveria ser um “conteúdo a mais” acabou se transformando, em muitos casos, no carro chefe. Alguns diriam que houve um rebaixamento, uma inversão da lógica que seria inerente aos blogs literários. O fato é: em sua maioria maciça, o público aprova.
A busca constante para protagonizar o espetáculo por Alessandra Madureira
“[...] o espetáculo é a principal produção da sociedade atual.” Guy Debord, “A sociedade do espetáculo”.
Em uma sociedade onde o espetáculo baseia-se em “o que aparece é bom, o que é bom aparece”, a visibilidade e a importância de uma boa aparência são levadas ao extremo. “O caráter fundamentalmente tautológico do espetáculo decorre do simples fato de seus meios serem, ao mesmo tempo, seu fim” disse Debord. Por essa afirmação, é possível perceber que esse caráter é um reforço da visibilidade, do “é porque é”.
A fotografia e o cinema passaram a exercer uma influência muito grande sobre as pessoas, servindo-as modelos de beleza, de indumentária e, até mesmo, de comportamento. Com esse valor das aparências, os filmes não só refletiram no comportamento, mas também em uma mudança cultural direcionada a um ideal social totalmente novo.
A nova cultura orienta-se para o consumo, e exige uma personalidade que se projeta para os outros. “A nova cultura da personalidade enfatizava o charme, o fascínio e a capacidade de se fazer amado.”, em “Vida, o Filme” de Neal Gabler.
A estética do corpo é enfatizada no “filme-vida”, em que, com a consciência da importância da encenação para a vida, a cirurgia plástica virou em enobrecimento pessoal, onde as pessoas usam para se redefinir e “expandir a escolha de papéis”, procurando assim manterem-se sempre visíveis.
Um exemplo disso é a modelo Mirella Santos que levou um paparazzi para a sala de cirurgia para registrar a sua troca de próteses de silicone, e divulgar nos meios de comunicação:
Mirella Santos não é uma exceção, já que muitos artistas e pessoas “comuns” procuram muitos meios para que sua marca e/ou imagem como personalidade continuem aparecendo ou não deixem de sair da mídia.
A importância do ser foi substituída pela do ter, tão logo substituída pela do parecer. Representar e aparecer são características dessa sociedade do espetáculo, e levantará sempre dúvidas de se e/ou quando uma pessoa está “atuando”.
Como escreveu Debord: “[...] o espetáculo é a afirmação da aparência de toda vida humana – isto é, social – como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo o descobre como a negação visível da vida; como negação da vida que se tornou visível.”
Em uma sociedade onde o espetáculo baseia-se em “o que aparece é bom, o que é bom aparece”, a visibilidade e a importância de uma boa aparência são levadas ao extremo. “O caráter fundamentalmente tautológico do espetáculo decorre do simples fato de seus meios serem, ao mesmo tempo, seu fim” disse Debord. Por essa afirmação, é possível perceber que esse caráter é um reforço da visibilidade, do “é porque é”.
A fotografia e o cinema passaram a exercer uma influência muito grande sobre as pessoas, servindo-as modelos de beleza, de indumentária e, até mesmo, de comportamento. Com esse valor das aparências, os filmes não só refletiram no comportamento, mas também em uma mudança cultural direcionada a um ideal social totalmente novo.
A nova cultura orienta-se para o consumo, e exige uma personalidade que se projeta para os outros. “A nova cultura da personalidade enfatizava o charme, o fascínio e a capacidade de se fazer amado.”, em “Vida, o Filme” de Neal Gabler.
A estética do corpo é enfatizada no “filme-vida”, em que, com a consciência da importância da encenação para a vida, a cirurgia plástica virou em enobrecimento pessoal, onde as pessoas usam para se redefinir e “expandir a escolha de papéis”, procurando assim manterem-se sempre visíveis.
Um exemplo disso é a modelo Mirella Santos que levou um paparazzi para a sala de cirurgia para registrar a sua troca de próteses de silicone, e divulgar nos meios de comunicação:
Mirella Santos não é uma exceção, já que muitos artistas e pessoas “comuns” procuram muitos meios para que sua marca e/ou imagem como personalidade continuem aparecendo ou não deixem de sair da mídia.
A importância do ser foi substituída pela do ter, tão logo substituída pela do parecer. Representar e aparecer são características dessa sociedade do espetáculo, e levantará sempre dúvidas de se e/ou quando uma pessoa está “atuando”.
Como escreveu Debord: “[...] o espetáculo é a afirmação da aparência de toda vida humana – isto é, social – como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo o descobre como a negação visível da vida; como negação da vida que se tornou visível.”
Analisando a cultura das telenovelas no Brasil por João Pedro Martins
Você reconhece alguma (ou muitas) das imagens mostradas? Tudo isso te soa familiar? Se você respondeu que sim, você faz parte do gigantesco grupo de brasileiros popularmente conhecidos como “noveleiros”. Apesar do recorte das imagens apresentadas no vídeo ser de cunho bem atual, o processo de como a telenovela se estabeleceu por aqui antecede os citados anos 2000. Para desenvolver essa análise e extrair algumas de suas influências, dividirei meu discurso em duas partes.
Primeiramente, é preciso que esclareçamos alguns pontos de sua linguagem. A telenovela apresenta uma linguagem baseada no melodrama. Explicando: ela se utiliza de métodos e efeitos que são absorvidos e compreendidos, por quem assiste, de maneira fácil. Você poderia assistir poucos episódios dentro de uma trama de meses de duração e, mesmo assim, saber com convicção quem era o herói, o anti-herói e etc. Tudo é previamente pensado para que o telespectador não precise pensar. Devemos lembrar também que a telenovela é um fragmento de um veículo maior: a Televisão. Ou seja, um meio de comunicação em massa. Logo, esse espetáculo sob os aspectos de um veículo massivo – o que, para Guy Debord, seria sua “manifestação superficial mais esmagadora” – acaba dando a impressão de invadir a sociedade como simples instrumentação. Porém, tal instrumentação nada tem de neutra. Ela convém ao “automovimento total da sociedade”. A mensagem, idéia, ou conceito que é transmitido, na maioria das vezes de forma sutil, é proveniente de um pensamento que busca induzir as pessoas a se sentirem de tal forma, gostarem de tal coisa, consumirem tal produto e etc.
Seguindo com o raciocínio, somos levados ao que, para mim, seria o próximo ponto: como isso influencia de fato em quem assiste? É claro que, com a real dimensão que as telenovelas alcançaram dentro da vida de cada brasileiro, contabilizar e descrever todos os tipos dessas influências seria impossível. Com isso, analisemos algumas. O principal aspecto que se percebe das telenovelas é de uma reflexão ilusória do que seria a vida perfeita. Isto é, o Rio de Janeiro reduzido ao bairro do Leblon nas novelas de Manoel Carlos e/ou as cenas do cotidiano, que mais parecem um comercial de margarina, por exemplo. Ao assistir, o telespectador – que acaba comprando tal conceito de felicidade – acredita que só será realmente feliz quando morar em uma daquelas coberturas de frente para o mar, ou quando acordar com o semblante lindo, cabelos arrumados e um café da manhã farto servido por um empregado, e etc. “Etc” mesmo. Esse telespectador precisava de alguma forma se igualar àquilo que vinha sendo assistido. Como muito bem citado por Neal Gabler: “a aura de tal celebridade penetraria no consumidor que usasse o produto indicado, colocando-o assim, ao menos em imaginação, do outro lado do vidro”. Além disso, o fato de você simplesmente repetir algum tipo de comportamento retratado já diz muito sobre quem você é. Ou aparenta ser. O “parecer” se sobrepõe ao unicamente “ter”.
A polemicidade deste tema é indiscutível. No sistema de conceitos atualmente vigente em nossa sociedade, é necessário que reflitamos sobre o que está oculto por trás desses objetos midiáticos. Para finalizar, deixarei mais uma citação de Debord que sintetiza perfeitamente o que vinha sendo dito: “O espetáculo se apresenta como uma enorme positividade, indiscutível e inacessível”.
Porque comprar o Iphone 4 ? por Kamila de Oliveira
Steve Jobs apresentou oficialmente no dia 07/06 o novo modelo do smartphone de maior sucesso da Apple, O IPHONE 4. O lançamento se deu no dia 24/06 em cinco páises (Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Alemanha e França) e está dispinível em duas cores, branco e preto.
As novidades no produto da Apple são uma câmera frontal e uma câmera mais potente, em comparação aos modelos anteriores, com resolução de 5MP. Além disso, o gaget tem o mesmo chip do IPAD e tem bateria com maior duração.
Mais uma pesquisa realizada pela empresa 63336, que entrevistou 668 pessoas que estavam na fila para comprar um IPHONE 4 no dia de lançamento apontou o novo design do IPHONE como a principal característica da quarta geração do telefone da Apple. Além do visual bonitinho (citado por um quarto dos entrevistados), 24% queriam um novo aparelho por causa da tela de alta resolução, e 12% gostaram da nova bateria mais durável.
A possibilidade de vídeo-chamada não ser o principal atrativo, 27 % dos entrevistados disseram não estar preocupados com as vídeos-chamadas. Por outro lado, um quarto das pessoas ouvidas pelos pesquisadores disseram que iriam se produzir (maquiagem e roupa nova0 para fazer uma chamada de vídeo.
O historiador Neal Gabler, no seu livro "Vida, O filme", caracteriza todo esse consumo como "produto de uma economia crescente que transformou o EUA de uma cultura de "necessidades" para uma cultura de "desejos", na qual os cidadãos passaram a ser treinados para desejar as mudanças, a querer coisas novas mesmo antes que as velhas estivessem inteiramente consumidas" (página 190). E é exatamente isso que aconteceu. A grande maioria das pessoas que estavam na fila (três quartos dos entrevistados) já tinham um Iphone ou algum produto Apple.
Ou seja, Steve Jobs está fazendo muito bem seu "dever de casa", multiplicando ainda mais a sua fortuna, dando entretenimento aos seus fiéis seguidores e fazendo marketing.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Empresas e as redes sociais por Isabella Lupatini
A reportagem fala sobre a posição de empresas e o uso das redes sociais pelos seus empregados. Algumas empresas estão adotando a política de vigiar os seus empregados pelo twitter ou até mesmo vetar o uso dessa ferramenta.
Focault diz que para que a sociedade possa funcionar é necessário de disciplina. Em qualquer sociedade o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõe limitações, proibições ou obrigações. A disciplina produz, para a modelagem e controle dos corpos, ferramentas que vão nortear todo o processo de construção do poder e normatização das condutas, adotando caracteres para sua aquisição: “constrói quadros; prescreve manobras; impõe exercícios; enfim, para realizar a combinação das forças, organiza ‘táticas’” (p. 150). Diante destes processos progressivos é retirado cada momento do tempo dos indivíduos, perpassando uma escala gradual e evolutiva em busca do aumento de suas potencialidades, criando assim “uma nova maneira de gerir o tempo e torná-lo útil, por recorte segmentar, por seriação, por síntese e totalização” (p. 145). A disciplina não prioriza o aumento da habilidade do sujeito, mas uma relação de obediência e utilidade – quanto mais obediente, mais útil e vice-versa. Portanto, ela fornece subsídios para o aprimoramento das técnicas, aumentando em grandeza diretamente proporcional suas utilidades, enraizadas em preceitos de docilidade. Seriam, para Foucault: “métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade” (p. 126).
