quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Proposta Temática - Viviane Roux
A favela Santa Marta se localiza no morro Dona Marta no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro. Zona Sul do Rio, lugar de contrastes, temos duas sociedades que dividem o mesmo espaço físico, a cidade, mas são explicitamente divididas em dois lugares: o asfalto e a favela. A favela, foi escolhida mais tarde, para ser palco de um dos clipes de Michael Jackson, justamente por mostrar vistas privilegiadas da cidade e sintetizar nela, o problema de desigualdade social. Santa Marta.
No filme de Eduardo Coutinho, os personagens do morro ganham voz, falam de absolutamente tudo que rodeia o mundo deles. Tráfico, violência e falta de oportunidades são assuntos em pauta, as entrevistas são permeadas por cenas do cotidiano da favela, sempre com o fundo musical de pagode ou samba, valorizando a cultura popular.
É importante notar no filme, uma nova maneira de lidar com as câmeras. Elas não são mais escondidas, pelo contrário, são expostas ao olhar do espectador. Mostrar ‘como se faz’ é recurso para aproximar quem vê, se até os aparatos técnicos estão sendo mostrados, nada mais separa o espectador dos personagens. Temos os recursos do close, som e silêncio, planos abertos que vão se fechando, sempre para garantir a quem assiste, a sensação de realidade. É mostrado de forma clara ao espectador desde a primeira cena, como o filme foi produzido, quando ouvimos a voz de Coutinho explicando que foi fixado na favela, antes das filmagens, um cartaz convocando os moradores a prestarem seus depoimentos. É interessante notar que com esse recurso, Coutinho se aproxima do espectador, contando os bastidores do filme, e assim, lhe conferindo mais ares de real.
Com o documentário Santa Marta, vira-se um refletor de luz para a favela. Não podemos definir com clareza se foi o primeiro documentário a abordar o tema, mas sem dúvida temos uma das primeiras obras que retratam o cotidiano do morro para o grande público em linguagem documentário, que se destina a mostrar o real.
Bibliografia:
-JAGUARIBE, Beatriz – O choque do Real: Estética, Mídia e Cultura. 2007.
-LINS, Consuelo – O documentário de Eduardo Coutinho: televisão, cinema, vídeo. 2004
-LINS, Consuelo – Filmar o Real – Sobre o documentário brasileiro contemporâneo. 2008
Proposta Temática - Zeliuto Moreira Gomes
A Ressurreição
de Conselheiro Nabat
A proposta desse trabalho é desafiar nossa capacidade de produzir um determinado conteúdo de audiovisual que problematize, experimentalmente, as questões colocadas pela disciplina.
O roteiro e plano de produção são sugestões que podem ser alterados ou repensados de acordo com debate posterior
Roteiro básico do “documentário”
Construção de um fato social “Real”
a partir da criação de um personagem
Dois estudantes de Mídia estão fazendo pesquisa sobre a produção de valores simbólicos nos discursos dos vendedores de eletroeletrônicos de determinada loja de departamentos (BayMarket), quando um murmurinho chama a atenção de todos.
Enquanto os estudantes faziam registro de sua pesquisa com uma câmera de video, percebem que há um bate boca entre o segurança do shoping e um morador de rua incomum que mais tarde passa a ser identificado com Conselheiro Nabat (CN). Resolvem então registrar aquele fato para o trabalho de outra matéria (Programação de Realidade).
O objeto de desavença entre o segurança e CN é a necessidade desse fazer uso do banheiro público do shoping, coisa que é negada pelo segurança em função das condições de higiene deploráveis de CN.
Sendo impedido de fazer uso das instalações, CN sai pelo pórtico posterior do shoping e faz suas necessidades fisiológicas de costas para o shoping e de frente para a Baía de Guanabara.
Os dois estudantes entrevistam o segurança e CN para compor seus trabalhos e a entrevista com CN se torna um “documentário” sobre sua vida.
O “documentário” sobre CN será caracterizado por uma montagem com documentos de desaparecidos políticos da época do golpe militar onde se reconstrói a identidade e a história de um desaparecido que passa a ser encarnado por CN.
Roteiro do making off
A desconstrução do “Real” a partir da
“representação” de personagens reais.
Seqüências para “making off”:
l Gravação de reunião do grupo de trabalho onde é avaliada a complexidade de produzir as condições de realismo necessárias para imprimir veracidade às cenas propostas para o Roteiro 1.
