quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Proposta Temática - Alvaro Lutterback

"Passar a câmera para os detentos".

Foi esta frase que me chamou a atenção e me fez escolher o documentário de Paulo Sacramento como objeto do trabalho final na disciplina Programas de Realidade. Depois de um curso ministrado para um grupo de detentos, o cineasta libera várias câmeras para que eles possam captar a realidade do Carandiru.

A invasão das câmeras na intimidade de cada canto do complexo penitenciário, o olho aberto das lentes em diversos ângulos da realidade crua e o improviso em se captar tudo sem um roteiro nas mãos.

Depois de ler um artigo sobre o filme pude constatar que aqueles 70 minutos poderiam estar em qualquer aula da disciplina. Li outras resenhas e comentários e resolvi locar o DVD. O filme é muito bom.

O filme começa com as cenas da implosão do Carandiru, que criam uma nuvem de poeira, de pó, de restos. Está é a única nuvem do filme.

". A câmera "imparcial" do documentarista só poderia ir até um certo ponto, assim como sua capacidade de se relacionar com aquele ambiente, em parte por motivos práticos, e em grande parte pelo excesso de clichês já criados no jornalismo e na ficção sobre a representação deste espaço. Ao passar a câmera para os detentos, Sacramento assume suas impossibilidades. "

O PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO (AUTOS-RETRATOS)
O Prisioneiro da Grade de Ferro, Brasil, 2003.
Direção e Roteiro: Paulo Sacramento.
Fotografia: Aloysio Raulino.

Montagem: Idê Lacreta e Paulo Sacramento.

Produção: Gustavo Steinberg e Paulo Sacramento.

Um comentário:

sibilia disse...

Ok, mas qual é a questão que você vai problematizar em torno desse objeto? Talvez você poderia explorar (à luz das reflexões teóricas desenvolvidas na disciplina) o significado de expressões que você mesmo utiliza no resumo, e que motivaram seu interesse pelo filme, tais como “captar a realidade”, “invasão das câmeras na intimidade”, “diversos ângulos da realidade crua”, “improviso”, “captar tudo sem roteiros”, etc.
Outra pista que pode render muito seria fazer uma comparação com o filme de ficção “Carandiru”, que é contemporâneo desse documentário e foi baseado em experiências reais, como médico do presídio, do autor do livro inspirador da versão cinematográfica. Desse modo você poderia problematizar os cruzamentos, semelhanças e diferenças entre as estratégias estilísticas da ficção realista e desse tipo de documentários que “captam a realidade crua” reinventando o realismo.
Uma dúvida: por que você alude aos 70 minutos do filme, quando ele tem mais de duas horas de duração?