O presente trabalho se define por uma visão crítica ao realismo estético presentes nas novas mídias e nos meios de comunicação tradicionais, apoiados numa concepção de “realismo” como uma aproximação legítima da realidade apreendida.
Levando em conta que toda representação é um mecanismo de processamento e re-apresentação de uma realidade fragmentária e contraditória, compreendemos que o “realismo” nada mais é do que uma convenção de códigos agenciados a todo momento em que se tenciona obter autoridade e legitimidade sobre um dado tema a ser digerido por um público qualquer.
Apoiando-se no trabalho de Beatriz Jaguaribe sobre o “Efeito do Real”, obtido através dos tempos com o refinamento das estéticas realistas, chegamos à conclusão que estas estéticas nada mais são do que convenções que se naturalizaram (nos noticiários, nos romances e no cinema) na intenção de garantir ao público/espectador/leitor uma imersão no universo representado.
Num momento de crescente demanda pela “realidade”, este problema se explica em parte quando observamos ser esta uma característica comum às sociedades da Modernidade tardia, onde está presente uma supervalorização do imaginário cultural que aliado à intensas transformações ao longo do séc. XX, tem agenciado a vida cotidiana e o imaginário coletivo ao apelo capitalista pelo chocante, pelo efêmero e pelo novo, ocasionando um espetacularização da sociedade já anunciada por Guy Debord em sua “Sociedade do Espetáculo”.
A intenção de representar o mundo material de forma mais fiel possível, traz consigo o ideal de mimese como meio mais fiel de representação da realidade, baseada num processo de assimilação por semelhança. Este ideal contraria que para se atingir esta ilusão mimética obedece-se aos mais diversos códigos de verossimilhança que culturalmente engendrados (Jaguaribe). Segundo Terry Eagleton: “Realismo artítico, portanto, não pode significar ‘representar o mundo tal qual é, mas sim representá-lo d acordo com as convenções de representação do mundo-real.
O ideal máximo de verossimilhança que mascara seu processo de representação é encontrado no cinema desde sua origem na formulação de uma linguagem ilusionista (clássico-narrativa) que se autoriza a encobrir todos os vestígios de articulação narrativa. Citando Frus, realismo “não é o que nos dá uma documentação factual ou completa mas o que produz uma ilusão de mundo que reconhecemos como real.”
Um comentário:
A perspectiva de análise é correta e bem fundamentada, porém ainda está faltando definir o objeto que você vai estudar com essas ferramentas.
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