Fazendo um paralelo com a reportagem dizemos que os empregados dessas empresas estão sendo controlados por estas através das redes sociais, não pelo bem do processo da atividade que os funcionários exercem, mas sim pela preocupação do resultado. Afinal, não querem que os funcionários demorem a produzir por estar perdendo tempo nessas redes ou então, têm medo de que o funcionário com um comentário infeliz possa estragar o nome da empresa ou de algum produto publicamente. Nesse processo não é visado o aumento da habilidade dos empregados, mas sim uma relação tornando os mais obedientes e logo, mais úteis.
Focault diz que para que a sociedade possa funcionar é necessário de disciplina. Em qualquer sociedade o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõe limitações, proibições ou obrigações. A disciplina produz, para a modelagem e controle dos corpos, ferramentas que vão nortear todo o processo de construção do poder e normatização das condutas, adotando caracteres para sua aquisição: “constrói quadros; prescreve manobras; impõe exercícios; enfim, para realizar a combinação das forças, organiza ‘táticas’” (p. 150). Diante destes processos progressivos é retirado cada momento do tempo dos indivíduos, perpassando uma escala gradual e evolutiva em busca do aumento de suas potencialidades, criando assim “uma nova maneira de gerir o tempo e torná-lo útil, por recorte segmentar, por seriação, por síntese e totalização” (p. 145). A disciplina não prioriza o aumento da habilidade do sujeito, mas uma relação de obediência e utilidade – quanto mais obediente, mais útil e vice-versa. Portanto, ela fornece subsídios para o aprimoramento das técnicas, aumentando em grandeza diretamente proporcional suas utilidades, enraizadas em preceitos de docilidade. Seriam, para Foucault: “métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade” (p. 126).
Fazendo um paralelo com a reportagem dizemos que os empregados dessas empresas estão sendo controlados por estas através das redes sociais, não pelo bem do processo da atividade que os funcionários exercem, mas sim pela preocupação do resultado. Afinal, não querem que os funcionários demorem a produzir por estar perdendo tempo nessas redes ou então, têm medo de que o funcionário com um comentário infeliz possa estragar o nome da empresa ou de algum produto publicamente. Nesse processo não é visado o aumento da habilidade dos empregados, mas sim uma relação tornando os mais obedientes e logo, mais úteis.
Saramago e Debord: reflexões por William Kitzinger
A minha proposta de trabalho é estabelecer uma interlocução entre uma entrevista de Jose Saramago que é encontrada nos Extras do filme Janela da Alma com o texto de Guy Debord, em a Sociedade do Espetáculo.
Os pensadores escolhidos abordam questões socias partindo de premissas materialistas. A questão econômica acaba sendo central em suas análises. Podemos categoriza-los como realistas, seguindo a diferenciação citada por Neil Gabler entre realistas e pós-realistas. A cisão entre a realidade e a representação imagética é destaque em todo o texto de Debord e acaba sendo ilustrada por Saramago.
O escritor português destaca que há um comportamento universal (geral) que é seguido pela maioria é transgredido por uns poucos que mantem uma atitude crítica perante o que seria a realidade.
Debord considera que por conta de “toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo que era vivido diretamente tornou-se uma representação”.
Saramago destaca que coisas novas ou modernas não são necessariamente boas.
Sem querer defender o antigo, somente deixando claro de que não há razão para se acreditar que as coisas que são feitas no momento presente são as melhores e as únicas que poderiam ser imaginadas e aplicadas.
Em relação a essa citação faço a correlação com o teórico francês quando este afirma que “no mundo realmente invertido, a verdade é um momento do que é falso”. E vai além quando se refere ao espetáculo como “o sentido da prática total de uma formação econômico-social, o seu emprego do tempo. É o momento histórico que nos contém”.
Na interpretação de Saramago, haveria muitas razões para que ele interpretasse que “nós tomamos por um caminho errado”. Um dos problemas fundamentais para ele seria o fato da população estar semi-consciente dos problemas que a cerca e de que ela permaneça inerte. Uma tarefa emergencial seria uma mudança que só poderia ser feita com coesão social para que todos empurrassem a máquina que nos pressiona e nos aliena.
Para Debord, estaríamos todos inertes e entretidos com a observação dos nossos próprios espetáculos. A tal máquina sugerida por Saramago não geraria outra coisa senão um paraíso ilusório. O distanciamento entre a realidade e o universo da representação que nos envolve também nos afasta das possibilidades de enxergar o real. Se todos estamos cegos para a realidade e nos alienamos em “favor do objeto contemplado”, entregamos nossa possibilidade de mudança. O sistema maquínico e econômico que nos aprisiona isola multidões cada vez mais solitárias no intuito de proletarizar o mundo. Se somos expectadores, o que nos liga é um processo aparentemente irreversível que nos atrai a um centro comum para nos mantem isolados uns dos outros e todos de uma eventual transgressão.
Bibliografia:
Janela da Alma (Brasi,2002,73 mins)
Ficha Técnica: Título Original: Janela da Alma - Gênero: Documentário - Tempo de Duração: 73 minutos - Ano de Lançamento (Brasil): 2002 - Estúdio: Ravina Filmes - Distribuição: Copacabana Filmes - Direção: João Jardim e Walter Carvalho - Roteiro: João Jardim - Produção: Flávio R. Tambellini - Música: José Miguel Wisnick - Fotografia: Walter Carvalho - Edição: Karen Harley e João Jardim.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997
Os pensadores escolhidos abordam questões socias partindo de premissas materialistas. A questão econômica acaba sendo central em suas análises. Podemos categoriza-los como realistas, seguindo a diferenciação citada por Neil Gabler entre realistas e pós-realistas. A cisão entre a realidade e a representação imagética é destaque em todo o texto de Debord e acaba sendo ilustrada por Saramago.
O escritor português destaca que há um comportamento universal (geral) que é seguido pela maioria é transgredido por uns poucos que mantem uma atitude crítica perante o que seria a realidade.
Debord considera que por conta de “toda a vida das sociedades nas quais reinam as modernas condições de produção se apresenta como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo que era vivido diretamente tornou-se uma representação”.
Saramago destaca que coisas novas ou modernas não são necessariamente boas.
Sem querer defender o antigo, somente deixando claro de que não há razão para se acreditar que as coisas que são feitas no momento presente são as melhores e as únicas que poderiam ser imaginadas e aplicadas.
Em relação a essa citação faço a correlação com o teórico francês quando este afirma que “no mundo realmente invertido, a verdade é um momento do que é falso”. E vai além quando se refere ao espetáculo como “o sentido da prática total de uma formação econômico-social, o seu emprego do tempo. É o momento histórico que nos contém”.
Na interpretação de Saramago, haveria muitas razões para que ele interpretasse que “nós tomamos por um caminho errado”. Um dos problemas fundamentais para ele seria o fato da população estar semi-consciente dos problemas que a cerca e de que ela permaneça inerte. Uma tarefa emergencial seria uma mudança que só poderia ser feita com coesão social para que todos empurrassem a máquina que nos pressiona e nos aliena.
Para Debord, estaríamos todos inertes e entretidos com a observação dos nossos próprios espetáculos. A tal máquina sugerida por Saramago não geraria outra coisa senão um paraíso ilusório. O distanciamento entre a realidade e o universo da representação que nos envolve também nos afasta das possibilidades de enxergar o real. Se todos estamos cegos para a realidade e nos alienamos em “favor do objeto contemplado”, entregamos nossa possibilidade de mudança. O sistema maquínico e econômico que nos aprisiona isola multidões cada vez mais solitárias no intuito de proletarizar o mundo. Se somos expectadores, o que nos liga é um processo aparentemente irreversível que nos atrai a um centro comum para nos mantem isolados uns dos outros e todos de uma eventual transgressão.
Bibliografia:
Janela da Alma (Brasi,2002,73 mins)
Ficha Técnica: Título Original: Janela da Alma - Gênero: Documentário - Tempo de Duração: 73 minutos - Ano de Lançamento (Brasil): 2002 - Estúdio: Ravina Filmes - Distribuição: Copacabana Filmes - Direção: João Jardim e Walter Carvalho - Roteiro: João Jardim - Produção: Flávio R. Tambellini - Música: José Miguel Wisnick - Fotografia: Walter Carvalho - Edição: Karen Harley e João Jardim.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997
Eu.com por Rafael Cathoud
O espetáculo é uma relação social entre pessoas mediada por imagens que estão para o mundo inteligível, e que a todo o momento são associadas ao mundo sensível como título de verdade. O espetáculo em geral, é a inversão concreta da vida, é o movimento autônomo do não-vivo, é a copia do real que queremos viver. O espetáculo tornou-se parte de nós e modifica o nosso modo de significar o mundo, uma vez que o espetáculo participa formação do repertório cultural e do conhecimento de mundo; Em outras palavras a interferência do espetáculo no processo semiótico que cria um mundo à parte da realidade, ao ponto do real quase não poder ser captado por nós, apenas a cópia dele. A brecha criada pela internet na sociedade do espetáculo, e inteligentemente aproveitada por usuários da internet, está justamente nesse ponto.
Em sites como o YouTube observa-se um fenômeno crescente de usuários realizando uploads de vídeos retratando a sua “realidade”. Em uma pesquisa pelo site foi encontrado um interessante grupo denominado Dayloggers, que já possuem uma conta no twitter (@Dayloggers), no Videolog e outros canais dentre eles o YouTube, claro. Os Dayloggers em seu canal contam brevemente a história do grupo: “O Dayloggers começou no dia primeiro de março de 2008. A idéia do canal era juntar duas pessoas, Tieli e Alberto, em uma conversa através de vídeos públicos no Youtube. Na metade do projeto Tieli deixou de participar dos vídeos e cedeu seu lugar à Camila. Depois de um ano seguido postando vídeos semanais, e pagando castigos quando estes vídeos não chegavam ao ar a tempo, o projeto chegou ao fim. A pausa nos vídeos não significou o fim da comunidade criada em torno deles, os Assistintes (é assim que chamamos quem acompanha os vídeos) continuaram participando das nossas vidas e pedindo que o Dayloggers voltasse. Por isso Camila e Alberto (Betito, Betushco) decidiram que os Vlogs deveriam continuar..” Essa dupla de amigos conseguiu conquistar um número significativo de exibições no site. Alguns de seus vídeos já possuem mais de 4.000 exibições, além de terem somado mais de 2.000 inscritos em seu canal. De maneira criativa e descontraída os Dayloggers conquistam um número maior de “assistintes” a cada upload.
Em seus vídeos os Dayloggers midiatizam o seu universo particular, ou pelo menos criam um universo particular para ser midiatizado. Nesse vídeo, por exemplo, Camila conta que cinco coisas sobre ela para seus “assistintes” e nos comentários do vídeo recebe feedbacks como: “bglaubenbh - teu pai é físico?! =O”, “slimshadyrealrealrea - gosto de fimes de gangsters :] Al pacino king :!”(Esse vídeo teve até 8 de julho de 2010 – 1342 exibições) A partir desses feedbacks notamos que a audiência dos Dayloggers está associada ao interesse do público em saber mais sobre particularidades dos seus participantes, seja a opinião deles sobre um determinado fato da semana, ou onde eles moravam entre 7 e 8 anos de idade. Além disso, a linguagem leve permite o acesso de vários grupos ao conteúdo, e sua edição ,com nítida intencionalidade de gerar comicidade, auxilia a criar perfis específicos para cada participante.
