sábado, 12 de dezembro de 2009

Mister Lonely - Por Pollyane Belo



“Mas esses personagens, no sentido cinematográfico da palavra, eram apenas para consumo público. Goffman ainda acreditava, assim como os velhos astros de cinema, que havia um ‘palco’, onde se desenrolavam nossas atuações diárias, e um ‘bastidor’, onde podíamos despir o personagem público e, presumivelmente, voltar a ser nós mesmos. Você simplesmente fazia a cena quando era preciso e depois saía do palco.” (Gabler, Neal. Vida o Filme, 1999, p.214)

Esta obra cinematográfica ilustra de uma forma perspicaz esta passagem em que Neal Gabler cita a análise que o sociólogo Erving Goffman faz sobre como a vida está sendo dramaticamente encenada.

Mister Lonely foi um filme lançado em 2006 que teve pouca divulgação no Brasil. A obra se trata de um homem que trabalha fazendo performances do cantor e dançarino Michael Jackson. Ao conhecer uma mulher que personifica Marylin Monroe , o primeiro muda-se para uma residência repleta de pessoas que encarnam grandes personalidades mundiais, como: James Dean, Abraham Licoln, Madonna, Charlie Chaplin, Shirley Temple, Os Três Patetas, o Papa João Paulo II, entre outros. É interessante ressaltar que em nenhum momento é revelado os verdadeiros nomes desses indivíduos, eles interagem cotidianamente como seus alter egos, almejando da vida, um show.

Porém, ao focarmos no protagonista, e retomar o pensamento de Goffman, notaremos que em alguns momentos Jackson esquece-se de seu papel e comporta-se como um simples sujeito, essa dicotomia faz com que, derradeiramente, surja nele um conflito de identidade. “[...] sempre que um homem almeja persistentemente e longamente parecer outro, acaba tendo dificuldade de ser ele mesmo de novo.” Nietzsche.

“E lembrem-se, não há almas verdadeiras além daquelas almas que personificam”. Rainha Elizabeth II em Mister Lonely, 2006.

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