sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Por Adilson Junior

“Não cabe temer ou esperar, mas buscar novas armas”.



Eis o desafio que Deleuze propõe a nós, agentes e pacientes das sociedades de controle.
E nós, felizes com a liberdade advinda da aparente eterna abertura dos portões disciplinares, nos deparamos com a ilusão de que com o desmantelamento ainda que gradual de um sistema fechado, iríamos viver num mundo melhor.

Ledo engano...o caráter sólido e moderno que nos regia em sociedade foi apenas substituído por formas ‘ultra-rápidas de controle ao ar livre’.

Mas, retomo o desafio do Deleuze e me pergunto: Como buscar essas novas armas? Onde estão? Quem as oferece?

Sem pretensões de responder a essas questões, retrato, através de uma música que lança um olhar sobre o desafio proposto por Deleuze, esses questionamentos e o peso dessa expectativa depositada em nós. Essa perspectiva parte do mesmo lugar em que nós, jovens inseridos nesse sistema de sociedades de controle, nos situamos.

LINK : http://www.youtube.com/watch?v=eaLA0tFVxts

A primeira estrofe já atenta para a crença de que há um possível desleixo dos jovens em modificar ou buscar as armas de mudança do sistema. No entanto, toda a narrativa musical procura justificar a tal passividade apontada.

“Eu e meus amigos / Sempre fomos incompreendidos / Dizem que não lutamos por nada / E que não há caminhos possíveis / Agora nós vemos que tudo está errado / Com o mundo e os que o lideram / Nós apenas sentimos que não temos meios / Para passar por cima e acabar com tudo isso”

Se voltarmos alguns textos, chegaremos à indústria cultural de Adorno e constataremos que o sistema comunicacional televisivo se configura numa peça fundamental nessa sociedade de controle. Contudo, para aqueles que pensam e potencializam o poder de alienar, existe uma resposta:

“E quando você confia na televisão / O que você recebe é tudo o que você tem / Pois quando eles possuem a informação, oh / Eles podem distorcê-la do jeito que quiserem”.

Por fim, destaco a indignação, ainda que um tanto passiva, que os jovens sofrem ao serem incluídos na multidão dos iludidos da liberdade:

“Não é que nós não nos importamos / É que apenas achamos que a luta é injusta / Então ficamos esperando / Esperando o mundo mudar.”

Como no vídeo, palavras que aludem à paz espalhadas por todos os lugares podem não ser uma revolução nos moldes históricos em que a conhecemos, e podem, de fato, parecerem inúteis ou ineficazes.

Em outras palavras, a espera, temida por Deleuze, pode não nos apontar os caminhos para o que buscamos, e, numa análise mais profunda, pode até parecer cômodo esperar o mundo mudar, entretanto, o primeiro passo já foi dado: acreditar que ele pode mudar.


Adilson Júnior

Um comentário:

Andreia Lopes disse...

Como uma vez já discutimos na aula...
será que é possivel mudar?
Se é, não sabemos porque também não tentamos.
Somos muitas vezes passivos.