A cada vídeo os Dayloggers se constroem como personagens do universo midiático, destacando-se dos outros usuários que tentem fazer o mesmo que eles. Uma vez que estabelecidos como personagens únicos, seu público cria uma identificação com os mesmos e torna-se “fiel”, comprova-se isso com a menção feita pelos próprios Dayloggers contando a sua história “A pausa nos vídeos não significou o fim da comunidade criada em torno deles, os Assistintes (é assim que chamamos quem acompanha os vídeos) continuaram participando das nossas vidas e pedindo que o Dayloggers voltasse. Por isso Camila e Alberto (Betito, Betushco) decidiram que os Vlogs deveriam continuar..”.
Utilizando-se da publicação de conteúdo gratuito na internet, um número maior de pessoas seguem o mesmo caminho que os Dayloggers. O que há de diferente nesse grupo de usuários é que eles não se importam em midiatizar o seu universo particular, ao contrário dos outros usuários que prezam por uma determinada privacidade; A fama dos Dayloggers, bem como a de outras personalidades do universo da mídia vem do interesse geral sobre a individualidade alheia. Existe uma grande curiosidade em saber o que o outro pensa, faz e acredita e os Dayloggers sabem muito bem disso. Não existe um questionamento sobre a veracidade do conteúdo transmitido, já que os “assistintes” buscam na verdade saciar a sua curiosidade como num Big Brother Online, só que muito mais divertido, dinâmico e inteligente. Outra observação importante é que os Dayloggers passaram a fazer transmissões ao vivo pelo Livestream (livestream.com/dayloggers). Dessa forma, dialogam com seu público gerando uma interatividade em tempo real, aproximando-se cada vez de um “contato real”.
Por fim, chegamos a conclusão de que a internet tem sido a mídia que mais democratiza a publicação de conteúdo que mantém a sociedade do espetáculo; E que a intimidade tem sido o tema cada vez mais explorado pelos autores dessas publicações, apontando para um futuro com uma preocupação menor sobre a privacidade, e maior com a imagem. Além disso, nota-se que não há uma preocupação efetiva com a veracidade do conteúdo transmitido pelo espetáculo de modo geral, há uma tendência de análise, quase que exclusiva, da coerência interna desses tipos de narrativas propostas pelos Dayloggers; Isso permite a esse segmento de autores produzirem até o limite de sua criatividade para a felicidade de nós "assistintes".
Em sites como o YouTube observa-se um fenômeno crescente de usuários realizando uploads de vídeos retratando a sua “realidade”. Em uma pesquisa pelo site foi encontrado um interessante grupo denominado Dayloggers, que já possuem uma conta no twitter (@Dayloggers), no Videolog e outros canais dentre eles o YouTube, claro. Os Dayloggers em seu canal contam brevemente a história do grupo: “O Dayloggers começou no dia primeiro de março de 2008. A idéia do canal era juntar duas pessoas, Tieli e Alberto, em uma conversa através de vídeos públicos no Youtube. Na metade do projeto Tieli deixou de participar dos vídeos e cedeu seu lugar à Camila. Depois de um ano seguido postando vídeos semanais, e pagando castigos quando estes vídeos não chegavam ao ar a tempo, o projeto chegou ao fim. A pausa nos vídeos não significou o fim da comunidade criada em torno deles, os Assistintes (é assim que chamamos quem acompanha os vídeos) continuaram participando das nossas vidas e pedindo que o Dayloggers voltasse. Por isso Camila e Alberto (Betito, Betushco) decidiram que os Vlogs deveriam continuar..” Essa dupla de amigos conseguiu conquistar um número significativo de exibições no site. Alguns de seus vídeos já possuem mais de 4.000 exibições, além de terem somado mais de 2.000 inscritos em seu canal. De maneira criativa e descontraída os Dayloggers conquistam um número maior de “assistintes” a cada upload.
Em seus vídeos os Dayloggers midiatizam o seu universo particular, ou pelo menos criam um universo particular para ser midiatizado. Nesse vídeo, por exemplo, Camila conta que cinco coisas sobre ela para seus “assistintes” e nos comentários do vídeo recebe feedbacks como: “bglaubenbh - teu pai é físico?! =O”, “slimshadyrealrealrea - gosto de fimes de gangsters :] Al pacino king :!”(Esse vídeo teve até 8 de julho de 2010 – 1342 exibições) A partir desses feedbacks notamos que a audiência dos Dayloggers está associada ao interesse do público em saber mais sobre particularidades dos seus participantes, seja a opinião deles sobre um determinado fato da semana, ou onde eles moravam entre 7 e 8 anos de idade. Além disso, a linguagem leve permite o acesso de vários grupos ao conteúdo, e sua edição ,com nítida intencionalidade de gerar comicidade, auxilia a criar perfis específicos para cada participante.
A cada vídeo os Dayloggers se constroem como personagens do universo midiático, destacando-se dos outros usuários que tentem fazer o mesmo que eles. Uma vez que estabelecidos como personagens únicos, seu público cria uma identificação com os mesmos e torna-se “fiel”, comprova-se isso com a menção feita pelos próprios Dayloggers contando a sua história “A pausa nos vídeos não significou o fim da comunidade criada em torno deles, os Assistintes (é assim que chamamos quem acompanha os vídeos) continuaram participando das nossas vidas e pedindo que o Dayloggers voltasse. Por isso Camila e Alberto (Betito, Betushco) decidiram que os Vlogs deveriam continuar..”.
Utilizando-se da publicação de conteúdo gratuito na internet, um número maior de pessoas seguem o mesmo caminho que os Dayloggers. O que há de diferente nesse grupo de usuários é que eles não se importam em midiatizar o seu universo particular, ao contrário dos outros usuários que prezam por uma determinada privacidade; A fama dos Dayloggers, bem como a de outras personalidades do universo da mídia vem do interesse geral sobre a individualidade alheia. Existe uma grande curiosidade em saber o que o outro pensa, faz e acredita e os Dayloggers sabem muito bem disso. Não existe um questionamento sobre a veracidade do conteúdo transmitido, já que os “assistintes” buscam na verdade saciar a sua curiosidade como num Big Brother Online, só que muito mais divertido, dinâmico e inteligente. Outra observação importante é que os Dayloggers passaram a fazer transmissões ao vivo pelo Livestream (livestream.com/dayloggers). Dessa forma, dialogam com seu público gerando uma interatividade em tempo real, aproximando-se cada vez de um “contato real”.
Por fim, chegamos a conclusão de que a internet tem sido a mídia que mais democratiza a publicação de conteúdo que mantém a sociedade do espetáculo; E que a intimidade tem sido o tema cada vez mais explorado pelos autores dessas publicações, apontando para um futuro com uma preocupação menor sobre a privacidade, e maior com a imagem. Além disso, nota-se que não há uma preocupação efetiva com a veracidade do conteúdo transmitido pelo espetáculo de modo geral, há uma tendência de análise, quase que exclusiva, da coerência interna desses tipos de narrativas propostas pelos Dayloggers; Isso permite a esse segmento de autores produzirem até o limite de sua criatividade para a felicidade de nós "assistintes".
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Big Brother Brasil e a Sociedade do Espetáculo por Jhessica Atalla
Vamos dar uma espiadinha?!
Em época de Big Brother Brasil (BBB) não se fala em outra coisa nas filas de banco, supermercado, nas salinhas de espera ou pelas ruas do país, todos querem saber o que se passa pela cabeça daqueles candidatos a participantes que vão todos os dias “entrar” na casa de milhares de brasileiros, levando- os a gargalhar, odiar, chorar, torcer e vibrar por suas conquistas; candidatos anônimos, desesperados por dinheiro e atenção (não obrigatoriamente nessa ordem). O “legal” do BBB é isso: Vivenciar tristeza de outras pessoas ausentando- se da própria vida, mas observando- se no outro. Não se quer pensar, agir ou sentir, abdica- se da própria angústia existencial para que falsos atores vivam intensamente pelos espectadores.
A partir desse “Fenômeno” de audiência, podemos refletir sobre a banalização e valorização espetacular da vida íntima. Preservar a vida íntima já foi considerado, há alguns anos atrás, um valor, mas nos dias de hoje está cada vez mais na “moda” tornar a vida privada pública.
Quanto aos telespectadores, podemos perceber um consumo massivo de imagens por um público que fica extasiado diante do espetáculo criado pela indústria da televisão e pela ficção do “real”, afinal, o BBB é considerado uma novela da vida real, na qual o público curioso procura por imagens de vulgaridades, banalidades e passam a bisbilhotar sobre a vida daqueles, até então, anônimos que se tornam famosos e íntimos de uma hora pra outra. A diferença dessa novela, é que os atores que desempenham tais papéis são pessoas comuns e agem como se estivessem vivenciando momentos espontâneos da vida privada.
Para que possamos entender melhor a respeito do crescente público fiel do BBB recorreremos à Debord, que diz: “o espetáculo é uma forma de sociedade em que a vida real é pobre e fragmentária, e os indivíduos são obrigados a contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real, (...), a realidade torna- se uma imagem, e as imagens, tornam- se realidade; a unidade que falta à vida, recupera- se no plano da imagem.”
Enfim, o BBB trata- se de acontecimentos do dia-a-dia, mais ou menos próximos daqueles que assistem ao programa (pessoas comuns em sua maioria), que são representados por uma série de padrões de beleza e conta com uma ajuda de uma poderosa equipe de edição que transforma qualquer acontecimento comum em algo extraordinário, além de estereotipar seus participantes, assim como se faz em novelas, identificando- os como: mocinho, vilão, louco, vovó, netinha, casal e etc.
Como disse Debord: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediadas por imagens.” (“Sociedade do espetáculo”, 1967)
Em época de Big Brother Brasil (BBB) não se fala em outra coisa nas filas de banco, supermercado, nas salinhas de espera ou pelas ruas do país, todos querem saber o que se passa pela cabeça daqueles candidatos a participantes que vão todos os dias “entrar” na casa de milhares de brasileiros, levando- os a gargalhar, odiar, chorar, torcer e vibrar por suas conquistas; candidatos anônimos, desesperados por dinheiro e atenção (não obrigatoriamente nessa ordem). O “legal” do BBB é isso: Vivenciar tristeza de outras pessoas ausentando- se da própria vida, mas observando- se no outro. Não se quer pensar, agir ou sentir, abdica- se da própria angústia existencial para que falsos atores vivam intensamente pelos espectadores.
A partir desse “Fenômeno” de audiência, podemos refletir sobre a banalização e valorização espetacular da vida íntima. Preservar a vida íntima já foi considerado, há alguns anos atrás, um valor, mas nos dias de hoje está cada vez mais na “moda” tornar a vida privada pública.
Quanto aos telespectadores, podemos perceber um consumo massivo de imagens por um público que fica extasiado diante do espetáculo criado pela indústria da televisão e pela ficção do “real”, afinal, o BBB é considerado uma novela da vida real, na qual o público curioso procura por imagens de vulgaridades, banalidades e passam a bisbilhotar sobre a vida daqueles, até então, anônimos que se tornam famosos e íntimos de uma hora pra outra. A diferença dessa novela, é que os atores que desempenham tais papéis são pessoas comuns e agem como se estivessem vivenciando momentos espontâneos da vida privada.
Para que possamos entender melhor a respeito do crescente público fiel do BBB recorreremos à Debord, que diz: “o espetáculo é uma forma de sociedade em que a vida real é pobre e fragmentária, e os indivíduos são obrigados a contemplar e a consumir passivamente as imagens de tudo o que lhes falta em sua existência real, (...), a realidade torna- se uma imagem, e as imagens, tornam- se realidade; a unidade que falta à vida, recupera- se no plano da imagem.”
