quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Xanéu - Por Bruno Machado
ssa música, chamada Xáneu nº5, da banda O Teatro Mágico, faz parte do segundo álbum do grupo
e considerada umas das mais críticas dos mesmos. A música trata da alienação de parte da sociedade atual
e pega como a culpada, ou uma das culpadas, a TV. Pela extensão da letra, selecionei apenas alguns trechos
que acho interessantes na música:
"A minha tv não se conteve
Atrevida passou a ter vida
Olhando pra mim."
Logo no início, o compositor afirma que a tv saiu da inércia, assumiu vida própria e passou a realizar uma ação, que
vem a ser a de observá-lo, que na teoria, é quem observa. Ou seja, há uma inversão de papéis, onde o observador passa
a ser observado.
"A minha TV tá louca, me mandou calar a boca e não tirar a bunda do sofá."
Nesse outro trecho, podemos observar mais uma ação realizada pela tv, agora ativa, e mostra ainda mais a passividade do espectador que fica oprimido e obrigado a assistir a tv.
"triste o fim do seriado, um bocado magoado sem saber o que será de mim."
Nesse trecho podemos observar uma certa espetacularização do observador, que tem sua vida transformada num entretenimento,
sendo supostamente assistido por um seriado.
"Ela não SAP quem eu sou,
Ela não fala a minha língua."
Podemos observar nesse trecho que o espectador não tem conhecimento da linguagem usada na tv. Segundo a música, ele apenas
senta na poltrona e assiste passivo a tudo que é transmitido, muitas vezes sem entender o que é transmitido.
"Enquanto pessoas perguntam por que, outras pessoas perguntam por que não?
Até porque não acredito no que é dito, no que é visto.
Acesso é poder e o poder é a informação. Qualquer palavra satisfaz a garota, o rapaz. E a paz, quem traz? tanto faz.
O valor é temporário, o amor imaginário e a festa é um perjúrio. Um minuto de silêncio é um minuto reservado de murmúrio, de anestesia. O sistema é nervoso e te acalma com a programação do dia, com a narrativa. A vida ingrata de quem acha que é notícia, de quem acha que é momento. Na tua tela querem ensinar a fazer comida uma nação que não tem ovo na panela, que não tem gesto."
Nesse trecho, que eu considero como o mais crítico da canção, podemos observar que o compositor trata a informação como
sinônimo de poder. Logo em seguida, afirma que qualquer palavra dita pelos meios de informação satisfaz parte do povo. Logo,
apesar desse acesso, através da TV, à informação, esse acesso pode não ser completo, pois quem tem o poder de informar
pode escolher o que vai ou não ser dito e grande parte do povo assimila essa mensagem transmitida como verdadeira com grande passividade, "sem gesto", como é dito na própria música.
"Num passado remoto perdi meu controle."
Fica claro nessa passagem a perda do controle pelo telespectador, que apenas assiste passivamente tudo que é transmitido.
Temas como a espetacularização e alienação são amplos e polêmicos, e usando do artifício de Nael Gabler, não darei uma conclusão afirmando se esta ou aquela visão está ou não equivocada. Cada pessoa ao se deparar com um texto ou uma canção
como essa usada como exemplo deve refletir acerca das influências a que estão submetidos, as fontes que escolhe e a passividade ou não que marca essa apropriação do conhecimento.
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Um comentário:
interessante quando ele diz;
" Ela não SAP quem eu sou"
A mudança da paravara SABE, pela SAP, que seria a tecla "tradução" nos controles remotos.
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