(dirigida no sentido de investigar possibilidades de intervenções no real cotidiano de modo que um determinado contexto produza o sentido desejado pelo diretor sem que os participantes do fato social tenham entendimento da intenção prévia deste)
l Gravação da entrevista com o responsável administrativo do shoping quando do pedido de permissão para o registro de cenas do Roteiro 1.
(dirigida deliberadamente no sentido de que o responsável seja cúmplice do problema instalado pela presença de CN sem o conhecimento do segurança)
l Gravação da entrevista com o gerente das Casas Bahia quando do pedido de autorização para o registro de cenas do Roteiro 1.
(dirigida no sentido de registrar a negociação de permissão e apoio ao projeto podendo se estender à participação do mesmo na cena principal do percurso de CN pelas dependências do shoping)
l Gravação de entrevista com o segurança
(dirigida no sentido de capturar as reações reais do mesmo diante do tencionamento provocado por CN)
Gravação de cenas dos “efeitos especiais” e maquiagem para a caracterização do CN.
Gravação da pós produção e de algumas técnicas de edição utilizadas na construção dos “documentos” que darão substância à história e à identidade de CN.
Entrevistas e reuniões terão direcionamento no sentido de desconstruir a veracidade e naturalização da narrativa apresentada pelo Roteiro 1.
O Roteiro 2 compõe a seqüência de créditos após o final do que seria o documentário propriamente dito.
Sobre Nabat e suas significações:
http://members.tripod.com/FabrizioR/Anarquismo.htm
http://www.nestormakhno.info/portuguese/cazp/5.htm
http://www.editorafaisca.net/comprometimento.htm
Entre outros.
Proposta Temática - Luis Ricardo Freitas Pimenta
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Proposta Temática - Bruno Thebaldi de Souza
Lançamento - O Show do Eu
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Proposta Temática - Dally Schwarz
O trabalho é uma reflexão acerca do tema da imagem Fetiche- Mulheres Hiper-reais.
Pretendo fazer uma análise das fotografias do artista Brian Walker problematizando os seguintes pontos:
1) Novas produção de sentidos e valores através da estética do hiper-realismo
2) O universo onírico e a sociedade de consumo
3) As mulheres como objetos de desejo
4) O imaginário cyborg e a reconstrução do corpo.
O site do artista é:
http://www.lickthesun.com
"welcome to the cheese factory where dreams are made and broken. "Viewing this work is the equivalent of a photographic excursion into the mind of a serial filler of funtime plastic-fantastic realities. Brian Walker is a world renowned digital artist, with a playfully kitsch postmodern view on the world at large. View them with a grain of salt in hand ready to rub into your own proverbial visual wound that he taketh pleasure in inflicting" H R Wienheimer
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Proposta Temática - Rebecca Cádimo
Fazendo uso do Edifício Master eu abordaria a maneira que se dá a representação de vidas comuns e situações cotidianas pela ótica do diretor (seria algo como "a midiatização de uma realidade cotidiana"); já com Babilônia 2000, eu entraria mais no mérito da representação da favela "construída" sob as lentes de Coutinho.
Proposta Temática - Fernanda Pôrto
Documentários são marcantes porque costumam apresentar uma determinada realidade de maneira mais aproximada que a ficção.
As estratégias da ficção, por sua vez, para "convencer" o espectador de que a história contada pode se encaixar dentro do conceito de realidade, ou seja, que os acontecimentos podem realmente convencer e que qualquer pessoa pode passar pelas mesmas experiências dos personagens.
Análise do filme "Ônibus 174", documentário de José Padilha, de 2002, e o recente e ficcional "Última Parada, 174" de Bruno Barreto: duas versões da mesma história real e chocante.
Proposta Temática - Tarcila é Santos Garcia
E é sobre essa sacudida que este trabalho vai retratar. Permeado pelos textos estudados na disciplina Programação da Realidade, com um foco nos textos do livro 'O Choque do Real' de Beatriz Jaguaribe, com vistas a analisar a pretensão e recursos utilizados no videoclipe de"A Minha Alma" para criar a sensação do choque.