Enfim, o BBB trata- se de acontecimentos do dia-a-dia, mais ou menos próximos daqueles que assistem ao programa (pessoas comuns em sua maioria), que são representados por uma série de padrões de beleza e conta com uma ajuda de uma poderosa equipe de edição que transforma qualquer acontecimento comum em algo extraordinário, além de estereotipar seus participantes, assim como se faz em novelas, identificando- os como: mocinho, vilão, louco, vovó, netinha, casal e etc.
Como disse Debord: “O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediadas por imagens.” (“Sociedade do espetáculo”, 1967)
quarta-feira, 7 de julho de 2010
A espetacularização da imagem por Daniel Reis Duarte
Primeiramente, a fim de introduzir o meu post irei expor uma passagem contida no livro “A Sociedade do Espetáculo” do escritor francês Guy Debord; ”o espetáculo é a afirmação da aparência e a afirmação de toda a vida humana - isto é, social-como simples aparência. Mas a crítica que atinge a verdade do espetáculo o descobre como a negação visível da vida; como negação da vida que se tornou visível”-Debord, GUY “A sociedade do espetáculo”. Além disso, o escrito francês norteia seu pensamento segundo a tríade composta por ser-ter-parecer. Primeiramente, o ser humano queria ser, depois passou a querer TER e a agora, na sociedade do espetáculo, este ser único e indivisível quer PARECER.
No Orkut, por exemplo, há vários exemplos deste tipo. O usuário performatiza o seu próprio “eu”, a fim de passar uma imagem antagônica de sua própria essência, e portanto afastando-se de seu “eu”característico e idiossincrático.
Algo semelhante ocorre nas demais mídias sociais, ou seja, no Myspace, Facebook, dentre outras mídias Sociais. A representação do eu sobrepuja a própria essência do ser, acarretando, pois na fomentação de uma “relação social entre pessoas, mediadas por imagens”. Nesta passagem Debord edifica a interface de uma comunicação norteada pela imagem, correlacionada com o desejo de obtenção de um status quo mediada através da aparência.
Portanto, na sociedade do espetáculo o que mais importa não é a própria singularidade do indivíduo, mas sim a capacidade dele representar, a fim de perpassar uma imagem diferente da sua própria essência. Posto isso, pergunto a vocês - estamos fadados à cada vez mais espetacularizações, para nutrir a Sociedade do Espetáculo?-Uma coisa é certa: Os meios para que o fim seja atingido, nunca tivera tantas ferramentas como na sociedade do espetáculo, no que tange a reprodução da imagem. E foi ele que determinou as regras...
No Orkut, por exemplo, há vários exemplos deste tipo. O usuário performatiza o seu próprio “eu”, a fim de passar uma imagem antagônica de sua própria essência, e portanto afastando-se de seu “eu”característico e idiossincrático.
Algo semelhante ocorre nas demais mídias sociais, ou seja, no Myspace, Facebook, dentre outras mídias Sociais. A representação do eu sobrepuja a própria essência do ser, acarretando, pois na fomentação de uma “relação social entre pessoas, mediadas por imagens”. Nesta passagem Debord edifica a interface de uma comunicação norteada pela imagem, correlacionada com o desejo de obtenção de um status quo mediada através da aparência.
Portanto, na sociedade do espetáculo o que mais importa não é a própria singularidade do indivíduo, mas sim a capacidade dele representar, a fim de perpassar uma imagem diferente da sua própria essência. Posto isso, pergunto a vocês - estamos fadados à cada vez mais espetacularizações, para nutrir a Sociedade do Espetáculo?-Uma coisa é certa: Os meios para que o fim seja atingido, nunca tivera tantas ferramentas como na sociedade do espetáculo, no que tange a reprodução da imagem. E foi ele que determinou as regras...
Malvados por Layanna Azevedo
O objetivo desta postagem não é apenas aliar os conhecimentos teóricos adquiridos durante o curso de teorias da comunicação a um produto midiático, como também apresentar aos leitores do blog o jovem quadrinista André Dahmer e seu “Malvados”. A geração 2000 de quadrinistas é pioneira no território virtual, publicando amplamente seus trabalhos na internet. A forma mais dinâmica de apresentá-lo aqui é discutindo algumas das teorias da comunicação e ilustrando-as através dos quadrinhos.
O site do “Malvados” divide-se em diversas séries produzidas por Dahmer. Aqui, será utilizada primordialmente a série “Quadrinhos dos anos 10”, onde o quadrinista retrata a primeira década do século XXI, onde é possível visualizar o que Guy Debord chama de “sociedade do espetáculo”.
Segundo Paula Sibilia em seu livro “O show do eu”, há uma grande exibição da intimidade na internet no século XXI. Qualquer pessoa pode produzir conteúdo – inclusive expondo sua vida. “Tanto na internet quanto fora dela, hoje a capacidade de criação é sistematicamente capturada pelos tentáculos do mercado, que atiçam como nunca essas forças vitais e, ao mesmo tempo, não cessam de transformá-las em mercadorias”. Dahmer sintetiza tal característica da sociedade contemporânea de forma crítica e ilustrativa:
Aliada a esta questão da exibição da intimidade tem-se o espetáculo constituído como o modelo de vida dominante na sociedade, segundo Guy Debord, onde a aparência é afirmada como simples aparência. Para Neal Gabler, nossa cultura do consumo é orientada para a personalidade, fazendo com que interpretar algo seja tão bom quanto ser algo. Nossa cultura deixou de ser uma cultura das “necessidades” para de tornar uma cultura dos “desejos”, onde inclusive pessoas tornam-se mercadoria:
Guy Debord, já na década de 1960, coloca que o atual momento da sociedade capitalista “leva a um deslizamento generalizado do TER para o PARECER”. O importante no espetáculo é fazer ver, ser visto pelos outros. Neal Gabler igualmente trabalha com tal questão, apontando o fato de a imagem projetada ao outro de que se tem algo ser mais importante do que de fato possuir este algo. Nas palavras do autor, “a interpretação sobrepujara a substância”. Uma experiência pessoal recente, que serve de exemplo para tal questão: duas amigas viajaram à Paris; ambas tiraram fotos na entrada do Louvre. Quando perguntei como era o Louvre, se conseguiram ver tudo, quais seções mais gostaram, a resposta que obtive foi : - “Ah, não entrei não... só tirei foto na entrada”! E as belas fotos, com seus rostos estampados ao lado da pirâmide do Louvre, estão estampadas em todas as redes sociais. Como coloca André Dahmer, “mais do que viver o momento, o importante era registrá-lo”:
Para conhecer mais da obra de André Dahmer, siga o @malvados no Twitter ou acessem http://www.malvados.com.br
O site do “Malvados” divide-se em diversas séries produzidas por Dahmer. Aqui, será utilizada primordialmente a série “Quadrinhos dos anos 10”, onde o quadrinista retrata a primeira década do século XXI, onde é possível visualizar o que Guy Debord chama de “sociedade do espetáculo”.
Segundo Paula Sibilia em seu livro “O show do eu”, há uma grande exibição da intimidade na internet no século XXI. Qualquer pessoa pode produzir conteúdo – inclusive expondo sua vida. “Tanto na internet quanto fora dela, hoje a capacidade de criação é sistematicamente capturada pelos tentáculos do mercado, que atiçam como nunca essas forças vitais e, ao mesmo tempo, não cessam de transformá-las em mercadorias”. Dahmer sintetiza tal característica da sociedade contemporânea de forma crítica e ilustrativa:
Aliada a esta questão da exibição da intimidade tem-se o espetáculo constituído como o modelo de vida dominante na sociedade, segundo Guy Debord, onde a aparência é afirmada como simples aparência. Para Neal Gabler, nossa cultura do consumo é orientada para a personalidade, fazendo com que interpretar algo seja tão bom quanto ser algo. Nossa cultura deixou de ser uma cultura das “necessidades” para de tornar uma cultura dos “desejos”, onde inclusive pessoas tornam-se mercadoria:
Guy Debord, já na década de 1960, coloca que o atual momento da sociedade capitalista “leva a um deslizamento generalizado do TER para o PARECER”. O importante no espetáculo é fazer ver, ser visto pelos outros. Neal Gabler igualmente trabalha com tal questão, apontando o fato de a imagem projetada ao outro de que se tem algo ser mais importante do que de fato possuir este algo. Nas palavras do autor, “a interpretação sobrepujara a substância”. Uma experiência pessoal recente, que serve de exemplo para tal questão: duas amigas viajaram à Paris; ambas tiraram fotos na entrada do Louvre. Quando perguntei como era o Louvre, se conseguiram ver tudo, quais seções mais gostaram, a resposta que obtive foi : - “Ah, não entrei não... só tirei foto na entrada”! E as belas fotos, com seus rostos estampados ao lado da pirâmide do Louvre, estão estampadas em todas as redes sociais. Como coloca André Dahmer, “mais do que viver o momento, o importante era registrá-lo”:
Para conhecer mais da obra de André Dahmer, siga o @malvados no Twitter ou acessem http://www.malvados.com.br
Onde está você, Fátima Bernardes? por Selene Ferreira
Já são 4 Copas do Mundo nas quais a repórter Fátima Bernardes é enviada especial da Rede Globo na cobertura dos jogos para o Jornal Nacional (apresentado rotineiramente por ela junto com seu marido William Bonner na bancada dos estúdios da emissora). A frase clássica, na qual o marido chama pela esposa perguntando onde ela está, tornou-se uma marca do telejornal no período da Copa e ao começar a temporada de transmissões do Mundial de Futebol de 2010, milhares de telespectadores aguardavam ansiosos pela chamada que introduz as notícias do campeonato logo no começo do programa: “Onde está você, Fátima Bernardes?”
O fato de um casal (marido e mulher) ser âncora do telejornal já acarreta uma série de questões no que diz respeito à noção de público e privado. Seja por comodidade, afinidade ou estratégia, uma coisa é certa, e pode ser confirmada pela própria mídia: esta estrutura “casal de verdade” na bancada cria uma certa empatia com o público. A vida privada de ambos se mistura à vida profissional e eles se tornam o casal "amigo do telespectador", que o visita diariamente, com o qual ele se sente íntimo e próximo. É como se o casal JN fosse "da família". A relação extrapola os limites da tela e do horário do telejornal. Sua vida privada é exposta ao público que acompanha em outros programas, emissoras e, até mesmo, outros veículos cada passo da história do casal e sua família. Como exemplo, podemos citar a repercussão do nascimento dos trigêmeos em 21 de outubro de 1997 e a forma como a família é acompanhada, não apenas pelos “fans”, como ocorre com a maioria dos artistas, mas também pelos telespectadores em geral do JN, o qual por se tratar de um telejornal não tem a efemeridade de uma novela, por exemplo, que já começa com uma data determinada para terminar.
Uma das formas de se constatar esta relação que o público estabelece com o casal JN é evidenciada pelos comentários postados no Blog "JN na Copa",cujo título é justamente a frase "Onde está você, Fatima Bernardes?", uma estratégia inteligente de aproveitamento da popularização e empatia que a "brincadeira" ganhou entre o público. Dentre os aspectos mais significativos que podemos detectar neste caso está, mais uma vez, esta característica forte da sociedade em que vivemos atualmente: a mistura, ainda mais evidente, entre o público e o privado. Até mesmo o dia de folga é registrado e noticiado no blog, como podemos notar no post intitulado "Um dia de folga em Soweto". As notícias sobre a Copa não são suficientes, o blog traz ao público o cotidiano da apresentadora e sua equipe, os bastidores e informações sobre a África. É preciso levar o público na bagagem, possibilitar que ele viaje junto com o telejornal, ou que o telejornal traga a África para a sala da casa (ou a tela do PC) das pessoas. Trata-se da espetacularização do cotidiano, como ressalta Debord (1997, p.13) “Tudo que era vivido diretamente tornou-se uma representação”. O autor ressalta ainda que na Sociedade do Espetáculo o ter cede espaço ao parecer e a aparência se torna cada vez mais central nas relações humanas.
