Câmeras de Vigilância: Panóptico moderno ou apenas ferramentas elucidativas
Pan vem do grego παν, que significa "tudo" ou "todos". Assim Pan-óptico ou Panóptico, ver tudo ou todos.
Podemos relacionar o termo Pan, à capacidade de uma câmera de vigilância de fazer rotação de cento e oitenta ou até trezentos e sessenta graus, ou ainda ao fato de que muitas câmeras juntas exercem uma vigilância estendida no espaço e no tempo.
Grandes metrópoles pelo mundo vêm empregando câmeras de segurança na prevenção de crimes. Cidades como São Paulo e Londres possuem milhares de câmeras espalhadas por todos os cantos. Porém, para que elas funcionem efetivamente na prevenção de crimes, é necessário que se tenha uma pessoa por traz de cada câmera, o que não é economicamente viável. Fica a dúvida: será que estou sendo observado?
Câmeras falsas têm sido empregadas como uma espécie de panóptico eletrônico. Câmeras falsas têm objetivo diferente das câmeras verdadeiras, que é o de vigiar, o objetivo é apenas serem vistas e assim, tentar inibir a ação dos criminosos. Como no modelo arquitetônico de Bentham, quem supostamente vigia não pode ser visto. Assim se obtém disciplina não por estar sendo vigiado, mas por poder estar sendo vigiado.
A apropriação total do indivíduo, apropriação do corpo, controle contínuo. Temos aqui, a primeira vista, a configuração de um modelo clássico de poder disciplinar. Resquício de sociedade disciplinar dentro de uma sociedade de controle, onde quem rompe com a ordem é punido. Mas como dito anteriormente não há para cada câmera um par de olhos humanos. A apropriação nesse caso não é total, e o controle por sua vez não é contínuo, é fragmentado, parcial.
Temos exemplos diários de ações criminosas capturadas por câmeras de segurança, ações que se desenrolam frente às câmeras. Vamos pegar o exemplo de São Paulo e Londres. As câmeras de vigilância da pinacoteca não cumpriram com o objetivo de prevenção quando quadros foram roubados das galerias. As câmeras da cidade de Londres também não impediram os ataques terroristas de 2005. Mas em ambos os casos as imagens recuperadas foram usadas pelas autoridades policiais na elucidação dos casos.
Concluo que as câmeras de vigilância têm função dupla. Primeiro a de tentar evitar que o ato criminoso aconteça, inibindo quem o pratica. E em segundo lugar, no caso do revés disciplinar, elucidar o fato ocorrido, para que se puna aquele que o cometeu.
2 comentários:
Não se pode esquecer, que cada vez mais estão se sofisticando essa vigilância... Com câmeras que buscam atos suspeitos e alertam na mesma hora! Não necessita, assim, como se acredita também no modelo do panóptico, que haja a necessidade de haver alguém vigiando a todo momento. Qualquer movimento suspeito já é típico de alerta. Construindo, assim, um auto-controle de tentar se manter nas regras, não aquelas inseridas pela sociedade disciplinar; mas aquelas que o mantém na normalidade de uma sociedade de controle.
Aos interessados neste assunto, sugiro uma visita ao blog de Fernanda Bruno, professora da UFRJ, sobre o tema da vigilância no mundo contemporâneo:
http://dispositivodevisibilidade.blogspot.com/
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