Proposta Temática - Bruna Bahia
A escolha do filme “Tropa de Elite” para analise, se deu por conta do sentimento que tive na primeira vez que o assisti. Como muitos, assisti ao filme antes da sua estréia, em um dos milhões de DVD`s piratas espalhados pelo Brasil. Gostei muito do filme. E do BOPE. Esse sentimento de aprovação me trouxe a necessidade de estudar esse produto para descobrir os porquês. Comecei então revendo o filme. Revi, continuo gostando do filme e do BOPE.
Não tenho duvidas de que a minha opinião referente ao filme e ao BOPE se deve pelo olhar do narrador a qual fui guiada. O capitão Nascimeto, interpretado por Wagner Moura, conta a historia pelo olhar de um membro do Batalhao, um membro da Policia Especial. Fica difícil, por muitas vezes, olhar o lado do estudante consumidor, do traficante, da comunidade.
Ao contrario do que disse Arnaldo Bloch, não acho “Tropa de Elite” um filme fascista, não fui fascista ao me empolgar com os guerreiros do Batalhao de Operacoes Policiais Especias. Ao contrario de fascismo, Tropa proporciona a discurcao, o debate, a troca de idéias. Não apenas sobre a política de segurança publica, mas também, sobre humanidade, sobre educação, sobre espaço urbano, sobre pirataria, trafico e consumo de drogas.
Ao meu ver, “Tropa de Elite” se aproxima com o conceito de Estetica da Fome, criado por Glauber Rocha, onde ele descreve as ideologias do Cinema Novo contra a violência e a miséria, como forma de denuncias sociais para desmascarar a sociedade brasileira, pois não acho que as denuncias apresentadas pelo filme estejam sendo espetacularizadas, paternalista, para entreter. Acho que “Tropa de Elite” mostra para haver discussão, polemica, reflexão.
Proposta Temática - Tatiana Vargas
O cinema é representativo para a compreensão das transformações ocorridas nas maneiras de sentir, pensar e agir dos sujeitos com a consolidação das percepções modernas. E contemporaneamente, quando se discute a crise da modernidade e o advento de uma suposta pós-modernidade, o cinema ainda pode ser referência para reflexões acerca desta configuração de subjetividades e das atitudes em face deste novo contexto, considerando-se dois aspectos: a busca por um passado e o resgate da memória e o seu viés diametralmente oposto, a constante renovação do presente, num sentido de ruptura, excluindo assim todo um sentido histórico.
Um exemplo cinematográfico pode ilustrar este panorama: o filme Maria Antonieta (2006), de Sofia Coppola, é um exemplo da curiosa constatação de que em tempos de constante atualização do presente seja tão corrente as produções midiáticas que remetem a personagens ou fatos históricos, numa espécie de avalanche de memória. No entanto, não se trata apenas de um resgate de figuras importantes mas de novas formas de representá-las. Afinal, a nobre decaptada é humanizada e vitimizada pelas circunstâncias e não mais uma mera rainha fútil devoradora de brioches.
Nessa tentativa de aproximá-la do espectador vale desde uma trilha sonora jovial, ideal para uma personagem teenager até a fotografia que privilegia uma atmosfera colorida como balas, embora o filme tenha sido rodado na suntuosa e sisuda Versailles.
Afinal, qual o impacto dessa representação e a razão pela qual se faz necessária essa aproximação com o espectador, de forma a acreditarmos que ela seria como qualquer jovem contemporânea?
Proposta Temática - Rafael Mesquita
Janeiro.
links do youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=xbHI3QQARAo (camila raspando a cabeça)
http://www.youtube.com/watch?v=3j7FwiRPabk&feature=related (fotos reais utilizadas na abertura)
http://www.youtube.com/watch?v=vbZt6l1nOZ8 (tiroteiro, morte de Fernanda)
Proposta Temática - Leonardo Cerqueira
Neste trabalho procurarei agregar os aprendizados de sala de aula, as conclusões de nossos debates, reflexões conseqüentes das leituras e experiências pessoais, a fim de bem elaborar um texto que possa abordar grande parte daquilo por nós já trabalhado. Optei por dividir este trabalho em dois capítulos, pois dois foram os temas escolhidos por mim para falar sobre. Apresento-lhes por aqui a proposta de elaboração e desenvolvimento destes:
Capítulo 1: A corrida para a Casa Branca, com uma parada no barbershop e um ajuste no photoshop.