Outro autor que trabalha com essa questão da aparência ganhando espaço é Gabler em “Vida o filme”, onde contrapõe essência e aparência e analisa as transformações que ocorrem por volta do século XIX, tendo no consumo um de seus pontos principais e nos meios de comunicação os instrumentos mais eficazes de difusão e consolidação das práticas que tornam a vida um filme, uma encenação, um espetáculo constante no qual as pessoas buscam parecer acima de tudo, convencer que são aquilo que desejam que os outros acreditem que elas sejam. Gabler mostra como os atores de cinema (e depois televisão, bem como outras “estrelas” da comunicação de massa) passaram a ser referências e dizer ao público como deveriam agir, se comportar, consumir. As pessoas se espelham nas celebridades para realizarem seus desejos, tomando-as como referência, e assim, fazendo com que a realidade “sonhada” se concretize nas práticas imitadas.
Este processo possibilitou também que a adaptação aos moldes de vida contemporâneos fossem mais suaves, pois as pessoas encontram na mídia uma didática capaz de ensinar o “como viver” nessa sociedade. Como as celebridades se tornam foco das atenções, tendem a ser mais ouvidas e isto proporciona darem às pessoas em geral as indicações de como devem viver. E a personagem deste post representa isto muito bem, como podemos ver a seguir:
Na edição de sexta-feira (11/06/2010) o repórter diz para sua parceira de bancada e esposa: “Fátima, estão pedindo para você mandar uma mensagem para as crianças. Você pode mandar uma mensagem para elas?”. Ao que a repórter completa: “Claro William! Neste sábado é muito importante que todas as crianças sejam vacinadas...”. Vemos neste exemplo um jogo de palavras e de sentidos criado a partir de um fato ocorrido em uma transmissão da Copa anterior, na qual Fátima Bernardes, como figura de mãe, realmente mandou um recado para seus filhos no telejornal. O fato repercutiu bem na ocasião e, aproveitando isso, foi recuperado como uma brincadeira discreta para dar a chamada da Campanha de Vacinação que estava acontecendo no Brasil, através da ambigüidade formada entre “as crianças” como sendo os trigêmeos (filhos do casal, que hoje já são adolescentes) e “as crianças” como as crianças de todo o Brasil em idade de vacinação.
Apesar de seus filhos não estarem mais na faixa etária a ser vacinada, a fala de Fátima Bernardes possui dois apelos muito fortes: trata-se da recomendação feita pela jornalista (e aqui temos o lugar de autoridade que a profissão lhe garante) e também pela mãe (que proporciona identificação com todas as mães que estão do outro lado da tela). Desta forma as chances de convencimento do público são amplamente aumentadas e, novamente, público e privado se misturam, num processo que se faz mais complexo a cada dia cujo sistema tende a se emaranhar e estas duas categorias se envolverem cada vez mais.
O fato de um casal (marido e mulher) ser âncora do telejornal já acarreta uma série de questões no que diz respeito à noção de público e privado. Seja por comodidade, afinidade ou estratégia, uma coisa é certa, e pode ser confirmada pela própria mídia: esta estrutura “casal de verdade” na bancada cria uma certa empatia com o público. A vida privada de ambos se mistura à vida profissional e eles se tornam o casal "amigo do telespectador", que o visita diariamente, com o qual ele se sente íntimo e próximo. É como se o casal JN fosse "da família". A relação extrapola os limites da tela e do horário do telejornal. Sua vida privada é exposta ao público que acompanha em outros programas, emissoras e, até mesmo, outros veículos cada passo da história do casal e sua família. Como exemplo, podemos citar a repercussão do nascimento dos trigêmeos em 21 de outubro de 1997 e a forma como a família é acompanhada, não apenas pelos “fans”, como ocorre com a maioria dos artistas, mas também pelos telespectadores em geral do JN, o qual por se tratar de um telejornal não tem a efemeridade de uma novela, por exemplo, que já começa com uma data determinada para terminar.
Uma das formas de se constatar esta relação que o público estabelece com o casal JN é evidenciada pelos comentários postados no Blog "JN na Copa",cujo título é justamente a frase "Onde está você, Fatima Bernardes?", uma estratégia inteligente de aproveitamento da popularização e empatia que a "brincadeira" ganhou entre o público. Dentre os aspectos mais significativos que podemos detectar neste caso está, mais uma vez, esta característica forte da sociedade em que vivemos atualmente: a mistura, ainda mais evidente, entre o público e o privado. Até mesmo o dia de folga é registrado e noticiado no blog, como podemos notar no post intitulado "Um dia de folga em Soweto". As notícias sobre a Copa não são suficientes, o blog traz ao público o cotidiano da apresentadora e sua equipe, os bastidores e informações sobre a África. É preciso levar o público na bagagem, possibilitar que ele viaje junto com o telejornal, ou que o telejornal traga a África para a sala da casa (ou a tela do PC) das pessoas. Trata-se da espetacularização do cotidiano, como ressalta Debord (1997, p.13) “Tudo que era vivido diretamente tornou-se uma representação”. O autor ressalta ainda que na Sociedade do Espetáculo o ter cede espaço ao parecer e a aparência se torna cada vez mais central nas relações humanas.
Outro autor que trabalha com essa questão da aparência ganhando espaço é Gabler em “Vida o filme”, onde contrapõe essência e aparência e analisa as transformações que ocorrem por volta do século XIX, tendo no consumo um de seus pontos principais e nos meios de comunicação os instrumentos mais eficazes de difusão e consolidação das práticas que tornam a vida um filme, uma encenação, um espetáculo constante no qual as pessoas buscam parecer acima de tudo, convencer que são aquilo que desejam que os outros acreditem que elas sejam. Gabler mostra como os atores de cinema (e depois televisão, bem como outras “estrelas” da comunicação de massa) passaram a ser referências e dizer ao público como deveriam agir, se comportar, consumir. As pessoas se espelham nas celebridades para realizarem seus desejos, tomando-as como referência, e assim, fazendo com que a realidade “sonhada” se concretize nas práticas imitadas.
Este processo possibilitou também que a adaptação aos moldes de vida contemporâneos fossem mais suaves, pois as pessoas encontram na mídia uma didática capaz de ensinar o “como viver” nessa sociedade. Como as celebridades se tornam foco das atenções, tendem a ser mais ouvidas e isto proporciona darem às pessoas em geral as indicações de como devem viver. E a personagem deste post representa isto muito bem, como podemos ver a seguir:
Na edição de sexta-feira (11/06/2010) o repórter diz para sua parceira de bancada e esposa: “Fátima, estão pedindo para você mandar uma mensagem para as crianças. Você pode mandar uma mensagem para elas?”. Ao que a repórter completa: “Claro William! Neste sábado é muito importante que todas as crianças sejam vacinadas...”. Vemos neste exemplo um jogo de palavras e de sentidos criado a partir de um fato ocorrido em uma transmissão da Copa anterior, na qual Fátima Bernardes, como figura de mãe, realmente mandou um recado para seus filhos no telejornal. O fato repercutiu bem na ocasião e, aproveitando isso, foi recuperado como uma brincadeira discreta para dar a chamada da Campanha de Vacinação que estava acontecendo no Brasil, através da ambigüidade formada entre “as crianças” como sendo os trigêmeos (filhos do casal, que hoje já são adolescentes) e “as crianças” como as crianças de todo o Brasil em idade de vacinação.
Apesar de seus filhos não estarem mais na faixa etária a ser vacinada, a fala de Fátima Bernardes possui dois apelos muito fortes: trata-se da recomendação feita pela jornalista (e aqui temos o lugar de autoridade que a profissão lhe garante) e também pela mãe (que proporciona identificação com todas as mães que estão do outro lado da tela). Desta forma as chances de convencimento do público são amplamente aumentadas e, novamente, público e privado se misturam, num processo que se faz mais complexo a cada dia cujo sistema tende a se emaranhar e estas duas categorias se envolverem cada vez mais.
terça-feira, 6 de julho de 2010
A febre do Twitter por Eduarda Gonsalez
Uma nova rede de relacionamentos surge nos Estados Unidos com função de microblog, restringe por isso o número de caracteres para 140, “obrigando” os usuários a serem sucintos e objetivos em suas falas. Muito foi dito que uma rede social com essas características não daria certo. Hoje o Twitter é sucesso no mundo!
A febre do Twitter, como é chamado o vício em que os usuários passam a ter a partir do primeiro “tweet”, pode ser explicado no livro da Paula Sibilia “O Show do Eu”. Em seu livro, Paula Sibilia fala muito sobre a espetacularização do “eu” que busca a todo o momento te fazer acreditar que é você o protagonista, que escreve para que OUTROS leiam e, quanto mais comentários forem feitos maior o número de pessoas sendo atingidas por aquilo que VOCÊ escreveu.
Na rede social Twitter cada usuário escreve objetivamente o que pensa e quanto mais o que ele escreve é lido pelos outros, mais popularidade e “followers” ele ganha. Além disso, o usuário tem a possibilidade de “seguir” celebridades, artistas e cantores/bandas de que são fãs, dando a impressão de que essas pessoas fazem parte do seu ciclo de amizades ou vice-versa. Geralmente os twitteiros, como são chamados, utilizam o espaço para expressar suas opiniões acerca de qualquer assunto com ou sem relevância, isso quando não escrevem apenas coisas de sua intimidade, particularidade que só pertence ao seu “mundo”.
Ao mesmo tempo em que existe uma exposição de si mesmo, também há a necessidade de observação do outro. Paula Sibilia também afirma em seu livro questões que levam a pensar o porquê de algo tão cuidado para que não seja exposto (a intimidade) agora é, pelo contrário, exposto a quantos quiserem ver. Isso nos faz lembrar dos diários que continham chaves e eram escondidos para que ninguém lesse. É a transformação da intimidade em espetáculo mediado pelas redes on-line, graças a Web 2.0 que se utiliza de ferramentas como o Twitter, facilitando essa superexposição.
Hoje o Twitter não tem só o papel de uma rede social de entretenimento. Já adquiriu outras funções devido ao potencial de alcance que ele possibilita. Empresas utilizam o twitter para garantirem uma aproximação do cliente com a sua marca, podendo, com essa aproximação saber o que há de melhor em seu produto e o que melhorar, dando a impressão de que o cliente está ajudando a criar e manter a marca que gosta.
“A rede mundial de computadores se tornou um grande laboratório , um terreno propício para experimentar e criar novas subjetividades: em seus meandros nascem formas inovadoras de ser e estar no mundo, que por vezes parecem saudavelmente excêntricas e megalomaníacas, mas outras vezes (ou ao mesmo tempo) se atolam na pequenez mais rasa que se pode imaginar. Como quer que seja, não há dúvidas de que esses reluzentes espaços da Web 2.0 são interessantes, nem que seja por que se apresentam como cenários bem adequados para montar um espetáculo cada vez mais estridente: o show do eu” (página 27)
A febre do Twitter, como é chamado o vício em que os usuários passam a ter a partir do primeiro “tweet”, pode ser explicado no livro da Paula Sibilia “O Show do Eu”. Em seu livro, Paula Sibilia fala muito sobre a espetacularização do “eu” que busca a todo o momento te fazer acreditar que é você o protagonista, que escreve para que OUTROS leiam e, quanto mais comentários forem feitos maior o número de pessoas sendo atingidas por aquilo que VOCÊ escreveu.
