domingo, 24 de maio de 2009

No time das celebridades

Valor Econômico - 12/09/2008 - por Marta Barcellos
Em 1926, um jovem alemão, radicado no México, publicava o seu primeiro livro disposto a jamais dar um autógrafo ou sequer revelar sua identidade. O pseudônimo era usado com alguma freqüência naqueles tempos, mas o enigmático escritor abusou: sob a alcunha de B. Traven construiu uma obra de prestígio, com mais de uma dezena de títulos, teve um de seus romances - O tesouro de Sierra Madre - filmado por John Huston e conseguiu manter-se no mais absoluto anonimato por toda a vida. Nos dias atuais, isso seria impossível. Qualquer editor ou agente literário com um pé na realidade do mercado iria dissuadir um candidato a B. Traven de seguir o caminho da reclusão ou do anonimato. Escritor hoje é estrela. Em entrevistas, é instado a falar sobre os traços autobiográficos de sua obra e dar opinião sobre assuntos variados. Quando chega à lista dos mais vendidos, surgem os convites para conferências e as fofocas sobre a disputa do passe pelas editoras. Carisma, especialmente em eventos literários, é considerado importante.
Veículo: Valor Econômico
Data de publicação: 12/09/2008
Link para material: http://tinyurl.com/3ovt46

Um comentário:

Monitor Sibilia disse...

Lembrei que na ditadura no Brasil, alguns autores e compositores se utilizavam dos pseudônimos para publicar suas obras, se manter no anonimato era importante para que estas não fossem censuradas. Mesmo assim "vendiam", pela qualidade do "produto". Talvez no time de celebridades apontado por Marta Barcellos, seja mais importante o status de celebridade do autor, que deve ser explorado, do que o conteúdo propriamente dito.
Viviane