Dando maior enfoque ao caso Obama vs. McCain, farei uma releitura das disputas presidenciais norte-americanas entre 1960 e 2008 que tiverem como fator influenciador a imagem dos candidatos, a fabricação de figuras políticas, a super-humanização dos mesmos, a estetização através dos recursos midiáticos, o debate como showtime etc.
Bibliografia base:
GABLER, Neal. Vida, o filme: Como o entretenimento conquistou a realidade
(capítulos 3 e 4). São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
Jornal O Globo e Globo.com, série especial Eleições nos EUA.
Capítulo 2: Olhos arregalados, suspiros e arrepios.
Neste capítulo falarei sobre a já antiga prática de utilização do corpo humano como objeto de exposição. A começar pelo Necrotério de Paris do fim-de-século XIX, passando pelos museus de cera Madame Tussaud´s e Grévin, até a maior novidade no ramo, a exposição “Corpo Humano: Real e Fascinante” que está em exposição no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.
Bibliografia base:
ECO, Umberto. Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984
SCHWARTZ, Vanessa. “O espectador cinematográfico antes do aparato do cinema: o gosto pela realidade na Paris fim-de-século”. In: CHARNEY, Leo; SCHWARTZ, Vanessa (orgs). O cinema e a invençao da vida moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2004
Proposta Temática - Alvaro Lutterback
"Passar a câmera para os detentos".
Foi esta frase que me chamou a atenção e me fez escolher o documentário de Paulo Sacramento como objeto do trabalho final na disciplina Programas de Realidade. Depois de um curso ministrado para um grupo de detentos, o cineasta libera várias câmeras para que eles possam captar a realidade do Carandiru.
A invasão das câmeras na intimidade de cada canto do complexo penitenciário, o olho aberto das lentes em diversos ângulos da realidade crua e o improviso em se captar tudo sem um roteiro nas mãos.
Depois de ler um artigo sobre o filme pude constatar que aqueles 70 minutos poderiam estar em qualquer aula da disciplina. Li outras resenhas e comentários e resolvi locar o DVD. O filme é muito bom.
O filme começa com as cenas da implosão do Carandiru, que criam uma nuvem de poeira, de pó, de restos. Está é a única nuvem do filme.
". A câmera "imparcial" do documentarista só poderia ir até um certo ponto, assim como sua capacidade de se relacionar com aquele ambiente, em parte por motivos práticos, e em grande parte pelo excesso de clichês já criados no jornalismo e na ficção sobre a representação deste espaço. Ao passar a câmera para os detentos, Sacramento assume suas impossibilidades. "
O PRISIONEIRO DA GRADE DE FERRO (AUTOS-RETRATOS)
O Prisioneiro da Grade de Ferro, Brasil, 2003.
Direção e Roteiro: Paulo Sacramento.
Fotografia: Aloysio Raulino.
Montagem: Idê Lacreta e Paulo Sacramento.
Produção: Gustavo Steinberg e Paulo Sacramento.
Proposta Temática - Clarissa Paulo Barreira
A marca em questão apresenta ainda outras propagandas que são vistas como diferenciadas porque valorizam a mulher real, que nem sempre se encaixa nos padrões estéticos de uma modelo. Este seria uma outra abordagem do real para a temática, trabalhando a busca da identificação de suas consumidoras.
Proposta Temática - Daniel Lanhas
Apresentação do tema para o trabalho final da disciplina Programação de Realidade.
Tema: O real como ingrediente principal de uma diversão aterrorizante.
As pupilas dilatam, os pêlos arrepiam, o coração dispara e a respira acelera. O estômago contrai, sentimos aquele “friozinho” na barriga que nos consome por momentos aparentemente eternos. Após tanta adrenalina e muito terror, essa tensão acaba e somos confortados por um imenso alívio.
O medo, sempre presente na sociedade, não é o mesmo. Com o tempo ele foi se transformando. E o que era assustador ontem, pode ter seu efeito questionado hoje. Numa mistura aterrorizante, que busca sempre amedrontar as pessoas, o ingrediente do real se torna o elemento principal para provocar esta sensação na atualidade.
