Ana Paula Sousa - Revista de Cinema
Entre polêmicas e ousadias, o novo cinema brasileiro recoloca na ordem do dia as proposições estéticas e narrativas da produção contemporânea.
O clima pode até ser de guerrilha, mas, na troca de farpas que movimenta as imagens do cinema brasileiro fora da tela, há muito mais ganhos que perdas. Finalmente, a classe cinematográfica deixou de reunir-se para falar só sobre modo de produção, e abriu espaço para um debate que põe em foco e em xeque as propostas estéticas e narrativas da atual safra nacional. E como toda peleja, esta também teve seu estopim: o filme “Cidade de Deus”, que por variadas razões transformou-se num marco do cinema contemporâneo brasileiro.
Ao colocar técnicas experimentadas na publicidade e no videoclipe a serviço de uma narrativa competente, o filme de Fernando Meirelles catalisou os desejos de parte da geração da chamada retomada, que era fisgar o público por meio de filmes comerciais com personalidade. A reboque dessa eficácia, porém, vem a questão ética contida na polêmica expressão “Cosmética da Fome”, cunhada pela pesquisadora Ivana Bentes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Rusgas à parte, o fato é que perguntas como “de que modo estamos filmando?”, “quais as variedades de linguagem?” e “a partir de que pontos de vista a temática social está sendo tratada?” foram turbinadas pelo rumoroso lançamento de “Cidade de Deus”. Desde os anos 60 não havia uma discussão sobre a construção do cinema que mobilizasse tanta gente e tantas vozes.
Entre os dias 16 e 19 de setembro, por exemplo, um verdadeiro Fla-Flu tomou o Espaço Unibanco de Cinema, em São Paulo, durante o debate “Da Estética à Cosmética da Fome”, promovido pelo Canal Brasil e pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Apesar da variada temática das produções atuais, os participantes do seminário debruçaram-se, essencialmente, sobre os filmes que adotam o discurso da periferia e da violência.
Desordem Produtiva – Se “Cidade de Deus” reitera o território dos excluídos como o lugar privilegiado da produção de 2002, não se pode deixar de lado outros tipos de proposta, como as comédias inteligentes de Jorge Furtado (“Houve uma Vez Dois Verões”) e Domingos de Oliveira (“Separações”), o documentário sem concessões de Eduardo Coutinho (“Edifício Master”) e trabalhos que não se encaixam em definições precisas, como “O Príncipe”, de Ugo Giorgetti, e “Uma Vida em Segredo”, de Suzana Amaral.
Como diz a própria Suzana, o cinema atual é uma grande desordem, onde variados estilos, gêneros e linguagens convivem. “Essa multiplicidade é responsável pela riqueza do cinema atual, e satisfaz um público variado”, analisa a diretora. “Só temos é que ficar atentos para ver até que ponto a publicidade e a televisão, que tanto influenciam a produção brasileira dos anos 90, não estão diluindo a linguagem cinematográfica e tirando do público a possibilidade de reflexão.”
Entre polêmicas e ousadias, o novo cinema brasileiro recoloca na ordem do dia as proposições estéticas e narrativas da produção contemporânea.O clima pode até ser de guerrilha, mas, na troca de farpas que movimenta as imagens do cinema brasileiro fora da tela, há muito mais ganhos que perdas. Finalmente, a classe cinematográfica deixou de reunir-se para falar só sobre modo de produção, e abriu espaço para um debate que põe em foco e em xeque as propostas estéticas e narrativas da atual safra nacional. E como toda peleja, esta também teve seu estopim: o filme “Cidade de Deus”, que por variadas razões transformou-se num marco do cinema contemporâneo brasileiro.
Ao colocar técnicas experimentadas na publicidade e no videoclipe a serviço de uma narrativa competente, o filme de Fernando Meirelles catalisou os desejos de parte da geração da chamada retomada, que era fisgar o público por meio de filmes comerciais com personalidade. A reboque dessa eficácia, porém, vem a questão ética contida na polêmica expressão “Cosmética da Fome”, cunhada pela pesquisadora Ivana Bentes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Rusgas à parte, o fato é que perguntas como “de que modo estamos filmando?”, “quais as variedades de linguagem?” e “a partir de que pontos de vista a temática social está sendo tratada?” foram turbinadas pelo rumoroso lançamento de “Cidade de Deus”. Desde os anos 60 não havia uma discussão sobre a construção do cinema que mobilizasse tanta gente e tantas vozes.
Entre os dias 16 e 19 de setembro, por exemplo, um verdadeiro Fla-Flu tomou o Espaço Unibanco de Cinema, em São Paulo, durante o debate “Da Estética à Cosmética da Fome”, promovido pelo Canal Brasil e pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Apesar da variada temática das produções atuais, os participantes do seminário debruçaram-se, essencialmente, sobre os filmes que adotam o discurso da periferia e da violência.
Desordem Produtiva – Se “Cidade de Deus” reitera o território dos excluídos como o lugar privilegiado da produção de 2002, não se pode deixar de lado outros tipos de proposta, como as comédias inteligentes de Jorge Furtado (“Houve uma Vez Dois Verões”) e Domingos de Oliveira (“Separações”), o documentário sem concessões de Eduardo Coutinho (“Edifício Master”) e trabalhos que não se encaixam em definições precisas, como “O Príncipe”, de Ugo Giorgetti, e “Uma Vida em Segredo”, de Suzana Amaral.
Como diz a própria Suzana, o cinema atual é uma grande desordem, onde variados estilos, gêneros e linguagens convivem. “Essa multiplicidade é responsável pela riqueza do cinema atual, e satisfaz um público variado”, analisa a diretora. “Só temos é que ficar atentos para ver até que ponto a publicidade e a televisão, que tanto influenciam a produção brasileira dos anos 90, não estão diluindo a linguagem cinematográfica e tirando do público a possibilidade de reflexão.”
Ler reportagem completa: http://www2.uol.com.br/revistadecinema/edicao31/estetica/index.shtml
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