Dia 5 de agosto de 2010; um dia aparentemente como outro qualquer não fosse um acidente que viria a marcar a história.
No Chile, 33 mineiros ficam presos após serem soterrados em decorrência de um acidente numa mina de cobre onde trabalhavam.
Tal acidente ganhou notoriedade na mídia que por sua vez acompanhou os 69 dias de intensa angústia tanto para os presos quanto para os telespectadores.
O resgate, por sua vez, aconteceu no dia 13 de outubro, e fora visto e comentado por todo o planeta em tempo real graças à uma cobertura feita por satélite.
Após terem sido resgatados, os mineiros ficaram ainda mais sob os holofotes mundiais. Suas histórias particulares tornaram-se tema de jornais e revistas; empresas premiaram os vitimados com seus produtos ( como a Apple que ofereceu Ipods para todos); ídolos do futebol mandaram camisas, ofereceram visitas do grupo aos maiores e mais importantes estádios; empresas de turismo ofertaram viagens ( incluindo um cruzeiro pelas Ilhas Gregas); além de os mineiros chilenos terem caído nas graças dos programas de TV.
Com tudo isso, os tais chilenos tornaram-se celebridades, famosos aos olhos do mundo, e suas vidas foram maciçamente espetacularizadas.
Guy Debord sugere em seu livro “A sociedade do Espetáculo”, que seja difícil identificar de onde provém a espetacularização. É difícil definir até que ponto a espetacularização do eu é desejada ou é a resposta a um estímulo social; trata-se de uma difícil tarefa identificar onde começa e onde termina o desejo pessoal e a pressão social.
Para Debord, a sociedade Ocidental estaria se convertendo em um novo estágio do capitalismo, que seria justamente a dita sociedade do espetáculo. Nesta idéia de sociedade o real e a ficção seriam imbricados de forma tal que não saberíamos mais distinguí-las; nossa vida passa a ser encarada como um espetáculo em geral, onde não se identifica os fios tênues que definem o que seria verdade ou mentira, realidade ou invenção... o espetáculo é o todo geral.
Debord afirma que a sociedade do espetáculo é a sociedade da aparência, do parecer e do aparecer. No caso dos mineiros, o fato de aparecerem na mídia como sobreviventes de um dito “milagre” os fez parecerem de fato um milagre, um indício de que o que parece impossível pode de fato acontecer.
Percebido esta idéia, Hollywood se interessou pela história dos mineiros chilenos que, ao que tudo indica, terão seu fatídico episódio de vida representado nas telonas de cinema sob orientação da produtora do super astro Brad Pitt.
Como pôde notar-se, ao que parece, o caso dos mineiros chilenos ainda permanecerá um tempo sob os holofotes desta sociedade do espetáculo em que vivemos.
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Um comentário:
O fato de divulgarem as imagens da câmera que foi instalada para auxiliar os mineiro torna esse acontecimento parte de mais um entreterimento, umas espécie de reality show...
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