Na rede social Twitter cada usuário escreve objetivamente o que pensa e quanto mais o que ele escreve é lido pelos outros, mais popularidade e “followers” ele ganha. Além disso, o usuário tem a possibilidade de “seguir” celebridades, artistas e cantores/bandas de que são fãs, dando a impressão de que essas pessoas fazem parte do seu ciclo de amizades ou vice-versa. Geralmente os twitteiros, como são chamados, utilizam o espaço para expressar suas opiniões acerca de qualquer assunto com ou sem relevância, isso quando não escrevem apenas coisas de sua intimidade, particularidade que só pertence ao seu “mundo”.
Ao mesmo tempo em que existe uma exposição de si mesmo, também há a necessidade de observação do outro. Paula Sibilia também afirma em seu livro questões que levam a pensar o porquê de algo tão cuidado para que não seja exposto (a intimidade) agora é, pelo contrário, exposto a quantos quiserem ver. Isso nos faz lembrar dos diários que continham chaves e eram escondidos para que ninguém lesse. É a transformação da intimidade em espetáculo mediado pelas redes on-line, graças a Web 2.0 que se utiliza de ferramentas como o Twitter, facilitando essa superexposição.
Hoje o Twitter não tem só o papel de uma rede social de entretenimento. Já adquiriu outras funções devido ao potencial de alcance que ele possibilita. Empresas utilizam o twitter para garantirem uma aproximação do cliente com a sua marca, podendo, com essa aproximação saber o que há de melhor em seu produto e o que melhorar, dando a impressão de que o cliente está ajudando a criar e manter a marca que gosta.
“A rede mundial de computadores se tornou um grande laboratório , um terreno propício para experimentar e criar novas subjetividades: em seus meandros nascem formas inovadoras de ser e estar no mundo, que por vezes parecem saudavelmente excêntricas e megalomaníacas, mas outras vezes (ou ao mesmo tempo) se atolam na pequenez mais rasa que se pode imaginar. Como quer que seja, não há dúvidas de que esses reluzentes espaços da Web 2.0 são interessantes, nem que seja por que se apresentam como cenários bem adequados para montar um espetáculo cada vez mais estridente: o show do eu” (página 27)
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Kickass e o Filme da Vida por André Boechat Alves Luz
- Como é que ninguém nunca tentou ser um superherói?
Na cena, Dave, futuro Kick-Ass, faz a pergunta central para seus amigos, que o respondem “Porque é impossível”.
Este é o questionamento que o personagem Dave do filme “Kickass – Quebrando Tudo” faz aos seus amigos enquanto lêem uma revista em quadrinhos. Dave durante o filme mostra que fora influenciado exaustivamente pelas mídias que o cercam; principalmente quanto aos eventos que ocorrem geralmente em ‘hqs’. Dave, inspirado por seus heróis como Homem-Aranha e Batman acaba por adotar em parte suas construções morais, como o senso de justiça próprio de vigilantes mascarados, tal como Neal Gabler constata em seu texto com a influência do cinema naquilo que chama de “Lifies Pessoais” (Sendo Lifies uma junção de Life e Movies).
Dave durante o filme confessa que, perante seus amigos e colegas de escola, ele “apenas existia”; que não se destacava em nada, não era engraçado, querido ou odiado, e vê essa situação mudar a partir do momento em que toma para si o manto do super herói verde-amarelo que nomeia mais tarde como Kickass. Nessa nova identidade, Dave passa a representar outro papel. Usando frases de efeito tal como as que os atores em filmes de super-heróis utilizam, o adolescente passa a fazer do seu mundo um palco próprio e posteriormente o expande, quando outros se inspiram nele, seja para praticarem atos de vigilantes e protetores ou apenas para posar para fotos como super-heróis. A própria questão do manto de superherói se mostra como um aspecto do texto de Gabler, quando ele relaciona o consumo com o entretenimento; Dave não precisava necessariamente vestir uma roupa de mergulho verde para se sentir um super-herói, tão pouco mascarar-se, mas, ao fazê-lo, ele pensa incorporar aspectos de seus ídolos midiáticos tal como uma pessoa faz ao consumir um produto anunciado por uma celebridade.
O personagem central ainda se questiona porque tantas pessoas não querem ser um Peter Parker (Identidade Nem Tão Secreta do famoso Homem-Aranha) mas almejam se tornarem Paris Hilton (A patricinha cuja fama baseia-se quase unicamente em eventos escandalosos como vazamento de uma fita pornô intitulada de “One Night in Paris” e prisões por diversos delitos, sendo o mais recente fumar maconha durante um jogo da Copa do Mundo); podendo assim fazer menção ao valor da aparência que os filmes refletem, fazendo Dave ser considerado como puritano por valorizar mais um “caráter” talvez (fibra moral das pessoas, por assim dizer) do que a cultura do consumismo que idolatra pessoas como Paris Hilton, cuja vida é amplamente divulgada e que valoriza mais a “personalidade” (ou aquilo que se projeta para os outros). Mas abre-se um questionamento, ao assumir um caráter puritano, não estaria ele ao mesmo tempo assumindo tal caráter para diferenciar-se da modelo/patricinha e, assim, se projetando para os outros com uma “personalidade” de alguém que nega esses valores consumistas?
Outros exemplos de personagens que baseiam suas vidas em cenas e personagens de filmes são Big Daddy (Paizão) e Hit Girl; respectivamente pai e filha, que tem a vida destruída por um gangster que resolve incriminar o personagem do Pai. Para melhor explicar como o texto “Vida, O Filme” se aplica à esses personagens, fugirei da obra cinemática de Kickass e usarei os mesmos personagens listados, só que nas suas “encarnações” originais: A dos quadrinhos. Lá, Big Daddy e Hit Girl são como o personagem de Dave; pessoas normais que resolvem vestir um manto só porque foram inspiradas por uma ideologia, por uma encenação. O pai, resolve mudar sua vida chata de assalariado e colecionador de quadrinhos e leva a filha pré-adolescente embora de sua mãe, almejando passar a ela os valores que formaram heróis das histórias que coleciona. Hit Girl cresce odiando “caras maus”, aprende a atirar, aprende a se defender e principalmente a matar. O grande objetivo de Big Daddy era fazer com que ela fosse uma pessoa diferente, especial; meio que tomando o mesmo pensamento que Dave teria anos depois, ao recusar que a filha fosse apenas mais uma na multidão que gostasse de brincar de Barbie ou usasse roupinhas da Hello Kitty enquanto gastava todo o dinheiro dos pais em um shopping lotado com sapatos que não precisava. E por isso, tirou ela da vida confortável que teria com sua mãe para uma vida na qual os dois vestiriam os mantos de super-heróis e acabariam com bandidos.
Na cena, Mindy (Hit Girl) é treinada por seu Pai (interpretado por Nicolas Cage) a aprender a agüentar um tiro à queima roupa usando um colete.”Vai ser como se levasse um soco”, diz a carinhos figura paterna”
Na cena, Mindy pede de aniversário um ‘cachorrinho’ para o pai, decepcionando-o momentaneamente, só para depois falar que “estava só zoando” e pede uma faca de combate especial, ao qual o pai responde aliviado “Você quase me pegou nessa!”.
Ainda sobre a questão do manto e sua importância na construção dos personagens, podemos fugir um pouco dos heróis do filme e suas máscaras para analisarmos que, não somente eles usam trajes para representar o que são ou o que querem passar para aqueles que os vêem, mas também os antagonistas do filme, que na verdade correspondem à dois estereótipos que classificarei como “bandido de subúrbio” e “gangster galante”. Inicialmente, Dave, já incorporado em sua alcunha de Kickass se depara apenas com os bandidos de subúrbio, que são identificados também pela roupa que usam; calças baggies, camisetas exibindo músculos e tatuagem, piercings e tocas que os definem perante o público como “classe média/classe baixa” e “bandidos/vilões”. Claro que, o impacto de uma pessoa vestida de vendedor de sorvetes correndo atrás de um transeunte não é o mesmo que uma pessoa com a vestimenta que descrevi, podendo assim fazer uma constatação de que eles também vestem uniformes para se reconhecer e fazerem ser reconhecidos, como atores. O segundo grupo é ainda mais caricato; a presença dos “gangsters galantes” por si só já é um grande estereotipo que começou –ou pelo menos tomou maiores proporções- após o sucesso do filme e livro “Poderoso Chefão” dirigido por Francis Ford Coppola, retratando os ítalo-americanos e sua cadeia de negócios ilegais. A influência de Coppola nesse filme pode ser dita ao mostrar os antagonistas não somente com suas vestimentas chiques e impecáveis; os ternos pretos, gravata, sapato, verdadeiros executivos; mas também como a linguagem corporal gesticulativa breve, as poucas palavras, a firmidez com a qual expõem suas opiniões e principalmente ao contraste que é mostrado quando ocorre cenas de muita violência, onde o vilão permanece intocável psicologicamente. “São apenas negócios”, como diria um dos personagens do Filme de Coppola.
“Na cena, pai e filho conversam tranquilamente sobre uma ida ao cinema enquanto ao fundo é possível ouvir os gritos de dor de um dos seus comparsas que está a ser torturado; mostrando assim a influência de outras obras midiáticas sobre o próprio filme e sobre os personagens dentro do mesmo.”
Kickass termina por mostrar então que, ele não é tão diferente assim dos fãs e copiadores de Paris Hilton; ambos espelharam-se em personalidades; pessoas; PERSONAGENS de um mundo midiático para construir suas próprias identidades. A única diferença foi que Dave escolheu Peter Parker, personagem de Stan Lee, para se inspirar, enquanto as pessoas que ele cita escolheram Paris Hilton, personagem de Paris Hilton, ou ainda, ‘persona’ criada pela própria mídia.
Na cena, um outro garoto aparece vestido de herói, dizendo ter se inspirado em Kick-ass. Enquanto seus amigos discutem sobre agora quem é “mais legal”, mostrando que agora Kick-ass deixou de ser um “Lifies” particular para se tornar público.
Na cena, Dave, futuro Kick-Ass, faz a pergunta central para seus amigos, que o respondem “Porque é impossível”.
Este é o questionamento que o personagem Dave do filme “Kickass – Quebrando Tudo” faz aos seus amigos enquanto lêem uma revista em quadrinhos. Dave durante o filme mostra que fora influenciado exaustivamente pelas mídias que o cercam; principalmente quanto aos eventos que ocorrem geralmente em ‘hqs’. Dave, inspirado por seus heróis como Homem-Aranha e Batman acaba por adotar em parte suas construções morais, como o senso de justiça próprio de vigilantes mascarados, tal como Neal Gabler constata em seu texto com a influência do cinema naquilo que chama de “Lifies Pessoais” (Sendo Lifies uma junção de Life e Movies).
