quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Proposta Temática - Bruna Bahia

A escolha do filme “Tropa de Elite” para analise, se deu por conta do sentimento que tive na primeira vez que o assisti. Como muitos, assisti ao filme antes da sua estréia, em um dos milhões de DVD`s piratas espalhados pelo Brasil. Gostei muito do filme. E do BOPE. Esse sentimento de aprovação me trouxe a necessidade de estudar esse produto para descobrir os porquês. Comecei então revendo o filme. Revi, continuo gostando do filme e do BOPE.


Não tenho duvidas de que a minha opinião referente ao filme e ao BOPE se deve pelo olhar do narrador a qual fui guiada. O capitão Nascimeto, interpretado por Wagner Moura, conta a historia pelo olhar de um membro do Batalhao, um membro da Policia Especial. Fica difícil, por muitas vezes, olhar o lado do estudante consumidor, do traficante, da comunidade.


Ao contrario do que disse Arnaldo Bloch, não acho “Tropa de Elite” um filme fascista, não fui fascista ao me empolgar com os guerreiros do Batalhao de Operacoes Policiais Especias. Ao contrario de fascismo, Tropa proporciona a discurcao, o debate, a troca de idéias. Não apenas sobre a política de segurança publica, mas também, sobre humanidade, sobre educação, sobre espaço urbano, sobre pirataria, trafico e consumo de drogas.


Ao meu ver, “Tropa de Elite” se aproxima com o conceito de Estetica da Fome, criado por Glauber Rocha, onde ele descreve as ideologias do Cinema Novo contra a violência e a miséria, como forma de denuncias sociais para desmascarar a sociedade brasileira, pois não acho que as denuncias apresentadas pelo filme estejam sendo espetacularizadas, paternalista, para entreter. Acho que “Tropa de Elite” mostra para haver discussão, polemica, reflexão.

Um comentário:

sibilia disse...

A intenção deste tipo de trabalho que estamos propondo aqui é ir além do “gostei” ou “não gostei”, e do “acho” ou “não acho”, e tentar justamente fazer aquilo que você propõe: descobrir os porquês. Mas não apenas no que tange às preferências estéticas ou relativas às posições políticas pessoais de cada um, mas aos fenômenos midiáticos e socioculturais que estamos estudando, com sua evidentes implicações de toda índole (inclusive, é claro, políticas).
Vejamos um exemplo: se você afirma que, como espectadora, “não foi fascista ao se empolgar com os guerreiros do BOPE”, como autora de um ensaio crítico você deverá mesmo explicar por quê. A explicação que você oferece aqui (porque “proporciona a discussão, o debate, a troca de idéias”) não exclui a reação fascista. Afinal, o fascismo também pode ser mais uma idéia a ser trocada, e é de fato um ingrediente muito presente nos debates e reações que este filme suscitou.
Vale a pena, então, aprofundar a comparação com a proposta de Glauber Rocha que você sugere, trabalhando não apenas os conceitos lançados por esse autor, mas também o debate suscitado em anos recentes a partir precisamente do surgimento de filmes como “Tropa”, que estariam reinventando essa estética em chave contemporânea.
Sugiro que você veja também o documentário “Notícias de uma guerra particular”, de João Moreira Salles, que assim como “Tropa” faz parte da filmografia obrigatória do curso, no qual é entrevistado o Capitão Pimentel, policial do BOPE que inspirou a construção do fictício Capitão Nascimento. Desse modo você terá ainda mais subsídios para explorar as estratégias que ficcionalizam o real (e vice-versa).