sexta-feira, 3 de julho de 2009

Produção dos alunos - Por Mayara Soares

O diabo veste Prada – uma análise crítica sobre o espetáculo.

Andrea Sachs (Anne Hathaway) é uma jovem recém formada que procura um trabalho num jornal onde realmente possa escrever, no entanto até conseguir prestigio para tal, candidata-se a um lugar de assistente numa revista de moda. A revista de moda é a Runway, e a função em questão será para trabalhar diretamente com uma das mulheres mais poderosas no mundo da moda, Miranda Priestly (Meryl Streep). Miranda é uma mulher poderosa, que abusa dos seus trabalhadores, que morrem de medo dela. Rodeada de pessoas bem vestidas e que respiram moda e tudo o que a ela diz respeito, Miranda é o diabo em pessoa. Trabalhar como sua assistente representa deixar de ter vida própria, adivinhar os seus desejos e o mais importante de tudo satisfazer todos eles. Andrea torna-se uma mulher bem vestida, conforme o cargo e o local onde trabalha. Para inveja de muitos, torna-se o braço direito de Miranda, mas começa a esquecer de sua vida pessoal, a deixar de lado valores que para ela já foram fundamentais.

Logo no início do filme é caracterizada a oposição entre os mundos de Andrea e as demais funcionárias de Miranda Priestly, que aspiram ser o chamado “braço direito”. A diferenciação é cabida devido à exibição das personagens vestindo-se num dia de manhã. Enquanto Andrea vestia roupas tidas como feias, cafonas ou fora de moda, Emily vestia-se como o mundo exige dela, ou seja, marcas e estilistas famosos.

Em determinada parte do filme, Andrea não consegue realizar um dos desejos mirabolantes de sua chefe. Sendo assim, Miranda a chama e a humilha. Afirma que o motivo de tê-la contratado foi já ter sofrido decepções anteriores com funcionárias bonitas e bem vestidas, por esta razão, decidiu arriscar contratando uma mulher sem as características estéticas desejadas, mas com currículo admirável. Andrea ao ouvir tais palavras, decide “dar a volta por cima”, se relacionando com um estilista e deixando-o definir como e o que deveria usar.

As cenas descritas acima aludem à teoria do cineasta Guy Debord em relação à chamada sociedade do espetáculo. O espetáculo é mediado pela visão, através das imagens. O conceito é abrangente para descrever a sociedade do consumo, indo da produção à exibição de mercadoria e seus efeitos.

Nas palavras de Debord: “O espetáculo é o momento em que o consumo atingiu a ocupação total da vida social”.

Debord sofreu claras influências marxistas, cujas teorias também são descritas ao decorrer do filme, tal como a subordinação do empregado ao patrão opressor.

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