Dave durante o filme confessa que, perante seus amigos e colegas de escola, ele “apenas existia”; que não se destacava em nada, não era engraçado, querido ou odiado, e vê essa situação mudar a partir do momento em que toma para si o manto do super herói verde-amarelo que nomeia mais tarde como Kickass. Nessa nova identidade, Dave passa a representar outro papel. Usando frases de efeito tal como as que os atores em filmes de super-heróis utilizam, o adolescente passa a fazer do seu mundo um palco próprio e posteriormente o expande, quando outros se inspiram nele, seja para praticarem atos de vigilantes e protetores ou apenas para posar para fotos como super-heróis. A própria questão do manto de superherói se mostra como um aspecto do texto de Gabler, quando ele relaciona o consumo com o entretenimento; Dave não precisava necessariamente vestir uma roupa de mergulho verde para se sentir um super-herói, tão pouco mascarar-se, mas, ao fazê-lo, ele pensa incorporar aspectos de seus ídolos midiáticos tal como uma pessoa faz ao consumir um produto anunciado por uma celebridade.
O personagem central ainda se questiona porque tantas pessoas não querem ser um Peter Parker (Identidade Nem Tão Secreta do famoso Homem-Aranha) mas almejam se tornarem Paris Hilton (A patricinha cuja fama baseia-se quase unicamente em eventos escandalosos como vazamento de uma fita pornô intitulada de “One Night in Paris” e prisões por diversos delitos, sendo o mais recente fumar maconha durante um jogo da Copa do Mundo); podendo assim fazer menção ao valor da aparência que os filmes refletem, fazendo Dave ser considerado como puritano por valorizar mais um “caráter” talvez (fibra moral das pessoas, por assim dizer) do que a cultura do consumismo que idolatra pessoas como Paris Hilton, cuja vida é amplamente divulgada e que valoriza mais a “personalidade” (ou aquilo que se projeta para os outros). Mas abre-se um questionamento, ao assumir um caráter puritano, não estaria ele ao mesmo tempo assumindo tal caráter para diferenciar-se da modelo/patricinha e, assim, se projetando para os outros com uma “personalidade” de alguém que nega esses valores consumistas?
Outros exemplos de personagens que baseiam suas vidas em cenas e personagens de filmes são Big Daddy (Paizão) e Hit Girl; respectivamente pai e filha, que tem a vida destruída por um gangster que resolve incriminar o personagem do Pai. Para melhor explicar como o texto “Vida, O Filme” se aplica à esses personagens, fugirei da obra cinemática de Kickass e usarei os mesmos personagens listados, só que nas suas “encarnações” originais: A dos quadrinhos. Lá, Big Daddy e Hit Girl são como o personagem de Dave; pessoas normais que resolvem vestir um manto só porque foram inspiradas por uma ideologia, por uma encenação. O pai, resolve mudar sua vida chata de assalariado e colecionador de quadrinhos e leva a filha pré-adolescente embora de sua mãe, almejando passar a ela os valores que formaram heróis das histórias que coleciona. Hit Girl cresce odiando “caras maus”, aprende a atirar, aprende a se defender e principalmente a matar. O grande objetivo de Big Daddy era fazer com que ela fosse uma pessoa diferente, especial; meio que tomando o mesmo pensamento que Dave teria anos depois, ao recusar que a filha fosse apenas mais uma na multidão que gostasse de brincar de Barbie ou usasse roupinhas da Hello Kitty enquanto gastava todo o dinheiro dos pais em um shopping lotado com sapatos que não precisava. E por isso, tirou ela da vida confortável que teria com sua mãe para uma vida na qual os dois vestiriam os mantos de super-heróis e acabariam com bandidos.
Na cena, Mindy (Hit Girl) é treinada por seu Pai (interpretado por Nicolas Cage) a aprender a agüentar um tiro à queima roupa usando um colete.”Vai ser como se levasse um soco”, diz a carinhos figura paterna”
Na cena, Mindy pede de aniversário um ‘cachorrinho’ para o pai, decepcionando-o momentaneamente, só para depois falar que “estava só zoando” e pede uma faca de combate especial, ao qual o pai responde aliviado “Você quase me pegou nessa!”.
Ainda sobre a questão do manto e sua importância na construção dos personagens, podemos fugir um pouco dos heróis do filme e suas máscaras para analisarmos que, não somente eles usam trajes para representar o que são ou o que querem passar para aqueles que os vêem, mas também os antagonistas do filme, que na verdade correspondem à dois estereótipos que classificarei como “bandido de subúrbio” e “gangster galante”. Inicialmente, Dave, já incorporado em sua alcunha de Kickass se depara apenas com os bandidos de subúrbio, que são identificados também pela roupa que usam; calças baggies, camisetas exibindo músculos e tatuagem, piercings e tocas que os definem perante o público como “classe média/classe baixa” e “bandidos/vilões”. Claro que, o impacto de uma pessoa vestida de vendedor de sorvetes correndo atrás de um transeunte não é o mesmo que uma pessoa com a vestimenta que descrevi, podendo assim fazer uma constatação de que eles também vestem uniformes para se reconhecer e fazerem ser reconhecidos, como atores. O segundo grupo é ainda mais caricato; a presença dos “gangsters galantes” por si só já é um grande estereotipo que começou –ou pelo menos tomou maiores proporções- após o sucesso do filme e livro “Poderoso Chefão” dirigido por Francis Ford Coppola, retratando os ítalo-americanos e sua cadeia de negócios ilegais. A influência de Coppola nesse filme pode ser dita ao mostrar os antagonistas não somente com suas vestimentas chiques e impecáveis; os ternos pretos, gravata, sapato, verdadeiros executivos; mas também como a linguagem corporal gesticulativa breve, as poucas palavras, a firmidez com a qual expõem suas opiniões e principalmente ao contraste que é mostrado quando ocorre cenas de muita violência, onde o vilão permanece intocável psicologicamente. “São apenas negócios”, como diria um dos personagens do Filme de Coppola.
“Na cena, pai e filho conversam tranquilamente sobre uma ida ao cinema enquanto ao fundo é possível ouvir os gritos de dor de um dos seus comparsas que está a ser torturado; mostrando assim a influência de outras obras midiáticas sobre o próprio filme e sobre os personagens dentro do mesmo.”
Kickass termina por mostrar então que, ele não é tão diferente assim dos fãs e copiadores de Paris Hilton; ambos espelharam-se em personalidades; pessoas; PERSONAGENS de um mundo midiático para construir suas próprias identidades. A única diferença foi que Dave escolheu Peter Parker, personagem de Stan Lee, para se inspirar, enquanto as pessoas que ele cita escolheram Paris Hilton, personagem de Paris Hilton, ou ainda, ‘persona’ criada pela própria mídia.
Na cena, um outro garoto aparece vestido de herói, dizendo ter se inspirado em Kick-ass. Enquanto seus amigos discutem sobre agora quem é “mais legal”, mostrando que agora Kick-ass deixou de ser um “Lifies” particular para se tornar público.
Análise da Campanha do Ministério da Educação e Cultura por Erli dos Santos
“Fez funcionar o espaço escolar como uma máquina de ensinar, mas também de vigiar, de hierarquizar, de recompensar.” (Foucault, Vigiar e Punir, pág. 134)
Para Foucault, a disciplina condiciona a vida moderna. A vida é conduzida, através das regras disciplinares, que operam na vida de todos, os sujeitos ao longo da vida toda. A propaganda do MEC situa-se nos moldes do regime disciplinar descrito por Foucault, como veremos.
Segundo visão foucaultiana, as diferentes instituições que compõem o Estado (escola, hospital, exército, asilos dentre outras) representam os interesses da instituição maior, atuando para que todos os seus setores e componentes ajam em sintonia com o regime. As instituições funcionam para manter tudo muito estruturado, a partir da obediência a suas regras. A sociedade é, portanto, estruturada como uma máquina. Os corpos são engrenagens, o que não funciona bem deve ser consertado, ajustado ou eliminado. A ideia é fazer a sociedade uma máquina perfeita, constituída de corpos adaptados a ela, corpos que funcionem harmonicamente para o pleno funcionamento do todo.
Percebemos claramente a ideia de utilidade/funcionalidade presente na propaganda: utilidade do livro didático, utilidade do sujeito-usuário (aluno) que deverá cuidar do livro (material físico) para que outros usuários possam fazer o mesmo no ano seguinte, utilidade da escola que deverá tomar os devidos cuidados para que tudo transcorra bem.
“Determinando lugares individuais, tornou possível o controle de cada um e o trabalho simultâneo de todos. (...) Fez também funcionar o espaço escolar como uma máquina de ensinar, mas também de vigiar, de hierarquizar, de recompensar.” ( FOUCAULT)
É clara aqui uma visão positivista acerca do uso e da utilidade do livro como matéria física.A harmonia está na relação de cuidado que o aluno(leitor) deve ter com o livro, a fim de que o objeto dure e seja utilizado por outros alunos – a harmonia está no cumprimento efetivo desse papel. A propaganda se restringe a abordar o livro como objeto - o livro concretude, o livro funcional – que vai cumprir uma função física: “passar de mão em mão” e promover acessibilidade ao público carente da escola pública. A disciplina é importante, então muito importante: cuidar do livro, encapando-o, por exemplo, a fim de que ele se mantenha intacto para que outros possam utilizá-lo e fazer o mesmo. A visão de livro como texto a ser lido, matéria física que só se realiza plenamente com a leitura, com a atribuição de significado/representação por parte do leitor, é omitida.
A propaganda aqui comentada está de acordo com as ideias positivistas da “sociedade disciplinar”, porque promove a disseminação da ideia de que o segmento social (corpo/estudante) deve agir da forma adequada (a indicada), para que a máquina (Estado) funcione em sua plenitude. A regra deve ser obedecida e, assim, a harmonia do funcionamento do todo será obtida. O aluno é, portanto, mais um corpo dessa engrenagem, deve funcionar bem, para não comprometer a instituição e, consequentemente, o Estado.
Para Foucault, a disciplina condiciona a vida moderna. A vida é conduzida, através das regras disciplinares, que operam na vida de todos, os sujeitos ao longo da vida toda. A propaganda do MEC situa-se nos moldes do regime disciplinar descrito por Foucault, como veremos.
Segundo visão foucaultiana, as diferentes instituições que compõem o Estado (escola, hospital, exército, asilos dentre outras) representam os interesses da instituição maior, atuando para que todos os seus setores e componentes ajam em sintonia com o regime. As instituições funcionam para manter tudo muito estruturado, a partir da obediência a suas regras. A sociedade é, portanto, estruturada como uma máquina. Os corpos são engrenagens, o que não funciona bem deve ser consertado, ajustado ou eliminado. A ideia é fazer a sociedade uma máquina perfeita, constituída de corpos adaptados a ela, corpos que funcionem harmonicamente para o pleno funcionamento do todo.
Percebemos claramente a ideia de utilidade/funcionalidade presente na propaganda: utilidade do livro didático, utilidade do sujeito-usuário (aluno) que deverá cuidar do livro (material físico) para que outros usuários possam fazer o mesmo no ano seguinte, utilidade da escola que deverá tomar os devidos cuidados para que tudo transcorra bem.
“Determinando lugares individuais, tornou possível o controle de cada um e o trabalho simultâneo de todos. (...) Fez também funcionar o espaço escolar como uma máquina de ensinar, mas também de vigiar, de hierarquizar, de recompensar.” ( FOUCAULT)
É clara aqui uma visão positivista acerca do uso e da utilidade do livro como matéria física.A harmonia está na relação de cuidado que o aluno(leitor) deve ter com o livro, a fim de que o objeto dure e seja utilizado por outros alunos – a harmonia está no cumprimento efetivo desse papel. A propaganda se restringe a abordar o livro como objeto - o livro concretude, o livro funcional – que vai cumprir uma função física: “passar de mão em mão” e promover acessibilidade ao público carente da escola pública. A disciplina é importante, então muito importante: cuidar do livro, encapando-o, por exemplo, a fim de que ele se mantenha intacto para que outros possam utilizá-lo e fazer o mesmo. A visão de livro como texto a ser lido, matéria física que só se realiza plenamente com a leitura, com a atribuição de significado/representação por parte do leitor, é omitida.