Dos “trens fantasma” de antigos parques de diversão às “Noites do terror” do Playcenter é possível destacar a evolução da produção do medo. Com bonecos cada vez mais próximos de pessoas reais e de atores muito bem caricaturados, embarcamos num mundo macabro de deixar o cabelo
Assim como a evolução tecnológica dos parques, que proporcionou uma maior veracidade daquilo mostrado, o cinema também se beneficiou da técnica para dar mais credibilidade ao seu produto. Efeitos especiais mais sofisticados são responsáveis por fazer o público gritar e tremer de medo. No entanto, não é só do choque visual, com cenas muita das vezes indigestas, que se faz terror nos filmes. A maldição é em muitos casos o responsável por elevar essas produções a categoria de assustador e sombrio.
Mais aterrorizantes que bonecos perfeitos ou historinhas de terror, são corpos reais destroçados. Apesar de mórbido, este é o atrativo de muitos filmes e principalmente de sites na internet. Analisando o mais famoso deles, o assustador.com, é possível ver o ápice da utilização do ingrediente “real”. Que além de imagens chocantes de acidentes, também traz fotos sobrenaturais, aterrorizando por completo os seus visitantes.
Proposta Temática - Sayd Mansur
O presente trabalho se define por uma visão crítica ao realismo estético presentes nas novas mídias e nos meios de comunicação tradicionais, apoiados numa concepção de “realismo” como uma aproximação legítima da realidade apreendida.
Levando em conta que toda representação é um mecanismo de processamento e re-apresentação de uma realidade fragmentária e contraditória, compreendemos que o “realismo” nada mais é do que uma convenção de códigos agenciados a todo momento em que se tenciona obter autoridade e legitimidade sobre um dado tema a ser digerido por um público qualquer.
Apoiando-se no trabalho de Beatriz Jaguaribe sobre o “Efeito do Real”, obtido através dos tempos com o refinamento das estéticas realistas, chegamos à conclusão que estas estéticas nada mais são do que convenções que se naturalizaram (nos noticiários, nos romances e no cinema) na intenção de garantir ao público/espectador/leitor uma imersão no universo representado.
Num momento de crescente demanda pela “realidade”, este problema se explica em parte quando observamos ser esta uma característica comum às sociedades da Modernidade tardia, onde está presente uma supervalorização do imaginário cultural que aliado à intensas transformações ao longo do séc. XX, tem agenciado a vida cotidiana e o imaginário coletivo ao apelo capitalista pelo chocante, pelo efêmero e pelo novo, ocasionando um espetacularização da sociedade já anunciada por Guy Debord em sua “Sociedade do Espetáculo”.
A intenção de representar o mundo material de forma mais fiel possível, traz consigo o ideal de mimese como meio mais fiel de representação da realidade, baseada num processo de assimilação por semelhança. Este ideal contraria que para se atingir esta ilusão mimética obedece-se aos mais diversos códigos de verossimilhança que culturalmente engendrados (Jaguaribe). Segundo Terry Eagleton: “Realismo artítico, portanto, não pode significar ‘representar o mundo tal qual é, mas sim representá-lo d acordo com as convenções de representação do mundo-real.
O ideal máximo de verossimilhança que mascara seu processo de representação é encontrado no cinema desde sua origem na formulação de uma linguagem ilusionista (clássico-narrativa) que se autoriza a encobrir todos os vestígios de articulação narrativa. Citando Frus, realismo “não é o que nos dá uma documentação factual ou completa mas o que produz uma ilusão de mundo que reconhecemos como real.”
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Ilana Feldman - O Apelo Realista
Currículo
Ilana Feldman é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo e mestre em Comunicação e Imagem pela Universidade Federal Fluminense, universidade pela qual se graduou em Cinema. É co-editora da publicação “Estéticas da Biopolítica - audiovisual, política e novas tecnologias”, redatora da revista eletrônica Cinética e colaboradora da revista eletrônica Trópico. Como realizadora, dirigiu com Cléber Eduardo o filme “Almas Passantes – um percurso com João do Rio e Charles Baudelaire”, premiado pelo Edital da Riofilme para curta-metragem, e, com Guilherme Coelho, o documentário “Se tu fores”, contemplado pelo prêmio Itaú Cultural para Novos Realizadores. Atualmente, prepara o curta-metragem “Rosa e Benjamin”, ganhador do Edital para a Co-produção de Curtas-metragens da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Artigo: http://www.compos.org.br/data/biblioteca_359.pdf
Ensaio: http://www.revistacinetica.com.br/cep/ilana_feldman.htm