A propaganda aqui comentada está de acordo com as ideias positivistas da “sociedade disciplinar”, porque promove a disseminação da ideia de que o segmento social (corpo/estudante) deve agir da forma adequada (a indicada), para que a máquina (Estado) funcione em sua plenitude. A regra deve ser obedecida e, assim, a harmonia do funcionamento do todo será obtida. O aluno é, portanto, mais um corpo dessa engrenagem, deve funcionar bem, para não comprometer a instituição e, consequentemente, o Estado.
Facebook fecha acordo em processo por violação de privacidade nos EUA por Melina Meimaridis
Está atitude de vender informações de usuários para grandes corporações, é uma prática que vem se tornando cada vez mais comum, especialmente na internet. Fernanda Bruno em seu texto questiona a validade destas práticas, ela demonstra no seu estudo (Tecnologias de informação e subjetividade contemporânea) que nossa sociedade está cada vez mais sendo pautada por indicadores. Estes estão sendo utilizados para criar perfis os quais são usados para aumentar a venda de determinados produtos.
O ciberespaço e em especial a internet são o principal espaço desta coleta e classificação de informação. Alguns exemplos são: Orkut, Facebook, Twitter, Google, Ebay. Existe uma imensa quantidade de sites que, comercializam a informação de seus usuários para que grandes corporações possam criar “perfis”, se utilizando destes dados.
O Facebook não foi o primeiro a aderir esta prática, mas no ano passado foi processado por isso, como diz o artigo, “o Facebook violaria a privacidade dos usuários por compartilhar informações entre usuários sem prévia autorização.” “Em agosto de 2009, diversos usuários da rede social moveram ações judiciais contra o Facebook, todos alegando violação de privacidade.”
Fernanda Bruno se questiona ao longo do texto a validade deste tipo de pesquisa, se ela realmente encontra uma “verdade” na criação de seus perfis, ela ainda afirma que eles (os perfis) não só descrevem uma realidade, mas criam outra realidade, eles tem a habilidade de serem performativos, de fazer com que determinado sujeito tome determinada ação.
Como ela mesmo diz em “tendemos, pois, a esquecer que as classificações têm uma forte dimensão performativa, intervindo na realidade que expressam e alterando o modo como as pessoas se comportam...... classificar é intervir.”
No caso do Facebook, o site terá de investir em políticas de maior privacidade na internet.
Fonte: http://www.juridicoemtela.com.br/wp/2010/03/22/facebook-fecha-acordo-em-processo-por-violacao-de-privacidade-nos-eua/
O ciberespaço e em especial a internet são o principal espaço desta coleta e classificação de informação. Alguns exemplos são: Orkut, Facebook, Twitter, Google, Ebay. Existe uma imensa quantidade de sites que, comercializam a informação de seus usuários para que grandes corporações possam criar “perfis”, se utilizando destes dados.
O Facebook não foi o primeiro a aderir esta prática, mas no ano passado foi processado por isso, como diz o artigo, “o Facebook violaria a privacidade dos usuários por compartilhar informações entre usuários sem prévia autorização.” “Em agosto de 2009, diversos usuários da rede social moveram ações judiciais contra o Facebook, todos alegando violação de privacidade.”
Fernanda Bruno se questiona ao longo do texto a validade deste tipo de pesquisa, se ela realmente encontra uma “verdade” na criação de seus perfis, ela ainda afirma que eles (os perfis) não só descrevem uma realidade, mas criam outra realidade, eles tem a habilidade de serem performativos, de fazer com que determinado sujeito tome determinada ação.
Como ela mesmo diz em “tendemos, pois, a esquecer que as classificações têm uma forte dimensão performativa, intervindo na realidade que expressam e alterando o modo como as pessoas se comportam...... classificar é intervir.”
No caso do Facebook, o site terá de investir em políticas de maior privacidade na internet.
Fonte: http://www.juridicoemtela.com.br/wp/2010/03/22/facebook-fecha-acordo-em-processo-por-violacao-de-privacidade-nos-eua/
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Covers: A exposição do eu na sociedade do espetáculo por Andressa Franceschett
Cover é uma palavra da língua inglesa que significa cobertura, tampa, proteção, entre outros. No entanto, também é usada com outro sentido: diz-se do indivíduo que é ou se faz sósia de alguém, geralmente para alguma atividade profissional.
Atualmente, com a “democratização” dos canais midiáticos (“Show do eu”, páginas 10/11), há uma imensa exposição do “eu” na Internet, principalmente nas redes sociais. “Em uma atmosfera como a contemporânea, que estimula a hipertrofia do eu até o paroxismo, que enaltece e premia o desejo de “ser diferente” e “querer sempre mais”, são outros os desvarios que nos assombram.” (“Show do eu”, página 8).
O Youtube, um conhecido de todos nós, é uma das redes mais usadas para a exposição acima citada, sobretudo por anônimos buscando a fama. Um exemplo? Covers. Na ferramenta de busca do site, como teste, escrevi “cover”. Não foi surpresa, porém, a quantidade absurda de resultados dessa pesquisa. Em apenas alguns segundos, 20 milhões de páginas apareceram. Deixando de lado aqueles que realmente alcançaram o sucesso por meio dessa rede, os anônimos – não tão anônimos depois de seus vídeos – aproveitam seus 5 minutos de fama.
Apesar dos milhões de acessos em cada um dos vídeos, são poucos que realmente se tornaram famosos. No entanto, na sociedade do espetáculo em que vivemos, o importante é aparecer, se expor, representar. “Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação.” (“A sociedade do espetáculo”, página 13).
Como escreveu Debord: “O espetáculo se apresenta como uma enorme positividade, indiscutível e inacessível. Não diz nada além de “o que aparece é bom, o que é bom aparece”. A atitude que por princípio ele exige é a da aceitação passiva que, de fato, ele já obteve por seu modo de aparecer sem réplica, por seu monopólio da aparência.” (“A sociedade do espetáculo”, páginas 16/17).
Atualmente, com a “democratização” dos canais midiáticos (“Show do eu”, páginas 10/11), há uma imensa exposição do “eu” na Internet, principalmente nas redes sociais. “Em uma atmosfera como a contemporânea, que estimula a hipertrofia do eu até o paroxismo, que enaltece e premia o desejo de “ser diferente” e “querer sempre mais”, são outros os desvarios que nos assombram.” (“Show do eu”, página 8).
O Youtube, um conhecido de todos nós, é uma das redes mais usadas para a exposição acima citada, sobretudo por anônimos buscando a fama. Um exemplo? Covers. Na ferramenta de busca do site, como teste, escrevi “cover”. Não foi surpresa, porém, a quantidade absurda de resultados dessa pesquisa. Em apenas alguns segundos, 20 milhões de páginas apareceram. Deixando de lado aqueles que realmente alcançaram o sucesso por meio dessa rede, os anônimos – não tão anônimos depois de seus vídeos – aproveitam seus 5 minutos de fama.
Apesar dos milhões de acessos em cada um dos vídeos, são poucos que realmente se tornaram famosos. No entanto, na sociedade do espetáculo em que vivemos, o importante é aparecer, se expor, representar. “Tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação.” (“A sociedade do espetáculo”, página 13).
Como escreveu Debord: “O espetáculo se apresenta como uma enorme positividade, indiscutível e inacessível. Não diz nada além de “o que aparece é bom, o que é bom aparece”. A atitude que por princípio ele exige é a da aceitação passiva que, de fato, ele já obteve por seu modo de aparecer sem réplica, por seu monopólio da aparência.” (“A sociedade do espetáculo”, páginas 16/17).
Apenas mais um por Joanna Martins
A banda inglesa Pink Floyd lançou, no final dos anos 70, precisamente em 1979, um dos álbuns mais conhecidos e vendidos do mundo: The Wall. No álbum dos britânicos, uma música ficou marcada: Another brick in the wall. A clássica canção faz uma crítica ao modo como os professores tratavam os alunos nas escolas estadunidenses. No clipe da música, percebe-se claramente como as crianças eram tratadas. Logo no começo, um professor sarcasticamente humilha um aluno na frente de toda a classe.
No decorrer do clipe, aparecem diversas crianças com máscaras e realizando os mesmo movimentos, uns iguais aos outros, em ordem. A partir da análise do clipe e da música do Pink Floyd, surge uma comparação com o texto de Michel Foucault. Seria a escola uma “prisão”, onde os alunos vivem sendo vigiados e punidos ao mesmo tempo?
“...o espaço escolar se desdobra; a classe torna-se homogênea, ela agora só se compõe de elementos individuais que vêm se colocar uns ao lado dos outros sob os olhares do mestre. A ordenação por fileiras, no século XVIII, começa a definir a grande forma de repartição dos indivíduos na ordem escolar: filas de alunos na sala, nos corredores, nos pátios; colocação atribuída a casa um em relação a cada tarefa e cada prova; colocação que ele obtém de semana em semana, de mês em mês, de ano em ano; alinhamento das classes de idade umas depois das outras; sucessão dos assuntos ensinados, das questões tratadas segundo uma ordem de dificuldade crescente.” Vigiar e punir, p. 134, Foucault, Michel.
O mesmo menino que foi humilhado no início do clipe, sonha em destruir e atear fogo na escola. Se isso fosse feito, o menino não seria mais um “corpo dócil” como diz Foucault em seu texto. Já que o corpo dócil, seria aquele que obedece a todas as regras que a sociedade impõe. Mas, pelo menos no clipe da banda britânica, isso foi só um desejo do pequeno menino que o mestre humilhou perante toda a turma.
Um fato inegável é que a música e o clipe da banda britânica fazem sucesso até hoje em todo o mundo.
No decorrer do clipe, aparecem diversas crianças com máscaras e realizando os mesmo movimentos, uns iguais aos outros, em ordem. A partir da análise do clipe e da música do Pink Floyd, surge uma comparação com o texto de Michel Foucault. Seria a escola uma “prisão”, onde os alunos vivem sendo vigiados e punidos ao mesmo tempo?
“...o espaço escolar se desdobra; a classe torna-se homogênea, ela agora só se compõe de elementos individuais que vêm se colocar uns ao lado dos outros sob os olhares do mestre. A ordenação por fileiras, no século XVIII, começa a definir a grande forma de repartição dos indivíduos na ordem escolar: filas de alunos na sala, nos corredores, nos pátios; colocação atribuída a casa um em relação a cada tarefa e cada prova; colocação que ele obtém de semana em semana, de mês em mês, de ano em ano; alinhamento das classes de idade umas depois das outras; sucessão dos assuntos ensinados, das questões tratadas segundo uma ordem de dificuldade crescente.” Vigiar e punir, p. 134, Foucault, Michel.
O mesmo menino que foi humilhado no início do clipe, sonha em destruir e atear fogo na escola. Se isso fosse feito, o menino não seria mais um “corpo dócil” como diz Foucault em seu texto. Já que o corpo dócil, seria aquele que obedece a todas as regras que a sociedade impõe. Mas, pelo menos no clipe da banda britânica, isso foi só um desejo do pequeno menino que o mestre humilhou perante toda a turma.
Um fato inegável é que a música e o clipe da banda britânica fazem sucesso até hoje em todo o mundo.
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